Crônica da Casa Assassinada

Crônica da Casa Assassinada Lúcio Cardoso




Resenhas - Crônica da Casa Assassinada


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Princesa_enrolada 04/09/2023

Uma obra prima poética
?A crônica da casa assassinada? é daqueles livros em que a prosa se transforma em poesia. Em que o supérfluo toma requintes de importância e em que a vida cotidiana se faz maior e mais interessante. Apesar de não ser um livro religioso, muitas passagens trouxeram o sagrado ao meu coração. É daquelas livros em que você se faz mergulhar e sai de suas águas como uma nova pessoa, acho que vale muito a pena a leitura, desde que se mantenha a mente aberta e o coração pronto pra reflexões.
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danriien 19/08/2023

Lúcio, corcel de fogo que você era...
Mds do céu....... li aqui em um resenha, dizerem que esse livro parece parece uma eterna tarde de domingo e eu não poderia concordar mais!! MAS, isso não é um demérito ao livro, é que ele tem essa intenção mesmo.
esse livro é MUITO sensorial, o lucio teve assim uma mente de titânio pra fazer isso, vc consegue se sentir dentro da casa, sentir o ambiente pesado que tem ali...
agr, sobre os personagens, queria ter visto e ouvido mais do timóteo!!! ele era uma figura tão emblemática... e acho que ver mais da nina também, mas sob a perspectiva dela e não da dos outros...
enfim, o livro tem alguns probleminhas realmente! por mais que seja narrado por vários personagens diferentes, não há distinção na voz deles. se não houvesse um título dizendo quem era quem ali, vc não conseguiria diferir pela escrita pq é a mesma.
além disso, existem algumas incongruências de roteiro, não sei se são propositais e assim percebermos que não podemos confiar nos narradores enviesados, ou se foi só falta de cuidado no lucio na criação da narrativa... MAS o livro é ótimo, acho que foi um dos primeiros livros que li que me deu essa sensação de desconforto constante, de me sentir acoado, intruso, enojado, enclausurado, agoniado... enfim, várias coisas e isso que me admira nele, lucio, conseguir tal feito.
é claro, só um gay seria capaz de tamanha magnificência!!!
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Carniel 01/08/2023

A crônica, o modernismo e o declínio rural
Certamente, este é um dos maiores romances já escritos em língua portuguesa. Insere-se àquele período a que a crítica literária convencionalizou chamar "3ª fase modernista". De fato, a história se passa no ambiente rural de Minas Gerais e apresenta um conflito interessante entre cidade x campo. Incorpora ao enredo as características das histórias que evidenciam o declínio daquele Brasil rural, que imperou durante quatro séculos. Autran Dourado e Monteiro Lobato também apresentam obras com mais ou menos essas características.

Lúcio Cardoso beira à escrita barroca, incorporando aos seus personagens críticas contundentes e ferinas à sociedade patriarcal rural de meados do século XX.

Para mim, o clímax da narrativa é a entrada triunfal (?) do personagem Thimóteo à sala em que estava o Barão.

É um livro que merece ser mais lido, mais discutido e mais venerado.
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Erika 26/07/2023

AS CRONICAS DA CASA ASSASSINADA
Eu lendo esse livro e pensando, esse livro parece mais aquelas fofocas de cidade pequena sabe, que quando chegava alguém de outro lugar se tornava o assunto do momento? Mas confesso que teve hora que tive repulsa de ler certas páginas, aí quando chega no final fiquei embasbacada, que babado, passei o livro todo sem ao menos imaginar...
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FellipeFFCardoso 20/07/2023

Tudo neste livro está pronto para surpreender até mesmo o leitor dos menos desavisados. O que importa aqui não é sua experiência literária prévia, mas o embarque na proposta arrojada de um livro com muitos narradores ao redor de uma crítica social e política do interior brasileiro (no livro, colônia, mas ainda hoje não guardamos muitos colonialismos que estruturam nossa sociedade?). Mais do que restringir as possibilidades do romance, esse livro as amplia sem medo do que causa, honesto o bastante para chocar quando deve, terno o suficiente para consolar quando não se espera. Que história, meus amigos. Fiquei com a vontade eterna de ver uma adaptação com Ana Paula Arósio no papel de Nina e Nicolas Prattes no papel de André. Quem sabe um dia?
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kafkaniana 13/07/2023

