A Carne

A Carne Júlio Ribeiro




Resenhas - A Carne


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Leila de Carvalho e Gonçalves 23/10/2017

Páginas Rasgadas
De autoria de Julio Ribeiro (1845-1890), "A Carne" é um romance naturalista, publicado em 1888, que escandalizou a sociedade e atraiu a ira da igreja, ao apresentar temas até então ignorados pela nossa literatura, como a independência da mulher, divórcio e o amor livre.

Polêmico e alvo de muita curiosidade, o livro esteve entre os mais vendidos durante décadas. Era comum ser comprado em segredo, muitas jovens foram impedidas de ler ou, quando obtinham permissão, as páginas consideradas impróprias tinham sido rasgadas. No entanto, a pátina do tempo fez com que sua obscenidade perdesse o viço, revelando uma drástica transformação de comportamento em pouco mais de um século.

Sua história narra a desenfreada paixão entre Helena Matoso ou Lenita, uma jovem instruída, amante da leitura, e Manuel Barbosa, um engenheiro mais velho e experiente que está separado da esposa há muitos anos. Considerado imoral, esse relacionamento culmina com um trágico desfecho.

A crítica jamais foi pródiga em elogios para o romance. Álvaro Lins afirma de que ele não passa de "uma mediocridade intelectual" e Nelson Werneck Sodré conclui que "marginal nas letras, "A Carne" não resiste à menor análise, seja de forma, seja de conteúdo". Na contramão, Manuel Bandeira foi um dos poucos a tecer elogios, no caso, por sua "posição didática e combativa".

Em linhas gerais, Júlio Ribeiro pretendia tecer uma contundente crítica ao atraso da sociedade brasileira no ostracismo do Império. Para tanto, criou uma protagonista de vanguarda que incomodaria os leitores por sua independência financeira, intelectual e sexual, inclusive, dando margem para abordar o sadismo, a ninfomania e perversões. Para tanto, a estrutura da obra teria como grande trunfo o "histerismo" da jovem, contudo, a opção por um desfecho que contraria o diagnóstico e a extrema erudição, que cria um clima artificial e destrói o romantismo ente os amantes, fizeram com com que a "celebração da carne ganhasse primazia sobre o questionamento dos valores burgueses".

Apesar do problema, para quem pretende conhecer o Naturalismo na literatura brasileira, essa é uma boa sugestão, inclusive, é frequente selecionado para leitura obrigatória em vestibulares.

Nota: "A despeito de ser extremamente popular, na atualidade, o termo ?histeria? não é mais utilizado e deve ser enfaticamente evitado. Isso se deve a vários fatores:
* Ele provoca confusão de diagnóstico. Não está bem definido o que significa.
* Também provoca preconceito e estigma, pois pode ser visto como fingimento dos pacientes, o que não é verdade.
* Existem várias formas mais precisas de classificar os fenômenos ditos histéricos." (Wikipedia)
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Leila de Carvalho e Gonçalves 23/10/2017

Páginas Rasgadas
De autoria de Julio Ribeiro (1845-1890), "A Carne" é um romance naturalista, publicado em 1888, que escandalizou a sociedade e atraiu a ira da igreja, ao apresentar temas até então ignorados pela nossa literatura, como a independência da mulher, divórcio e o amor livre.

Polêmico e alvo de muita curiosidade, o livro esteve entre os mais vendidos durante décadas. Era comum ser comprado em segredo, muitas jovens foram impedidas de ler ou, quando obtinham permissão, as páginas consideradas impróprias haviam sido rasgadas. No entanto, a patina do tempo fez com que sua obscenidade perdesse o viço, revelando uma drástica transformação comportamental em pouco mais de um século.

Sua história narra a desenfreada paixão entre Helena Matoso ou Lenita, uma jovem instruída, amante da leitura, e Manuel Barbosa, um engenheiro mais velho e experiente que está separado da esposa há muitos anos. Considerado imoral, esse relacionamento culmina com um trágico desfecho.

