Flora.Dantas 30/05/2022
Leitura fantástica!
?Sim, poucos seres terão sido mais naturais do que eu. O meu entendimento com a vida era total, eu aderia ao que ela era, de alto a baixo, sem nada recusar das suas ironias, de sua grandeza, nem das suas servidões. Particularmente a carma, a matéria, em resumo, o físico, que desconcerta ou desanima tantos homens no amor ou na solidão, dava-me, sem escravizar, alegrias iguais. Tinha sido feito para ter um corpo. Daí está harmonia em mim próprio, este autocontrole sem esforço que as pessoas sentiam é que, segundo condessavam, às vezes, por exemplo, julgavam já ter-me encontrado. A vida, os seus seres e os seus dons vinham ao meu encontro; eu aceitava estás homenagens com um orgulho benevolente. Na verdade, à força de ser homem, com tanta plenitude e simplicidade, achava-me um pouco super-homem.?
É com essa indiferença, autossuficiência, exibição? que a leitura do início ao fim chega a ser desconfortante, porém, impactante. Ela te interroga constantemente se em algum momento da sua vida você não se sente superior, perfeito, como se você não tivesse mais nada a aprender.
?A queda?, é lida de maneira irônica, tanto no sentido literal da queda da pessoa no rio Sena, como em relação a vontade do autor em destruir a imagem que o personagem carrega.