Violetas no jardim
A literatura gótica apagada no Brasil. Em Crônica da Casa Assassinada é fácil identificar influência de o Morro dos Ventos Uivantes em sua criação, os personagens que vivem através de seus pecados e egoísmos, a atmosfera da casa como um próprio ser que comprimi seus moradores. Porém, na obra de Lúcio Cardoso ele usa sem medo as ações mais grotescas que o ser humano pode se deixar levar, a repressão constante que faz romper todos sentimentos e desejos dos personagens, gerando a destruição de si e da família.
Nina é uma das figuras mais impactantes que eu já encontrei na literatura brasileira, sua morte (acontece já no primeiro capítulo) foi a situação mais triste e horrível que eu já li.
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Ana Sá 11/07/2023

Somos todos Bentinho
Talvez o maior tribunal da literatura brasileira tenha sido montado em "Dom Casmurro", de Machado de Assis. Nele, nosso olhar sobre Capitu passa pelo olhar que lançamos à perspectiva de Bentinho. E isso é inquietante, não é? Por que eu concordo ou duvido dos juízos do narrador? O que o julgamento que faço de Capitu diz sobre mim e sobre os meus próprios valores?

Em "Crônica da casa assassinada" (1959), Lúcio Cardoso faz das personagens e também das leitoras seus "Bentinhos". A decadência material e moral de uma família mineira nos é revelada através de uma pluralidade de vozes narrativas e de gêneros textuais: "Carta da personagem X"; "Diário III da personagem Y"; "Continuação da confissão da personagem Z", e por aí vai. O elo temático desses relatos cheios de questionamentos envolvendo sexualidade, identidade de gênero, moral, religião? A nossa aprendiz de Capitu, a sedutora Nina.

Nina deixa o Rio de Janeiro rumo à chácara da família Meneses após se casar com Valdo, e não tarda a causar incômodo devido à sua personalidade e beleza. No meu caso, foi inevitável lembrar do podcast "Praia dos Ossos", que trata do assassinato da modelo/socialite brasileira Ângela Diniz, ocorrido em 1976. Tal como Ângela, Nina, de início, parece ser odiada simplesmente por ser deslumbrante. E é assim que ela conquista a antipatia (para dizer o mínimo) de seu cunhado Demétrio e de sua esposa Ana. Timóteo, o irmão renegado, é o único da família, ao lado da governanta Betty, a dar uma chance à nova moradora. Somam-se a eles figuras como o médico da família, o padre da cidade, e, o mais importante, André, filho de Nina e Valdo, responsável, inclusive, por abrir o livro.

Aliás, devo avisar que o capítulo inaugural chega com os dois pés no peito da leitora; para mim, já este capítulo contém spoiler, pois é a partir dele que, impactadas, passamos a ser conduzidas por um mistério que nem entendemos direito qual é. Não há na obra uma charada evidente do tipo "quem matou?", mas (inexplicavelmente) ficamos (literalmente) até a última página aguardando respostas para uma pergunta que ainda tentamos formular. Eu mantenho o meu argumento de que aqui "somos todos Bentinho", mas igualmente arrisco dizer que nos tornamos todos Sherlock Holmes. Caímos quase que em uma leitura paranóica, desconfiando não só das personagens, mas até mesmo da nossa própria leitura. Acho improvável que alguém fique indiferente a este livro. Pro bem ou pro mal, é uma obra com a qual estabelecemos uma relação intensa.

E é este envolvimento hipnotizante com a leitura, gerador de bom entretenimento, que me fez manter uma nota de avaliação alta, apesar de ter percebido diversas falhas estruturais (sim, eu passei um pano pro Cardoso!). As personagens são bem construídas, não há aqui "mocinha x bandido", mas a mudança da personalidade dos relatos e dos escritos de cada personagem não é feita à altura. Não só falta diferenciar mais as vozes narrativas, como também uma mesma personagem, ou um mesmo tipo textual, muda muito de tom de um relato pro outro. Além disso, há enrolação demais neste livro! E não se trata de impaciência da minha parte, não é questão de estilo do autor, é enrolação pura e simples. Cansa e não acrescenta. Por exemplo, eu fiquei satisfeita com o desfecho da narrativa em muitos sentidos, mas a escolha de Cardoso por reservar a grande revelação da história para as páginas finalíssimas com certeza ("com certeza" = na minha opinião) prejudicou seu projeto de texto. É uma pena, porque talento fica evidente que o escritor tinha (aliás, que escrita sensorial!).