A crítica jamais foi pródiga em elogios para o romance. Álvaro Lins afirma de que ele não passa de "uma mediocridade intelectual" e Nelson Werneck Sodré conclui que "marginal nas letras, "A Carne" não resiste à menor análise, seja de forma, seja de conteúdo". Na contramão, Manuel Bandeira foi um dos poucos a tecer elogios, no caso, por sua "posição didática e combativa".

Em linhas gerais, Júlio Ribeiro pretendia tecer uma contundente crítica ao atraso da sociedade brasileira no ostracismo do Império. Para tanto, criou uma protagonista de vanguarda que incomodaria os leitores por sua independência financeira, intelectual e sexual, inclusive, dando margem para abordar o sadismo, a ninfomania e perversões. Para tanto, a estrutura da obra teria como grande trunfo o "histerismo" da jovem, contudo, a opção por um desfecho que contraria o diagnóstico e a extrema erudição, que cria um clima artificial e destrói o romantismo ente os amantes, fez com com que a "celebração da carne ganhasse primazia sobre o questionamento dos valores burgueses".

Apesar do problema, para quem pretende conhecer o Naturalismo na literatura brasileira, essa é uma boa sugestão, inclusive, leitura obrigatória em muitos vestibulares.

Finalmente, transcrevo a opinião do poeta Ronald de Carvalho sobre o livro. Sem exageros e bastante equilibrada, merece atenção: ""A Carne" é um livro de exaltação, um hino dionisíaco ao prazer, ao gosto relativista, ao aproveitamento do momento que passa. Apesar do processo zolista, evidente que no arranjo das cenas, no exagero das paixões, na brutalidade das criaturas, e, até, num certo propósito de confundir o leitor ingênuo; apesar da grosseria da palavra e do gesto, notadamente violentos e estranhos, ásperos e pesados, há nele, uma poesia instintiva, um penetrante perfume de selva exuberante e selvagem. É uma obra comprometida pelo tom geral e escandaloso e atrevido, mas onde, não se pode negar, sobressaem muitas qualidades apreciáveis e um forte lirismo."

Nota: "A despeito de ser extremamente popular, na atualidade, o termo "histeria" não é mais utilizado e deve ser enfaticamente evitado. Isso se deve a vários fatores: 1. O termo provoca confusão diagnóstica. Não está bem definido o que ele significa. 2. O termo provoca preconceito e estigma e é visto como fingimento dos pacientes, o que não é verdade. 3. Existem várias formas mais precisas de classificar os fenômenos ditos histéricos." (Wikipedia)
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Felipe.Oliveira 26/03/2017

A carne chama
A nossa personagem independente e muito inteligente Lenita, tem sua vida revirada, pela tristeza relacionada a morte do pai, além disso se vê presa pelo seu desejo sexual muito aflorado e dessa forma se torna refém dessa vontade, no entanto um homem mais velho entra em sua vida se tornando objeto de seu desejo, todavia a própria negação de seu desejo torna o homem antagonista da personagem, fazendo o amor ser muito mais intelectual, mas quando há uma compatibilidade tão grande, o desejo dos corpos pode ser algo mais simples do que se aparenta.
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Eric 18/09/2016

O Naturalismo sempre buscou mostrar o lado insalubre das sociedades por meio de diversas degradações da moral humana. O sexo e a violência são marcas fundamentais que predominam em diversas obras dessa fase, tais como: O Cortiço e a própria A Carne. Permeado de denúncias às hipocrisias da burguesia brasileira, a obra de Júlio Ribeiro não poupa romantismos em sua narrativa, retratando as tentações mundanas do homem como fator inseparável da sua carne e coloca em discussão os limites do sexo em frente às convenções sociais tão glorificada como a família e a igreja.

