Lys Coimbra 16/03/2022Exame de consciênciaMe considero muito suspeita para opinar sobre os livros de Camus porque sou uma super entusiasta do autor.
Neste livro, o ?juiz penitente? faz um monólogo no qual repassa a sua vida numa espécie de exame de consciência no qual aborda questões existenciais como sua essência moral, sentimento de culpa, capacidade de julgamento, e outros tantos temas que não caberiam numa resenha despretenciosa como essa.
A mim, este livro tocou e aflorou muitas reflexões, profundas e deliciosas.
Transcreva abaixo algumas das citações que fascinaram, com a forte recomendação de que algum dia você que me lê se permita o prazer de ler ?a queda?:
?[?] a liberdade não é uma recompensa, nem uma condecoração que se comemora com champanhe. Tampouco, aliás, um presente, uma caixa de chocolates de dar água na boca. Oh, não, é um encargo, pelo contrário, é uma corrida de fundo, bem solitária, bem extenuante. [?] No final de toda liberdade, há uma sentença; eis por que a liberdade é pesada demais?
?Quando pensamos muito sobre o homem, por trabalho ou vocação, às vezes sentimos nostalgia dos primatas. Estes não tinham segundas intenções.?
?Já reparou que só a morte desperta nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! Como admiramos nossos mestres que já não falam mais, que estão com a boca cheia de terra! A homenagem vem, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez tivessem esperado de nós durante a vida inteira. Mas sabe por que somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Em relação a eles, já não há obrigações.?