Um homem bom é difícil de encontrar

Um homem bom é difícil de encontrar Flannery O'Connor
Flannery O'Connor




Resenhas - É difícil encontrar um homem bom


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Litchas 10/03/2020

Realistico ao extremo!
Os contos retrataram a natureza egoísta e agressiva dos seres humanos.. o último conto em especial me impactou muito! A ignorância, xenofobia, racismo e narcisismo são descritos de forma incrívelmente real!! Recomendo a quem tem estômago pro lado ruim do ser humano!!
Juju 31/03/2020minha estante
Descreveste perfeitamente...




Ana 23/02/2020

Fui surpreendia a cada conto. A Flannery foi uma escritora genial de estilo gótico sulista. Com um humor grotesco ela nos apresenta a decadência do sul do país e a aridez espiritual do homem sem Deus.
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Ana Aymoré 12/07/2019

O gótico sulista em contos magistrais
Numa carta escrita a Mauriac em 1929, Gide já alertava, com uma boa dose de sarcasmo, que não se faz boa literatura com bons sentimentos. Essa máxima do autor de O imoralista parece ter sido feita sob medida para definir o que a crítica literária denomina de gótico sulista, um subgênero do horror gótico que se desenvolveu na literatura norte-americana, sobretudo entre as décadas de 1920/60. Diferente de seu predecessor, no gótico sulista o mundo é assombrado não pelos mortos, mas pelos vivos, e nele, frequentemente, se constituiu uma base para a cortante crítica social ao modus vivendi do sul escravocrata dos Estados Unidos, fundamentado no racismo, no tracionalismo e no patriarcalismo.
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Alguns dos meus livros favoritos pertencem ao gênero - entre eles, o soberbo O som e a fúria, de Faulkner. O gênero também está marcado pela presença expressiva da escrita feminina, e de mulheres que produziram livros magníficos quando eram muito jovens, como Carson McCullers. Um homem bom é difícil de encontrar foi publicado quando sua autora, Flannery O'Connor, tinha apenas 28 anos, e é tão assombroso como a proeza de McCullers com O coração é um caçador solitário. Composto por 10 contos razoavelmente longos, o volume é um verdadeiro nocaute em nossas crenças na natureza sublime e na vocação gregária, fraternal, da humanidade: o horror, a violência, a incomunicabilidade e o macabro atravessam os contos de forma impiedosa, sendo que grande parte dessas mesmas ações se situam num contexto social de assimilação de valores ditos cristãos e familiares, entre a "Gente boa da roça" (para usarmos o título, irônico como a maioria, de um de seus contos).
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Como se essa maestria crítica não fosse o bastante, O'Connor ainda nos brinda com doses mais que generosas de um verdadeiro virtuosismo literário. Suas descrições metafóricas, originalíssimas, de cenas que, por via de outra pena, seriam clichês - como o pôr-do-sol no campo ou a abertura da cauda de um pavão - já foram para a minha galeria pessoal de melhores momentos da ficção do século XX.
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Alan Martins 11/11/2018

Escrevendo com ironia, humor e crítica
Título: Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias
Autor: Flannery O’Connor
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2018
Páginas: 224
Tradução: Leonardo Fróes

“’Nada é mais como era’, disse ele. ‘O mundo está ficando podre’.” (O’CONNOR, Flannery. A vida que você salva pode ser a sua. In: Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias. Nova Fronteira, 2018, p. 50)

Nessa coletânea de contos o leitor conhecerá paisagens e situações comuns à região Sul dos Estados Unidos, um local marcado pela pobreza, pelo cenário rural, pela religião e por costumes característicos. Flannery O’Connor foi uma das autoras que melhor retratou o Sul estadunidense em suas obras, e fez isso com muito humor e ironia.

Carreira interrompida
Mary Flannery O’Connor nasceu em 1925, na cidade de Milledgeville, Georgia. É considerada, ao lado de Erskine Caldwell e William Faulkner, um dos maiores nomes de um gênero literário conhecido por “gótico sulista”, pois são autores que retratam a realidade da região Sul dos Estados Unidos em suas obras.

Graduou-se em Ciências Sociais pelo Georgia State College for Women em 1945. Trabalhou para algumas revistas e jornais antes de iniciar sua carreira literária. Sua primeira obra publicada foi um romance, intitulado ‘Wise Blood’, de 1952. Apesar de ter iniciado com um romance, O’Connor ficou conhecida por seus contos. Sua carreira foi bem curta, pois a autora faleceu prematuramente, em 1964, por conta de complicações provocadas pelo lúpus, doença que também tirou a vida de seu pai.

Em vida, teve três obras publicadas. Uma reunião de todos os seus contos foi publicada, de maneira póstuma, em 1971, livro que acabou vencendo o National Book Award for Fiction de 1972.