Após perder o pai, Lenita vai morar na fazenda de um coronel muito próximo. Enclausurada, afogada em literatura e conversas tediosas com o patriarca da casa, a moça passa a tentar sobreviver ao tédio. O tempo corre e uma estranha indisposição toma conta de seus dias, depois de tanta investigações, descobre que sua necessidade era de um homem, o qual iria saciar seus desejos sexuais. A ausência do sexo masculino faz com que Lenita crie prazeres mórbidos como as torturas de animais e de escravos. Todavia, o filho do coronel volta de uma viagem, homem divorciado e dono de um físico atraente e maduro, encanta Lenita e juntos passam a viver um secreto caso de amor e sexo, o qual abordará temas como o amor livre e o novo papel da mulher na sociedade.

A obra naturalista traz diversas críticas a burguesia, Julio Ribeiro usa a imagem da mulher independente para combater o ideal de mulher do seu tempo: a esposa, mãe e educadora dentro dos âmbitos familiares. Além disso, o autor traz uma grande crítica sobre como o sexo não passa de uma simples necessidade orgânica de todos os seres, ao retratar uma Lenita que gosta de transar para sanciar as tentações da carne, o autor acaba quebrando com o ideal de máquina de procriar e submissão da mulher em relação ao homem.

Por outro lado, uma característica importante dos naturalista é a zoomorfização do ser humano e isso esta muito bem encaixada na história. Júlio Ribeiro coloca a moral do homem ao mesmo patamar dos animais irracionais. Mais claramente , quando Lenita começa a refletir sobre suas tentações, o autor sempre vai referir aos sexos como fêmea e macho e aos desejos dela provenientes do cio, dessa forma, a narrativa propõe que homem é um ser animalesco, que vai agir de acordo com seus interesses, não observando o que tem ao seu redor.

O caráter abolicionista do autor também está bem explícito, ao ser denfensor do republicanismo, Júlio denúncia os sistema escravata da seu tempo. Além de posicionar os escravos como verdadeiros bichos, o autor ainda retrata as torturas que eles sofriam nas diversas fazendas.

Apesar de tantos pontos positivos, A Carne tem seus lados negativos. O romance curto foi mal desenvolvido na historia em si, o autor trouxe divagações, por vezes repetitivas, de Lenita, as quais já estava óbvio para o leitor. Além disso, existe dois momentos do livro que são bem enrolados e chatos demais que poderiam muito bem ser excluídos ou substituídos por algo que enriqueceria melhor a narrativa, isso fez com que a leitura travasse e não trouxe novidades alguma.

Enfim, apesar desses pequenos problemas, A Carne vale a pena ser lido, um livro bem interessante dos clássicos nacionais, o qual traz críticas tão atuais como eram no século XIX.
Samara 14/02/2017minha estante
Adorei sua resenha, bem esclarecedora




Silvia.Leticia 13/08/2016

O naturalismo é o que há....
Tudo o que tem a ver com o realismo me fascina. Neste livro, em específico, há algumas descrições que me deram arrepios, de tantos detalhes marcantes.
O único momento que eu achei monótono foi quando Barbora envia uma carta à Lenita com demasiada descrição territorial, e assim ela também o fez mais para o final. No entanto, o enredo, o conflito é inesperado, já imaginei um filme em minha cabeça.
Só fiquei com dúvidas com relação a uma coisa: Por que Barbora ficou tão arrebatado pela notícia de que Lenita havia partido e com a carta que ele recebeu dela se, aparentemente, ele também não a amava, só tinha por ela desejos carnais?
Adoro quando uma leitura me deixa com essas dúvidas. Recomendadíssimo.
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Lily 07/07/2016

A Carne Arde nas Veias
Era para ser mais um clássico remontando a história local que construiu o Brasil de hoje... Deparo-me com uma mente revolucionária e visionária para época. Tirando as listagens e o desenvolvimento curto e seco da obra, ela é pura surpresa e agonia carnal e psicológica. Lenita não bate bem para mim, mas será que algum de nós bate? Marca da mulher forte que quebrou tabus patriarcais tão mais fortes que atualmente no passado.
A CARNE controla os homens até certo ponto. Verdade. É fisiológico, natural, voraz, mas é ardente como veneno que deixa cicatrizes na mente e, sem dúvidas, na alma.
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santanalidiane 06/05/2016