Na minha visão, Cardoso quis arriscar muito neste romance e não conseguiu vencer todas. Porém, a meu ver, sua multiplicação de Bentinhos já justifica seu lugar na estante dos clássicos brasileiros. Que Bentinho desta obra eu escolho para chamar de meu? O que as personagens dizem sobre Nina e o que eu faço com aquilo que me dizem? E, afinal, o que a imagem que tenho de Nina diz sobre mim enquanto leitora e, por que não, enquanto pessoa?

Clarice Lispector era apaixonada por Lúcio Cardoso. Talvez se ela tivesse realizado uma leitura-amiga antes da publicação deste romance algumas saliências teriam sido lapidadas. Mas, por sorte, o mel que seduziu Clarice resvala nas leitoras. E como acontece com o amor maduro, abraçamos o amado mesmo ciente de seus defeitos. Não é perfeito, longe disso, mas é intenso enquanto dura.

Obs.: Timóteo é uma personagem sensacional, ainda mais se consideramos o ano de publicação da obra. Não falei dele na resenha para evitar spoilers. Mas fica aqui a minha menção mais que honrosa a essa personagem e ao papel e ao lugar por ela ocupado neste livro. Primoroso!
Fabio 11/07/2023minha estante
Parabéns pela belíssima resenha, Ana!
???


Flávia Menezes 11/07/2023minha estante
Amiga, que nota boa!!! Eu até achei que a confusão desse povo fosse fazer com que desse uma nota menor, mas no final?o saldo foi positivo hein?
São tantas nuances que você nos apresenta (e presenteia!) que se torna estudo tão completo dessa sua leitura. Parabéns, amiga. Arrasou! Como sempre! ??????

Obs.: você sabe que ansiedade me define na sua avaliação de ?O Som e a Fúria?, não é? ?


Milena.Berbel 11/07/2023minha estante
Puxa, gosto muito das tuas resenhas.


Paloma 12/07/2023minha estante
Excelente ?????


anna v. 13/07/2023minha estante
Maravilha de resenha. Li este livro há uns 20 anos e agora fiquei animada para reler. Obrigada!


Ana Sá 13/07/2023minha estante
Vocês são muito gentis! Fico feliz que tenham gostado da resenha! ??

Flávia, o saldo foi positivo mas 0.5 da nota eu dei por pura emoção! ?


Carolina.Gomes 13/07/2023minha estante
Adorei Timóteo. Achei a escrita de Lucio elegantérrima. Não à toa Clarice era louca por ele.


Vania.Cristina 21/08/2023minha estante
Esse também tá no meu radar.




Kurio 26/06/2023

A Crônica da casa assassinada nos faz duvidar do real e nos instiga (provoca?), tal num limitado exercício investigativo, a maquinar uma série de juízos provavelmente imponderados sobre a Verdade, irradiada em suas páginas senão por relatos esparsos e confessionais de personagens atormentados.

Destaca-se na narrativa sobretudo a figura do 'distinto', do 'forasteiro' (menos regional e mais espiritual), que compele o que se acha estável, e que desafia o que se prende à realidade pelas ilusões e memórias atadas a uma penumbra melancólica.

Uma verdadeira confluência de vícios e fraquezas, o poder desta obra não está na engenhosidade da prosa, mas na profundidade humana na qual ela se mostra capaz de lançar uma luz enervante, espectral e reflexiva.
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GiuLaganá 25/06/2023

Vou reler
Li o livro degustando cada capítulo. Demorou sim, mas foi proposital. Escrito em confissões, narrativas, cartas, depoimentos e diários, o livro vai se apresentando de forma não cronológica e nos obriga a montar os acontecimentos em nossa cabeça.
Cada personagem apresenta seu relato sobre os fatos, sempre muito carregados de pensamentos, divagações, crueldades e significados.
O ser humano em sua forma vil, cruel.
Como vidas podem ser alteradas pela vontade de manter as aparências, tradições e segredos.
Obrigatório. Releitura obrigatória.
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Jonathan153 25/06/2023

Certamente, ocupa um Top 10 de Melhores Romances da Literatura Brasileira. Além de muito bem escrito, seu formato epistolar torna o enredo denso, intrigante e enigmático.
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lauramathias 24/06/2023

Interessante e incômodo
A escrita do Lucio Cardoso é envolvente mas em alguns momentos a história se manteve em uma nota só.

