Nadia Mamede 12/09/2015
Antígona
Uma obra formidável, romântica e muito profunda, que demonstra a obscuridade da alma e as falhas de caráter de grandes líderes, e as consequências de seus atos impensados.
Relata a história de Antígona, uma jovem que perdeu seus dois irmãos, Eteoclides e Polinice, em batalha; e sua luta contra o decreto do Rei Creonte que proibiu os cidadãos quanto as honras fúnebres e o sepultamento a um deles (Polinice), que foi tido como traidor; dessa forma, pela crença religiosa da época, proibindo-o de desfrutar uma passagem digna ao mundo dos mortos.
Em uma época de absoluta tirania, onde muitos morriam por pouco e as mulheres eram subjugadas, é que se passa o conto.
Creonte, monarca, decretou tal lei, pelo que pensava que "quem preza um amigo mais do que a própria pátria, merece desprezo (pg. 212)." Tendo agido desta forma, o agora decujus, e mesmo tendo parentesco para com ele, ou seja, sendo tio de Polinice, não concedeu o sepultamento, e a morte digna. Pelo que relata Creonte, estava Polinice disposto a incendiar os templos e revolucionar as leis de seu país, e não teria piedade para com aqueles contrários a sua posição.
Depois de um tempo do referido decreto, o rei Creonte recebeu uma notícia por um guarda, de que alguém teria enterrado o corpo de Polinice, às escondidas, e que ninguém sabia ao creto dizer quem teria cometido tal crime. Declarou então o monarca, que se o guarda, mensageiro de tal notícia não encontrasse e a ele trouxesse o responsável, responderia pelo crime. Dessa feita, retirou-se e temendo pela ameaça, manteve-se alerta. Tempos depois, avistou Antígona junto ao corpo do decujus, e a levou até o monarca para extrair sua confissão. Antigona, agindo em conformidade com o que se esperava, confessou ser ela mesma a autora de tal crime, sendo a responsável pelas honras fúnebres prestadas a seu irmão; vez que mesmo tendo conhecimento do decreto, não poderia de forma alguma, em razão disso, descumprir as lei divinas e desonrar aquele que lhe honrou por toda a vida, declarou que vivendo em meio a tanta desgraça, não temia a morte e pelo que seus valores morais e sua consciência ditava, estava em paz consigo mesma.
Creonte, contrariado pela insubordinação de Antígona, declarou que com sua morte, se daria por satisfeito e que como preferisse, fosse ela então ter junto de seu irmão, no Reino de Hades, pois jamais toleraria tal abuso e dominância de uma mulher. Ismênia, irmã de Antígona, que antes se negara a contribuir com o sepultamento, temendo as consequências de tal ato, arrependida, se levanta em defesa da irmã, pedindo que junto dela fosse também julgada pelo crime, pois não poderia sobreviver a mais uma perda. Creonte enfurecido, determinou que ambas fossem amarradas e levadas presas. Hémon, filho de Creonte e noivo de Antígona, já tinha conhecimento do ocorrido, e julgou também, como os demais cidadãos e servidores do monarca, desproporcional a pena aplicada, porém não pode interferir, de tal modo que Ismênia não fora penalizada, mas Antígona fora condenada a morte por tal feito. Seria a ela construído um túmulo subterrâneo, onde permaneceria até a morte, com uma certa quantidade de alimentos. O que ocorreu. Passado algum tempo, Tirésias que era conselheiro do monarca, em consulta aos oráculos, informou que lhe fora revelado o que acontecia na cidade de Tebas, com relação ao decreto proibitivo do sepultamento de Polinice e da pena de morte de Antigona, e que pelos Deuses tal ato fora considerado cruel; estaria Creonte, matando o decujus pela segunda vez, impedindo-o de adentrar os portões do Reino de Hades, condenando-o assim, a vagar entre o mundo dos mortos e dos vivos, pela eternidade. De modo que nenhum homem ou mesmo divindade, teria o direito de fazer o que ele havia feito, e por consequência, sofreria os mesmos males que estava causando. Também, alertou quando a cidade que já se levantava contra o monarca.
Creonte temendo pelo que fora revelado, e como forma de se redimir com o povo de Tebas, decretou a libertação de Antígona, Porém, não em tempo hábil, pois sofrendo pela perda da noiva, e perturbado pela insensatez de seu pai, seu filho, Hémon, suicidou-se. No momento em que foi libertar Antígona, ao abrir o túmulo, descobriu Antígona já sem vida e Hémon, junto dela, também quase sem vida, lamentando a morte de sua amada. Após uma discussão, negando-se a deixar o jazigo, cravou sua própria espada no peito e veio a óbito.
Ao saber do ocorrido, a esposa de Creonte, Eurídice, amaldiçoando-o pelo que havia feito e já sem forças para sobreviver a tamanha perda, ceifa sua própria vida com um punhal. Creonte acreditava então, ter sido punido pelos Deuses e já não tinha mais estímulos para viver, ansiava pela chegada do seu último dia.