Uma pedra no sapato da sociedade hipócrita e conservadora!!!
Publicado em 1888, o romance naturalista “A carne” dividiu opiniões e foi alvo de grande polêmica. Dedicada à Émile Zola, a obra é uma síntese de todas as características da escola naturalista: a linguagem é direta e objetiva e, em alguns pontos, marcada pelo cientificismo; as descrições, sobretudo da natureza, são minuciosas; o homem é estudado e exposto através de seus aspectos biológicos e fisiológicos, bem como sob uma visão determinista – nesse caso, instintos como a libido sexual, fator que dita as ações dos protagonistas; patologias físicas e psicológicas também são exploradas. Todas essas particularidades culminam no zoomorfismo, que atribui às personagens atitudes típicas de animais: “E ela queria Barbosa, desejava Barbosa, gania por Barbosa.” – na utilização do verbo “ganir” percebe-se a animalização da espécie humana.
Contrariando todas as convenções sociais de seu tempo, Júlio Ribeiro ousa ao apresentar ao público uma protagonista independente, que se declara e se entrega a um homem não pelo amor romântico, mas mordida pelo aguilhão do desejo. Diferente das heroínas típicas dos romances burgueses, virgens intocáveis, castas e submissas, Lenita é decidida, voluntariosa e sensual. Poucas vezes na literatura, a sexualidade, sobretudo a sexualidade feminina (até então ignorada ou omitida), foi abordada de forma tão explícita. Ideias sobre o divórcio e o amor livre são abertamente discutidas pelo autor, que questiona uma das mais antigas instituições: o casamento.
Tais abordagens incitaram a grande repercussão do romance que tanto fascinou quanto incomodou. O núcleo intelectual da época era constituído por escritores liberais, mas também por mentes conservadoras que se escandalizaram com a obra. Entre estes, o mais exaltado foi o padre Sena Freitas, que escreveu um artigo intitulado “A carniça” no qual desancou o texto de Júlio Ribeiro descrevendo-o como “[...] naturalista e indecente como a maior parte dos de Zola”, algo que atentava contra a moral e ultrapassava os limites da tolerância. Também julgou o enredo e a personagem inverossímeis e incoerentes, criticando o sobrepujante erotismo da obra.
Júlio Ribeiro rebateu a crítica publicando uma série de artigos que intitulou “O urubu Sena Freitas”. Os textos frutos do embate entre os dois escritores foram compilados originando o livro “Uma polêmica célebre”, publicado em 1934. Porém, em meio a toda essa celeuma, nem todos reprovaram a obra do escritor mineiro: meio século depois da publicação de “A carne”, enquanto Álvaro Lins o excluía da literatura brasileira, Manuel Bandeira reconheceu o romance como um dos melhores exemplos no naturalismo.
O fato é que, apesar de conter alguns excessos em seu discurso científico ou trechos repletos de apreciações geográficas e dados sob fauna e flora – como nas enfadonhas cartas trocadas entre os protagonistas – é inegável o valor desse romance cujo autor deveria figurar ao lado de Aluísio Azevedo como um dos grandes romancistas do naturalismo. No entanto, nos livros de crítica literária, pouco se aborda sobre a obra de Júlio Ribeiro. De certo, foi por conta da hipocrisia e do puritanismo de uma sociedade retrógrada que ele foi injustamente “excomungado” do âmbito literário. Cabe aos leitores que se dispam de julgamentos morais ao ler e analisar esta obra. Só assim, este grande autor terá o lugar mais do que merecido na literatura brasileira.

