Um homem bom é difícil de encontrar

Um homem bom é difícil de encontrar Flannery O'Connor
Flannery O'Connor




Resenhas - É difícil encontrar um homem bom


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Candido Neto 18/04/2020

Seu estômago vai ser socado bem forte, muitas vezes.
A escrita dela é muito boa. Um estilo tão elaborado que passa a impressão de ter sido feito sem revisão, por ser simples e objetivo. Ela cria imagens, usa cores para elaborar sinestesia, mas de forma tão precisa que não cansa e está em todo o texto como uma marca.
Gostei do modo como em todos os contos há uma elaboração do comezinho sem crescentes e nas últimas duas páginas ela forma um suspense para arrematar o clímax no último parágrafo. A excessão do último, onde o clima vai ganhando forma desde o início da terceira parte.
A grafia é impressionante, e soma-se a isso os eixos de regionalismo, racismo, religiosidade, conflito de classe, conflito de gênero...
Eu sou um homem negro e achei muito bom ler o racismo na voz do racista, é afrontoso, hirsuto, não é de difícil digestão, não se digere, por isso torna-se realista, não é necessário fazer lição moralista, os fatos não permitem camuflagem, o livro é antirracista, antimachista, antixenofóbico, por falar na voz do racismo, do patriarcado, do nascionalista, do preconceituoso religioso, de classe...
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Arisa.RC 23/07/2020

Extremamente bem escritos
Achei a escrita da autora fenomenal. Realmente não vemos passar o tempo ao acompanhar as histórias que ela monta. Os temas dos contos, porém, apesar de aparentemente despretensiosos, são profundos e conseguem trazer boas reflexões. Não amei especialmente nenhum conto, mas adorei a leitura em si de todos ele.
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Thiago 20/03/2021

O essencial falta ao homem
Este é um daqueles livros do qual você se pergunta como a autora conseguiu conceber algo tão grotesco, mas ao mesmo tempo tão familiar. É um livro onde os personagens são forrados pela ignorância, pelo preconceito, pela falta de empatia. As situações apresentadas podem ser inclusive frequentes em nosso cotidiano, mas que ao ser esfregado em nós cara pode nos gerar asco.

É sem dúvidas uma obra prima, a autora exerce um domínio maravilhoso na narrativa curta.
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-Lá- 21/04/2020

Traz à tona as piores características do ser humano. Por isso é um livro indigesto, mas tbm necessário.
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Alan Martins 11/11/2018

Escrevendo com ironia, humor e crítica
Título: Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias
Autor: Flannery O’Connor
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2018
Páginas: 224
Tradução: Leonardo Fróes

“’Nada é mais como era’, disse ele. ‘O mundo está ficando podre’.” (O’CONNOR, Flannery. A vida que você salva pode ser a sua. In: Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias. Nova Fronteira, 2018, p. 50)

Nessa coletânea de contos o leitor conhecerá paisagens e situações comuns à região Sul dos Estados Unidos, um local marcado pela pobreza, pelo cenário rural, pela religião e por costumes característicos. Flannery O’Connor foi uma das autoras que melhor retratou o Sul estadunidense em suas obras, e fez isso com muito humor e ironia.

Carreira interrompida
Mary Flannery O’Connor nasceu em 1925, na cidade de Milledgeville, Georgia. É considerada, ao lado de Erskine Caldwell e William Faulkner, um dos maiores nomes de um gênero literário conhecido por “gótico sulista”, pois são autores que retratam a realidade da região Sul dos Estados Unidos em suas obras.

Graduou-se em Ciências Sociais pelo Georgia State College for Women em 1945. Trabalhou para algumas revistas e jornais antes de iniciar sua carreira literária. Sua primeira obra publicada foi um romance, intitulado ‘Wise Blood’, de 1952. Apesar de ter iniciado com um romance, O’Connor ficou conhecida por seus contos. Sua carreira foi bem curta, pois a autora faleceu prematuramente, em 1964, por conta de complicações provocadas pelo lúpus, doença que também tirou a vida de seu pai.

Em vida, teve três obras publicadas. Uma reunião de todos os seus contos foi publicada, de maneira póstuma, em 1971, livro que acabou vencendo o National Book Award for Fiction de 1972.

“’Ninguém mais pensa’, lamentou-se Mr. Jerger’.” In: Um golpe de sorte, p. 69

Paisagens sulistas
Essa coletânea reúne dez contos, que não são longos, com exceção do último, ‘O Refugiado de Guerra’. São contos com cenários sulistas, como o Alabama, ou a Geórgia, estado onde O’Connor nasceu e cresceu.

