O ano da morte de Ricardo Reis

O ano da morte de Ricardo Reis José Saramago




Resenhas - O Ano da Morte de Ricardo Reis


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Toni 28/09/2010

Princípio e fim
Era um homem que sabia idiomas e fazia versos. Era português, chamava-se Fernando e a muitos tal parecerá bastante. Ignoram os mesmos muitos que uno ninguém jamais será, salvo talvez se uno houver vivido toda sua existência—fato, sabemo-lo, bastante improvável. Muitos somos todos, por mais que nos custe acreditar ou se ignore que é no outro, a partir do outro, do olhar, do gesto e da voz do outro, que aos poucos juntamos os pedaços que nos multiplicam e nos fazem, apenas aparentemente, um.

E foi em semelhante processo, esse de multiplicação humana, que se especializou o supracitado Fernando, que sabia idiomas e fazia versos. Um dia, mirando o espelho, surpreendeu-o uma figura de cada rapada, puxado a moreno, que lhe disse, Chamo-me Ricardo Reis. Este outro, poeta também, médico por profissão, interessa-nos particularmente, por ter sido o protagonista escolhido por outro português para biografar-lhe a diáfana existência, tornada real na Poesia pelo Fernando, e por um José na Ficção.

Real digo, no sentido vernáculo de ontologicamente verdadeiro, pois é isto que faz Saramago em sua ficção. Tomando emprestadas as palavras de José J. Veiga, o que Saramago consegue com suas narrativas é exatamente "fazer o que fez Homero antes dele, isto é, escrever histórias aparentemente reais mas inventadas com tanta competência que depois de lidas passam a ser reais e a fazer parte da longa e sofrida experiência humana.”

'O ano da morte de Ricardo Reis' é mais uma prova de sua ampla capacidade imaginativa e engenho literário: primeiro porque, em se tratando de heterônimos do Fernando Pessoa, a escolha foi mais que acertada. Aquele, escritor do verso "Sábio é o que se contenta com o espetáculo de mundo", não poderia ser melhor protagonista das transformações sofridas no mundo entre guerras, o que justifica a pouca intervenção que Ricardo, imaginado real possui na história verdadeira. Segundo, pois, caminhando mais uma vez sobre a linha fronteiriça entre literatura e história, o autor nos traz o angustiante retrato de um estóico frente a irrefreáveis mudanças políticas, culturais e ideológicas. Por fim, o trabalho com a linguagem segue à risca as metafísicas preocupações, os labirínticos questionamentos daquele Fernando que, uma vez morto, não sabe mais idiomas ou escreve versos, mas caminha pelo mundo na sombra do que lembra, com a consciência e a autoridade daquele que tudo julga, a si mesmo e à vida.
Walkí­ria Silva 20/10/2017minha estante
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Gláucia 10/07/2010

Não é dos melhores
Já li quase a obra toda desse magnífico autor e este livro, entre todos, foi o que menos me prendeu a atenção. Talvez valha a pena uma releitura.
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Cabelo 27/04/2010

O Ricardo Reis de Saramago
O livro O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, José Saramago, 1985, é uma das mais belas criações deste autor. Claro que é chover no molhado dizer isso de um escritor que recebeu o Prêmio Nobel, mas esta não é uma das obras mais lidas do autor e sem dúvidas também não é das mais fáceis para quem não conhece um pouco da história de Portugal, sua história literária e também um pouco da obra de Fernando Pessoa.



Ricardo Reis é apenas um dentre os vários heterônimos criado pelo poeta Fernando Pessoa e, só para atiçar a vontade de ler, o romance começa com a morte de Pessoa e Ricardo Reis voltando a Portugal para o velório do amigo. Ou seja, toda a inventividade do escritor parte de uma pessoa que não existe, de uma vida que não é, pelo menos após a morte de seu criador. Além disso, nesse Portugal fantástico do ano de 1936 sob a ditadura salazarista, logo após a morte de Fernando Pessoa, este continuará aparecendo em espiríto ao Ricardo Reis de Saramago. E, como o próprio título do livro já anuncia, o autor mostrará como a morte é um processo gradual.



O romance é genial e faria Bakhtin ter um exemplo da mais real polifonia, afinal, Saramago transporta a heteronimia pessoana para sua narrativa polifônica, além de criar Fernando Pessoa fantasma e recriar um poeta Ricardo Reis.



Entre outras características que tornam este livro especial, está o fato de que em muitos momentos o leitor lê os jornais da época - bagagem de Saramago que começara como jornalista - pois Ricardo Reis busca nos jornais entender o que ocorre em Portugal e no mundo. No entanto, o narrador mostra que os jornais censurados não trazem informações sobre a realidade. Disso chegamos a outra característica de Saramago sempre presente em suas obras, a ideologia. Ele sempre foi adepto do partido comunista e contrário ao regime de Salazar.



Por fim, como quase todos falam tanto de ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, ainda mais depois do filme, vai a dica de um romance bem diferente e interessante.

http://literaturacotidiana.com.br/?p=753
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Bell_016 03/08/2009

-Boa noite, Fernando.
-Adeus, Ricardo.

Era assim mesmo que estava escrito? Só ao final entendi a importância de cada palavra, como a escolha delas é importante para transmitir o que pensamos, por isso essas duas frases ficaram gravadas na minha cabeça. Faz tempo que li este livro, queria ter a oportunidade de reler, foi o segundo do Saramago que li e serviu para desejar, mais ainda, ler todas as obras desse português.
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Duda Girard 04/05/2009

Exelente
Saramago nos contempla com sua genialidade.
Um livro que além de ter uma história que nos prende, é muito bem esccrito, formulado com toda uma história muito bem encaixada.
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Déa Paulino 16/04/2009

Tinha um pouco de medo de O Ano da Morte de Ricardo Reis porque, na época em que o li, não conhecia muito sobre os heterônimos do Fernando Pessoa. Fui surpreendida por um romance deliciosamente bem escrito, como são todos os do Saramago, que independe do prévio conhecimento da vida e da obra do Pessoa para que seja compreendido.
Além de tratar de uma terna história de amor, dos tormentos de um poeta apaixonado condenado à eternidade imaterial, e das delicadezas das relações humanas, O Ano da Morte de Ricardo Reis é um passeio repleto de imagens, aromas e cores por Lisboa e parte da sua História. É uma bela homenagem a Fernando Pessoa (ou Ricardo Reis), também. O livro torna o heterônimo ainda mais apaixonante e, como todos os bons livros, multiplica-se - acaba por direcionar-nos, inevitavelmente, a outros livros, do (e sobre o) autor homenageado.
Saramago foi generoso, como só os melhores sabem ser.
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musa 25/03/2009

ESSE LI VRO É MUITO ESPONTÂNIO MUITO BOM!
É MARAVILHOSO LER UMA OBRA DE UM AUTOR QUE É NOTA MIL!A GENTE TENHE TANTA COISA PRA FALAR.É DEMAIS MUITO BOM!
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RAVAGNANI 01/03/2009

Um dos melhores....
"...a solidão, a mais desgraçada maneira de viver"(pg235)! "A palavra foi dada ao homem para disfarçar o pensamento!"(pg217) "De todo tempo, o mais rápido é o da paixão"(pg166).

Frases encontradas neste livro, de muito conteúdo e valor. Recomendo a leitura.
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