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Diéssy 27/11/2015

Muita expectativa, pouco proveito!
Esperava muito do livro! Foi meio decepcionante... Mas de toda a forma é uma boa leitura. Pesada em função de quando escrita.
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Carina 10/03/2015

Racional x Animal
É um livro em que existe o estudo, a sua valorização. Porém, na verdade, todo esse racionalismo quando entra em cena a vontade do corpo, perde todo seu significado e as pessoas entram de cabeça em suas satisfações efêmeras, e depois tentando ser racionais percebem a ausência de um sentimento puro. E mais uma vez tomam atitudes no calor dos acontecimentos acreditando ser a saída racional, correm na irracionalidade.
20/06/2016minha estante
Relata-se, por meio de uma leitura bastante coloquial, naturalista e simples em proporções físicas, o romance avassalador de Manuel Barbosa, homem maduro e culto e Lenita, moça de 22 anos, inteligente e muito bonita. Haja vista o período em que o romance foi escrito, 1888, aborda temas como o divórcio, a escravidão, o novo papel da mulher (passiva x ativa).
Para Moisés (1928) a literatura fornece um tipo singular de experiência que trabalha imaginação, que produz formas de vida possível e diferente da nossa; enriquecendo a maneira de ver e analisar a realidade, uma vez que a literatura, de certa forma nos ensina caminhos de maneira brilhante, possibilitando uma forma de conhecer melhor ao mundo e aos homens, nos permite entender que a literatura liberta, das amarras sociais, políticas e econômicas. Assim, serve como instrumento de cunho político, moral, social e econômico. Ela nos desperta até nas coisas que estão mais escondidas, quebra paradigmas, tabus, por isso, é incômoda, por fazer enxergar o que comumente negligenciamos. Sendo assim, ao escrever a obra, Ribeiro choca a sociedade ?perfeita? e ?presa a padrões? mostrando a hipocrisia da mesma; explicita o desejo sexual de Lenita que ao contrário das outras moças da época, não idealiza o amor e tinha repulsão ao casamento; considerava uma instituição sociológica, hipócrita que se prendia a padrões em nome da boa aparência social.
Lenita era rodeada de pretendente, mas nunca quis casar-se. Quando Lenita teve vontade de satisfazer sua carne, suas paixões, sua natureza humana; sempre deixou claro que não queria casar pelas consequências do casamento, como por exemplo, a responsabilidade de cuidar de outras pessoas que dependam dela, ?filhos?. Ela compreendia que o casamento era uma necessidade fisiológica. Ribeiro assim como Freud (2011) critica as instituições sociais e compreende a natureza humana, agressiva e sexual, sendo as instituições, assim como a religião, reguladores, opressores, por intermédio do sentimento de culpa, reprimimos nossas vontades que acarreta no mal-estar em nome da boa aparência social. Quando Lenita recebe a picada da cobra confessa a Barbosa que o deseja, ele também a deseja, no entanto, não tem coragem de assumir por ser casado, pois mesmo estando separado da esposa (que morava na França) socialmente era casado, pois na época não era permitido o divórcio. Na obra em análise pode-se notar que a mulher deixa de ser passiva e se torna independente e ativa. Lenita, primeiro passa a desejar a estátua ?fitou com atenção à estátua: aqueles braços, aquelas pernas, aqueles tendões retesados, aquela virilidade, aquela robustez, impressionaram-na de modo estranho.? (p. 21). Depois ela que teve a iniciativa de se relacionar com Barbosa. Encontravam-se em segredo (todas as noites), acaba por engravidar, todavia não diz nada a Barbosa. No fim da obra, Lenita escreve uma carta destinada a Barbosa, na qual conta detalhadamente sobre sua viagem a São Paulo e o motivo de sua partida, estava grávida e necessitava de um pai para registrar a criança, se envolveu com um antigo pretendente, qual de dispôs a assumir o filho. Barbosa ao ler a carta fica arrasado e acaba por suicidar-se. Lenita, apesar de ser ativa e ter ideias revolucionárias, como afirma o coronel , quando ela se questiona acerca dos castigos e da reificação dos escravos, para enriquecimento do coronel, como forma de ascensão, passa a fazer parte da instituição que outrora ela tanto odiava, evidenciando que ela não amava Barbosa, somente o desejava, necessidade natural e fisiológica e que casara somente por interesse, um pai, para seu filho. Já Barbosa evidencia sua perversidade, sendo egoísta, e sem pensar nas consequências, acaba por suicidar-se, por conta de Lenita ter ferido seu ego, esquecendo ele, que tinha família e que sua morte traria sofrimento aos familiares, sobretudo ao pai que ele dizia amar.