“’Ninguém mais pensa’, lamentou-se Mr. Jerger’.” In: Um golpe de sorte, p. 69

Paisagens sulistas
Essa coletânea reúne dez contos, que não são longos, com exceção do último, ‘O Refugiado de Guerra’. São contos com cenários sulistas, como o Alabama, ou a Geórgia, estado onde O’Connor nasceu e cresceu.

A autora era uma católica devota, e sua fé aparece em seus contos, mas não de uma forma onde a fé é imposta, porém em detalhes, como alegorias bíblicas, ou até mesmo em críticas, pois vemos que algumas de suas personagens sofrem consequências ou agem de maneira preconceituosa por causa de uma fé fora de controle.

Quem já leu alguma obra de Faulkner, ou o grande clássico ‘O Sol é para todos’, encontrará cenários e questões semelhantes em ‘Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias’. Levando em conta a época da autora, no estopim da segregação racial nos EUA, vemos que ela estava à frente de seu tempo, colocando no papel situações comuns daquilo que era visto ao seu redor e refletindo sobre tudo, de forma irônica e humorada.

“Mr. Head lhe poderia ter dito que ter idade é uma bênção e que só com o passar dos anos o homem alcança a tranquila compreensão de vida que o torna um guia apropriado aos mais jovens.” In: O negro artificial, p. 91

Ironia e humor
São duas características presentes nesse livro. Ao olhar para o sumário, o leitor verá alguns títulos bonitinhos, que até parecem histórias de amor. Todavia, não passam da mais pura ironia. E isso é legal, pois pensamos se tratar de uma coisa e acabamos sendo surpreendidos por outra, totalmente diferente do imaginado. É preciso ter em mente que a autora, após ser diagnosticada com lúpus, passou anos vivendo à espera da morte, já que em sua época não havia um tratamento eficaz e adequado para essa doença. Por isso muitos de seus contos parecem pessimistas, mórbidos; esse era o estado de espírito de O’Connor, que acabou utilizando a ironia para “fazer pouco caso” da morte.

Muitas de suas personagens são ingênuas e se colocam em situações de risco, ao serem enganadas por charlatões, por gente que só quer passar a perna nos outros (e quantas dessas pessoas não existem por aí!). A linguagem utilizada é simples, nada rebuscada, buscando trazer a simplicidade do Sul dos EUA, região que apresenta um dos maiores índices de pobreza do país.

Buscando uma comparação com um autor nacional, por conta dos cenários rurais, de toda simplicidade do campo, podemos dizer que os contos desse livro se assemelham um pouco às estórias de ‘Primeiras estórias’, de Guimarães Rosa. Claro, cada um apresenta o ruralismo de seu próprio país, de uma região em específico, com ambos retratando cenários da infância e etc., entretanto, as duas obras transmitem uma sensação bastante parecida. Não são idênticas — longe disso —, mas há semelhanças.

“As pessoas certamente não são mais tão gentis como já foram.” In: Um homem bom e difícil de encontrar, p. 16

Sobre a edição
Edição que faz parte da coleção ‘Clássicos de Ouro’, da Editora Nova Fronteira. Capa dura, miolo em papel Pólen Soft (ou semelhante, não é especificado), boa diagramação. Só achei que o design da capa não ficou muito bom, a imagem utilizada não transmite a ideia do livro.

Tradução feita pelo poeta Leonardo Fróes. Um excelente trabalho, com boas adaptações, um texto bastante fluído. Essa tradução é a mesma de ‘Contos completos’, publicada pela falida Editora Cosac Naify. Não sei se a Nova Fronteira adquiriu os direitos de tradução de todos os contos do livro da Cosac Naify. Se esse for o caso, a Nova Fronteira resolveu publicar os contos em edições separadas, e não todos reunidos em um único volume.

“Saindo de casa é que a gente descobria mais coisas.” In: O rio, p. 35

Conclusão
Coletânea de contos muito boa. Nota-se nesse livro que Flannery O’Connor tinha tudo para fazer muito sucesso, se tornar um dos maiores nomes da literatura estadunidense. Porém, para a infelicidade de todos, uma doença tirou sua vida, de forma precoce. Em seus contos, temos a oportunidade de obter um gostinho da genialidade dessa autora, que utilizava a ironia de forma magistral. São contos que, muitas vezes, apresentam situações chocantes, onde o mal às vezes vence, o que não é fácil de engolir. O’Connor caracterizou muito bem a região Sul de seu país, um lugar marcado pelo racismo, pela pobreza, pelas paisagens rurais e pela religião, que fez parte de sua vida. A influência do catolicismo na vida da autora fica evidente em seus contos, e ela soube utilizar muito bem essa sua característica, que também acaba por contribuir com toda a ironia que nos é apresentada. Garanto que você vai se surpreender com esses contos, e acabará se encantando com todo o humor e ironia de Flannery O’Connor.

