bobbie 29/08/2021
Uma delícia.
Só com genialidade alguém poderia partir de uma ideia simples e escrever um livro tão envolvente e denso. Quem disse isso? Eu. Saramago parte da premissa simples de uma trama sobre um professor de história de 38 anos que vê um filme com um ator que é idêntico a ele, e consegue escrever um livro que te prende, que tem conteúdo e que surpreende com um final que tem não apenas um, mas dois plot twists. Assim é O homem duplicado. A história é essa mesmo: Tertuliano Máximo Afonso - alguém com um nome tão único, tão singular - tem 38 anos, é professor de história, divorciado, vive sozinho e anda melancólico e depressivo. Até que um colega professor, com a intenção de sugerir uma distração para Tertuliano, o recomenda um filme de comédia, despretensioso, raso, descartável. Tertuliano aceita a dica, aluga e vê o filme, e sua vida vira de cabeça para baixo quando ele percebe que um dos atores secundários (cujo nome nem aparece nos créditos ligado ao personagem), é seu duplo, alguém idêntico a ele, tanto no físico como na voz. O protagonista faz do objetivo de sua vida rastrear e encontrar aquele ator, que ele sequer sabe o nome. E você, o que faria se descobrisse que sua genética não é única e exclusiva, que existe outro 100% idêntico a você andando, respirando e vivendo por aí? Seria capaz de seguir a vida tranquilamente, aceitando o fato como uma simples coincidência, ou se deixaria abalar profundamente pela ideia de que o destino lhe pregou uma peça?