z..... 13/11/2014

Romance publicado em 1888, escandaloso para a época por romper com conceitos idealizados na literatura, apresentando o homem na visão naturalista. O sujeito está passivo ao ambiente e apresenta vícios e defeitos que lhes são inerentes.
Os capítulos 14 e 18 caracterizam bem a obra, onde o amor é expresso em um apelo carnal que explode em desejos que são lascivos e naturais. Barbosa e Lenita, vivem um relacionamento assim, entregues à uma urgência de satisfação, rompendo com conceitos estabelecidos. A história se passa em uma fazenda e o autor descreve um cenário rústico, mostrando escravidão, desejo de libertação, busca de realizações e descoberta de prazeres e desejos aguçados por aquele meio. Lenita, uma jovem que exprime um espírito de independência e busca um sentido de vida vai tendo experiências que lhe despertam sensações e prazeres até então não aflorados, com uma entrega total a eles. Assim é com sua postura como caçadora e como amante de Barbosa, um homem maduro e casado, que também se entrega a seus instintos como realização na vida. O capítulo é avassalador, rompendo com idealismo ao mostra os amantes entregues ao desejo carnal como animais no cio.
O capítulo 18 é o último e mostra o apelo materialista da obra, com a concepção de Barbosa do fim de tudo sem a satisfação e realização dos instintos que lhe davam sentido a vida. A separação o leva ao suicídio e a morte lhe chega em meio a reflexões que vai fazendo de sua postura e escolhas.
z..... 13/11/2014minha estante
....Barbosa tardiamente conclui que a satisfação carnal não é tudo na vida.


Edna 18/01/2017minha estante
Pior que é verdade.




Anny128 28/10/2014

A Carne foi escrito em 1888 por Júlio Ribeiro. O livro faz parte do movimento da literatura denominado Naturalismo, idealizado pelo francês Émile Zola, constituindo-se em uma vertente mais extrema do Realismo.
No Naturalismo temos a exaltação às teorias de Charles Darwin, fazendo com que os autores do movimento acreditassem piamente na influência do ambiente sobre o homem e na importância da hereditariedade para as características humanas.
Ribeiro leva de maneira firme os princípios naturalistas em sua obra. Constrói como personagem principal Helena, mais conhecida por Lenita. A moça foi criada pelo pai Lopes Matoso como uma mulher independente, para a qual os estudos e as ciências tinham muito mais sentido do que o destino imposto às mulheres do século XIX: crescer, casar, ter filhos e se ocupar apenas das tarefas domésticas.
Esse é o grande mérito do livro. Ao contrário do que vinha ocorrendo no meio literário, conseguimos testemunhar a exaltação do papel feminino, tendo uma protagonista forte e humana sob os holofotes.
Além de dar vida a um novo modelo feminino, Júlio Ribeiro exalta, como o próprio título sugere, a relevância do sexo e dos desejos carnais. Tal dilema permeará grande parte da história; acompanharemos Lenita em seus delírios e na vontade de sua carne, que se torna maior do que a falaciosa moralidade pregada à época.
A obra também abrange as questões abolicionistas, do divórcio e do amor livre, sem necessidade de o sexo estar ligado ao casamento. Definitivamente, Júlio Ribeiro era um homem com mentalidade diferente de seus contemporâneos, o que sua obra reflete com exatidão.
A leitura vale como um retrato da sociedade brasileira daquela época, bem como para um maior aprofundamento do conhecimento de que tentam nos enfiar à fórceps nos bancos escolares!

site: http://www.leioeu.com.br/2014/10/a-carne.html
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xuxudrops 31/12/2013

Ambíguo
Flutua entre o naturalismo e o spleen, com algumas nuances notáveis de feminismo e críticas à sociedade burguesa paulistana da segunda metade do século XIX. Porém, tais nuances são sobrepujadas pelo romanesco excessivo, que faz o livro parecer um daqueles livros estilo "bianca", de banca de jornal, para senhoras casadas e moças casadoiras.
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Lane 01/10/2013

A CARNE
O autor deste livro – Julio Ribeiro - é patrono da Academia Brasileira de Letras, e é reconhecido por ser um representante do movimento naturalista, este romance é a sua obra mais famosa.