A autora era uma católica devota, e sua fé aparece em seus contos, mas não de uma forma onde a fé é imposta, porém em detalhes, como alegorias bíblicas, ou até mesmo em críticas, pois vemos que algumas de suas personagens sofrem consequências ou agem de maneira preconceituosa por causa de uma fé fora de controle.

Quem já leu alguma obra de Faulkner, ou o grande clássico ‘O Sol é para todos’, encontrará cenários e questões semelhantes em ‘Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias’. Levando em conta a época da autora, no estopim da segregação racial nos EUA, vemos que ela estava à frente de seu tempo, colocando no papel situações comuns daquilo que era visto ao seu redor e refletindo sobre tudo, de forma irônica e humorada.

“Mr. Head lhe poderia ter dito que ter idade é uma bênção e que só com o passar dos anos o homem alcança a tranquila compreensão de vida que o torna um guia apropriado aos mais jovens.” In: O negro artificial, p. 91

Ironia e humor
São duas características presentes nesse livro. Ao olhar para o sumário, o leitor verá alguns títulos bonitinhos, que até parecem histórias de amor. Todavia, não passam da mais pura ironia. E isso é legal, pois pensamos se tratar de uma coisa e acabamos sendo surpreendidos por outra, totalmente diferente do imaginado. É preciso ter em mente que a autora, após ser diagnosticada com lúpus, passou anos vivendo à espera da morte, já que em sua época não havia um tratamento eficaz e adequado para essa doença. Por isso muitos de seus contos parecem pessimistas, mórbidos; esse era o estado de espírito de O’Connor, que acabou utilizando a ironia para “fazer pouco caso” da morte.

Muitas de suas personagens são ingênuas e se colocam em situações de risco, ao serem enganadas por charlatões, por gente que só quer passar a perna nos outros (e quantas dessas pessoas não existem por aí!). A linguagem utilizada é simples, nada rebuscada, buscando trazer a simplicidade do Sul dos EUA, região que apresenta um dos maiores índices de pobreza do país.

Buscando uma comparação com um autor nacional, por conta dos cenários rurais, de toda simplicidade do campo, podemos dizer que os contos desse livro se assemelham um pouco às estórias de ‘Primeiras estórias’, de Guimarães Rosa. Claro, cada um apresenta o ruralismo de seu próprio país, de uma região em específico, com ambos retratando cenários da infância e etc., entretanto, as duas obras transmitem uma sensação bastante parecida. Não são idênticas — longe disso —, mas há semelhanças.

“As pessoas certamente não são mais tão gentis como já foram.” In: Um homem bom e difícil de encontrar, p. 16

Sobre a edição
Edição que faz parte da coleção ‘Clássicos de Ouro’, da Editora Nova Fronteira. Capa dura, miolo em papel Pólen Soft (ou semelhante, não é especificado), boa diagramação. Só achei que o design da capa não ficou muito bom, a imagem utilizada não transmite a ideia do livro.

Tradução feita pelo poeta Leonardo Fróes. Um excelente trabalho, com boas adaptações, um texto bastante fluído. Essa tradução é a mesma de ‘Contos completos’, publicada pela falida Editora Cosac Naify. Não sei se a Nova Fronteira adquiriu os direitos de tradução de todos os contos do livro da Cosac Naify. Se esse for o caso, a Nova Fronteira resolveu publicar os contos em edições separadas, e não todos reunidos em um único volume.

“Saindo de casa é que a gente descobria mais coisas.” In: O rio, p. 35

Conclusão
Coletânea de contos muito boa. Nota-se nesse livro que Flannery O’Connor tinha tudo para fazer muito sucesso, se tornar um dos maiores nomes da literatura estadunidense. Porém, para a infelicidade de todos, uma doença tirou sua vida, de forma precoce. Em seus contos, temos a oportunidade de obter um gostinho da genialidade dessa autora, que utilizava a ironia de forma magistral. São contos que, muitas vezes, apresentam situações chocantes, onde o mal às vezes vence, o que não é fácil de engolir. O’Connor caracterizou muito bem a região Sul de seu país, um lugar marcado pelo racismo, pela pobreza, pelas paisagens rurais e pela religião, que fez parte de sua vida. A influência do catolicismo na vida da autora fica evidente em seus contos, e ela soube utilizar muito bem essa sua característica, que também acaba por contribuir com toda a ironia que nos é apresentada. Garanto que você vai se surpreender com esses contos, e acabará se encantando com todo o humor e ironia de Flannery O’Connor.