“’Estamos todos perdidos’, disse então, ‘mas alguns de nós, os que não têm mais vendas nos olhos, veem que não há nada o que ver. E isso é uma espécie de salvação’.” In: Gente boa da roça, p. 167

Minha nota (de 0 a 5): 4

Alan Martins

Visite meu blog!

site: https://anatomiadapalavra.com/2018/11/11/minhas-leituras-94-um-homem-bom-e-dificil-de-encontrar-e-outras-historias-flannery-oconnor/
jota 18/11/2018minha estante
Muito bom. Concordo com sua crítica à capa desta edição, bastante feia. Li a edição da Arx,cuja capa azulada mostra uma estrada, algo que tem mais a ver com o título da obra.




jota 26/06/2011

É difícil encontrar boas histórias para ler?
Não se você estiver com este livro de Flannery O'Connor nas mãos.

Mas somente se você gostar de livros inteligentes, ainda que aqui quase todos os personagens pareçam bastante simplórios (não mal-construídos, pelo contrário).

E também se você souber apreciar uma mesclagem eficiente de humor e violência - muitas vezes humor negro, sem trocadilho, pois a autora dá voz a personagens sulistas brancos e negros geralmente estúpidos e moralmente desajustados, misturando ironia e crueldade numa prosa enxuta e objetiva.(Bem que o Quentin Tarantino ou outro diretor de cinema talentoso podia ler este livro e adaptar alguns contos para o cinema.)

Único reparo: a obra-prima que dá nome ao livro é o primeiro conto e você fica querendo outros tão bons quanto ele. E vai encontrar pelo menos mais três: "O nego artificial", "A gente boa da roça" e "O deslocado de guerra".

Eficiente tradução de José Roberto O'Shea para este livro que os leitores americanos elegeram como um de seus preferidos desde o lançamento, muitos anos atrás, em 1955.

Veja outra resenha positiva aqui: http://www.skoob.com.br/estante/livro/471693
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Rosa Santana 25/05/2011

É Difícil Encontrar Um Homem Bom - Flannery O'Connor - 288 páginas - Arx

Li recentemente É Difícil Encontrar Um Homem Bom. Para falar a verdade, tive uma certa dificuldade com ele...

O livro nos apresenta um desfile de personagens malignos, doentios até, como diz o título, coisa com a qual não concordo. Acho que não dá para ficar encarando a vida, o contexto, como se fôssemos Pollyana, vendo tudo cor-de-rosa, mas tb não é o caso de cair no extremo oposto, achando que o mundo só é povoado por pessoas de má índole, sem ética, sem respeito ao ambiente e ao que os cercam...

Todos são patologicamente maus, contrariando o dualismo bem X mal que
habita cada um de nós, na minha opinião. No fundo é o neo-realismo (ah, essa professora de literatura, não deixa de sê-lo nunca, nem mesmo aposentada...) em que o escritor, como um observador, vê os maus se comprazendo com as mazelas uns dos outros. O puro é só o que denuncia...

Há, aqui, o mesmo maniqueísmo romântico, do qual só o modernismo conseguiu se livrar, criando personagens mais próximos ao homem dialético e cheio de conflitos entre as duas forças antagônicas que habitam cada um de nós...

....

Destaco entre os contos que me marcaram pela extrema crueldade dos personagens: A Gente Boa Da Roça. Até hoje fico pensando: como Hulga resolveu o problema que lhe criou o rapaz bonzinho, da roça, ao tirar-lhe a perna postiça!

...

Há que se registrar o humor com que a autora constrói a narrativa, descreve os personagens, conta os fatos... Impecável!

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Ronnie K. 23/03/2009

O trágico e cômico de mãos dadas
Quando terminamos de ler um livro e dias, semanas depois diversas cenas continuam pipocando em nossa lembrança, certamente é sinal de que, mesmo sem ter nos dado conta no momento da leitura, algo de inusitado e surpreendente nos foi mostrado. É o que ocorre na leitura desse livro. Pela primeira vez na minha vida, eu, um leitor já experimentado, me deparei com uma série de contos em que a extrema crueldade dos personagens se desenrola em um ambiente de estranha e incômoda comicidade. Somos tomados pelo horror e pelo riso nervoso. Uma experiência e tanto de leitura. A propósito, a Cosac&Naify lançou em 2008 a obra completa dos contos dessa formidável e praticamente desconhecida autora num único e luxuoso volume. É pra quebrar o cofrinho e comprar!
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Rosa Santana 12/12/2009minha estante
Gostei de saber sua visão do livro. Vou repensar sobre ele...




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