O Naturalismo foi um movimento literário que desvelou a realidade, pois tentava explicar material e cientificamente os fenômenos da vida e do comportamento humano. Ler uma obra naturalista é como ler uma obra contemporânea, só que escrita em outra época.

Para alguns não há muita diferença, entretanto o principio do naturalismo não é somente descrever a realidade. O cotidiano, os fatos corriqueiros são compartilhados com uma perspectiva óbvia de mergulhar o leitor na incerteza que é a vida. O diferencial no naturalismo é mostrar a impossibilidade do porvir.

Desta forma, portanto, podemos considerar que é algo ruim de ser ler, no entanto devo afirmar que é ao contrário. O que nos impulsiona a ler uma obra naturalista são as ofertas do descobrimento. As experiências antigas sempre nos intrigaram e no naturalismo percebemos que as preocupações, as desilusões, o instinto humano, as fraquezas, os perfis psicológicos debilitados são coisas desde sempre.

“A Carne” é uma obra densa e atual que nos faz encarar com lucidez a vida.

Por ter sido escrita em 1888, foi considerada polêmica pela igreja e sociedade, pois levantava questões moralistas. Questões estas, que até bem pouco tempo ou se duvidar ainda hoje em dia são discutidas.
O divórcio, os anseios sexuais femininos, o amor livre, o sadismo, a violência, a razão e a emoção são questões desenvolvidas com ousadia pelo autor nesta obra.

Os sentimentos dentro da história são constantemente demarcados de forma individual sem causar estranhamento ao leitor, porém toda a atmosfera da leitura é de uma batalha interna, e mesmo com tanta descrição realista sobre o comportamento humano é possível verificar sensibilidade na obra.

Os personagens preenchem toda a história, e a narrativa é toda em 3ª pessoa com um narrador onisciente [comum nas obras naturalistas], entretanto este consome avidamente o leitor durante toda a leitura desta obra, ele se esvoaça em detalhes, alguns prolongados e cansativos e outros breves e irritadiços, e nem sempre inteligíveis, ainda que ele se destaque compondo e ao mesmo tempo sobressaltando na história.


Embora a obra tenha sido escrita em outro século, ela não possui o tradicionalismo que comumente observamos em romances históricos, não obstante a sua linguagem é arcaica e há muitos trechos com descrições enigmáticas.

A trama toda cria expectativas no leitor, porém o seu valor vai muito além de apenas ler um clássico.

“A Carne” é um grito de revolta entre a carne e a mente, entre escolha e consequência, entre viver e morrer... Entre ser livre e se prender.

O tom singular que é exibido neste romance é de que o amor não é a coisa mais importante na vida, e isto nos surpreende de uma maneira perspicaz por causa do alento e do perigo que o mesmo representa dentro da história.

A pós-leitura deste livro me produziu uma intensidade cognitiva intensa, ainda que eu o tenha achado bem reflexivo, contudo a minha maior admiração por ele é porque ele não possui o toque típico do sentimentalismo piegas que constantemente vemos por aí. Ele é cru em todos os aspectos.

Apesar de tudo, eu creio que não sei descrever o tipo de emoção que senti quando terminei de lê-lo, não que não houvesse interação minha e a obra, só que [não foi pelo final] o sabor dele em mim foi forte, e cada um de nós sabe exatamente os embates de luta que tem com a sua própria mente.

Avaliei com 4 estrelas.
Edna 18/01/2017minha estante
Verdade, ele é cru, nos mexe profundamente, li esse livro há quase quinze anos atrás, más o que lembro é denso.




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