“’Estamos todos perdidos’, disse então, ‘mas alguns de nós, os que não têm mais vendas nos olhos, veem que não há nada o que ver. E isso é uma espécie de salvação’.” In: Gente boa da roça, p. 167

Minha nota (de 0 a 5): 4

Alan Martins

Visite meu blog!

site: https://anatomiadapalavra.com/2018/11/11/minhas-leituras-94-um-homem-bom-e-dificil-de-encontrar-e-outras-historias-flannery-oconnor/
jota 18/11/2018minha estante
Muito bom. Concordo com sua crítica à capa desta edição, bastante feia. Li a edição da Arx,cuja capa azulada mostra uma estrada, algo que tem mais a ver com o título da obra.




Victor Vale 01/04/2020

Flannery O'Connor revelou o interior do americano médio, racista, ignorante, fervorosamente religioso, um red neck soberbo e semi-analfabeto que se sente melhor sendo pior em relação ao que lhe são diferentes. Lendo essa obra não me espanta terem eleito o Trump!
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Ana 23/02/2020

Fui surpreendia a cada conto. A Flannery foi uma escritora genial de estilo gótico sulista. Com um humor grotesco ela nos apresenta a decadência do sul do país e a aridez espiritual do homem sem Deus.
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@mulheres.e.literatura 10/07/2020

Falem bem ou falem mal, mas falem de mim
"Um homem bom é difícil de encontrar" me parece ser um livro que muitos detestam e outros amam, mas que ninguém me parece passar pela experiência da sua leitura de forma indiferente. Em 10 contos passados no sul do Estados Unidos do século 20, a autora escancara o racismo, o egoísmo e a mesquinharia de diversos personagens brancos, mostrando a hipocrisia de muitos que se diziam cristãos, mas que não conseguiam amar a ninguém alem de si mesmos.
Para muitos a leitura pode ser indigesta, pois a narrativa expõe de forma bem crua a violência, o racismo, a ruindade dos seres humanos. Os personagens negros não recebem nomes e quase não falam, penso eu como uma tentativa de mostrar o quanto eles são desumanizados pela lógica do racismo. Os protagonistas são pessoas brancas, que mesmo quando pobres, ainda assim se acham superiores pela sua cor de pele e pela sua religião, se dando ao direito de tratarem com humilhação aqueles que julgam subalternos. Mas Flannery subverte a lógica, em geral com desfechos onde os protagonistas passam eles mesmos por situações desagradáveis, sendo punidos "pela vida". Na obra estão presentes diversas alegorias cristãs, e a própria Flannery O'Connor era uma praticante fervorosa. Nos seus contos, acredito que ela buscou denunciar a mesquinhez daqueles que se acreditam os "salvos", mesmo que nos seus cotidianos, ajam de forma totalmente oposta aos preceitos da sua religião.

site: https://www.instagram.com/mulheres.e.literatura/
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Gisa 18/05/2021

Livro de contos góticos, trazendo dez contos da autora.

Destaco os contos: "um homem bom é difícil de encontrar", "a vida que você salva pode ser a sua", "gente boa da roça" e "o refugiado de guerra" como meus preferidos.
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Vicente Moragas 26/07/2020

Esperava mais
Ao ler resenhas e me deparar com o humor ácido e com a imprevisibilidade da autora, esperava mais no se toque de acidez e perplexidade dos eventos. Mas, sua literatura é bem interessante e foi uma experiência aprazível.
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Emanuel.Silva 31/03/2020

Te benzo e te curo com a merda do burro, te benzo e te mato com a merda do rato (O bem e O mal)
Incrível, nascida em 1925 no sul dos Estados Unidos, de menina a mulher, entregue a escrita e a leitura, e estes por sua vez se entregaram a está espetacular escritora. Flannery O'Connor é daquelas pessoas fora de seu tempo, seus contos contidos neste livro tocam a barbárie humana , nos revelam aqui, de diversas formas (de horrendas a humoradas), que em nosso amago se encontra o mal, se encontra a violência, nosso amago é pútrido, a espera de uma benção? Talvez, para alguns chega, como vemos em Um Homem Bom é difícil de encontrar, mas pode chegar tarde demais.

Os contos de Flannery abrem espaço para discussões religiosas, discussões de gênero, xenofobia e racismo, temos uma seleção maravilhosa de seus contos neste livro!

Pesquisei um pouco e li alguns debates em grupos na internet a respeito da autora ser racista etc e tal, difícil resposta, Flannery é uma escritora de sua época neste sentido, a percepção sulista americana daquele tempo está descrita em suas linhas com maestria e precisão, se em um aspecto digo que ela é uma escritora fora de sua época, em outro afirmo com convicção que ela era uma escritora de sua época, relata e testemunha todo uma forma de perceber, subjetivar, sentir, viver, gozar, amar, odiar em rigor naquele tempo.

Destaco o conto em que o netinho e o avô vão viajar de trem para a cidade natal do netinho, durante o trajeto o avô se irrita com o menino, pois o mesmo diz que nada de interessante terá na viajem, uma vez que se lembra de todo o percurso pois passou por lá de trem quando se mudou para o interior. O avô rebate esta afirmação de seu neto, diz que o pequeno jamais se lembraria de uma paisagem vista por ele quando era apenas um bebe de colo que mal abrir os olhos conseguia, em seguida o velho desafia o garoto novamente, o questiona a respeito dos negros, o netinho fica intrigado e diz lógico que reconheceria os negros que lá vivia, pois nasceu lá, o avô da gargalhadas e responde:
"Você nunca viu um negro na vida", insistiu o avô... "Se viu, nem sabia o que era. Um criança de seis meses não sabe que diferença existe entre um negro e os outros."

Negro, os outros, diferença, a questão da "inocência" da criança, aprender, diferenciar, cortar, dividir, segregara.

Algumas passagens dizem mais que uma entrevista inteira.
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Natália Tavares 27/04/2020

Flannery O'connor
****SPOILER ALERT****
Neste livro, O’Connor traz dez contos que tratam de questões humanas elementares, a leitura é fluida e agradável e apesar dos contos serem curtos, eles são muito envolventes e as histórias muito visuais, conseguimos recriar as cenas com perfeição e enxergar a narrativa como um filme. Os contos relatam histórias de pessoas muito reais, comuns e ordinárias, em situações nas quais observamos diferentes formas de perversidade humana, de hipocrisia religiosa e de preconceitos diversos; As personagens trazem à luz o bem e o mal que habitam os humanos e elas nos mostram como escolhas e ações conduzem a diferentes caminhos e como existem inúmeras formas de se lidar com as responsabilidades que se apresentam. O livro nos choca ao desnudar a atrocidade humana cotidiana e o egoísmo inerente a nós, a obra de O’connor é uma crítica social brilhante e atemporal. Meus contos favoritos por ter falarem de temas que me tocam ou angustiam são: O rio, a vida que você salva pode ser a sua, o negro artificial, gente boa da roça, círculo de fogo e o refugiado de guerra.

site: @queroafome
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Mariana 26/04/2020

Indigesto
A escrita destes contos são bem fluidas, porém os enredos retratam o lado sombrio das pessoas. Racismo, egoísmo, crueldade. Não são contos de finais não são felizes, mas são reflexivos.
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Sarah 02/08/2020

O "white people problems" do americano sulista.
Não sei bem como resumir a experiência desse livro, é verdade. Ele é um tanto estranho, engraçado e deturpadamente - se é que existe tal palavra, se não existe, bem vindo ao meu vocabulário pessoal - realista. Todas as histórias tem um toque de realismo, mesmo as mais absurdas, todas elas passam por um "poderia acontecer". Da idosa branca que se acha superior aos demais, mas ao se vez diante do perigo se rebaixa ao ponto de pedir ajuda àquele que tanto mal disse até a moça branca, estudada, inteligente e dona de si, que magicamente cai no papo de alguém menos instruído que ela. E é importante frisar essa branquitude, porque ela é importante no livro, ser branco não é uma mera característica de personagem. Flannery não só coloco a branquitude como parte das personalidades, como a transforma em um personagem a parte, é uma representação real do que era ser branco, e se comportar como tal. É nojento, absurdo e, portanto, cômico. A ilusão, a cegueira, ironicamente boa parte dela vem do fato dos personagens se acharem todos "cidadãos de bem", por isso são passados para trás, muitas vezes. São egocêntricos, todos eles, todos só pensam "eu, eu, eu", nunca "nós", e a sociedade é sempre os outros. É estranho, é uma jornada na cabeça dessas pessoas, mas é bom. Vale à pena
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