Com uma trama interessante e por vezes incômoda, este realmente é um livro que mexe com a gente. Confesso que mesmo com as reviravoltas a leitura é feita em uma nota só, com um ritmo morno igual ao do cotidiano parado da Chácara (uma tarde de domingo eterna).

Existem várias pontas soltas porque, no fim, o que nós lemos é um mosaico de relatos com tempo abstrato. É como se a história fosse contada a partir das descobertas de alguém que esteve de corpo presente na casa, especulando o que se conversava por trás das portas, mas sem interesse em desmiuçar a vida alheia.
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Simone Felix 27/05/2023

Todo mundo é quebrado por dentro!
Um livro insalubre, denso, pesado! A Casa é sombria e tem sempre alguém se esgueirando nas sombras pra espiar os pecados do outro! Todos os personagens são errados, todos, até o Padre!! O final é um boom de explodir a mente!! O autor descreve tão bem o ambiente que é possível sentir o cheiro de podre que emana na casa! Assim como parece possível sentir o cheiro das violetas do Jardim!
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JanaAna90 27/05/2023

Um tiro certeiro no preconceito
A história de uma família em decadência, que vive do que foi há décadas atrás; com esse enredo poderia ser só mais uma história mas o que Lúcio faz aqui nos deixa ávidos para ler, saber e entender o que está acontecendo, e assim aos poucos montar o grande quebra cabeça. Sim, um quebra cabeça porque como são vários narradores e cada um tem pontos de vista diferentes e visão de ângulos diferentes, precisamos separar o que é verdade do que é fantasia, ou loucura (porque o povo é louco por aqui). E a pergunta é: podemos confiar nos narradores? Nem todos, ou em nenhum? E isso se dá na maior parte do livro.
O livro é uma mistura de O som e a fúria e Os Budedenbrook, isso mesmo, o Brasil tem nessa grande obra traços de grandes autores estrangeiros; nem sei se Lúcio Cardoso leu esses livros (rss), porém eu li os dois e consegui ver e me lembrar deles, e o que vi na Crônica da Casa Assassinada não deixa a desejar em grandiosidade, beleza e narração. Ah! Também lembra o morro dos ventos uivantes. Aqui também tem personagens odiáveis, ouso dizer que a maioria (estou sendo até generosa), e que talvez por isso o livro nos prende tanto; o que teve trecho que eu não acreditava do que estava lendo, não foram poucos. Por isso e outros temas, que sempre foram tabus na sociedade, o livro causou tanto furor quando publicado.
O personagem principal é a casa que, já nos mostra o autor, o seu declínio seja por abandono ou mal uso, e pra mim Nina também faz parte do enredo principal que em alguns momentos se confunde com a própria casa.
O autor trás muito a questão da religião onde se questiona a culpa e o pecado, através dos personagens mais marcantes como Nina ( mulher do filho do meio), Timóteo (filho mais novo) e Ana (mulher do filho mais velho). A matriarca teve 3 filhos e que já tinha falecido quando se inicia o romance. A sensação é que eles ficaram presos à casa, tornando um cenário macabro e triste. E como se não bastasse ficar dentro, literalmente, da casa o mais novo decide por vingança ficar enclausurado dentro do quarto. Com esses elementos Lúcio Cardoso constrói seu livro.
O autor nos lega uma importante missão como leitor que é montar o quebra cabeça a medida que os fatos são narrados, desafiador e até difícil diante de coisas que nos coloca em dúvida, seja pelo caráter do personagem, seja pela história extraordinária que nos é contada. Confesso que desconfiei de todos, tive raiva da maioria (ficava exclamando: Não! De tão absurdas eram algumas histórias); enfim nos coloca a pensar que as pessoas agem de acordo com o que acreditam, por meio de suas crenças, cultura, educação ou meio no qual foram criadas.
Aqui há temas polêmicos e controversos, alguns até hoje nos causa horror, outros que foram nomartizados (não falarei para não dar spoiler), e que valem a pena ser lido. Para conseguir ler o livro temos que abrir mão de preconceitos tão arraigados em nós, porque se não a pessoa desiste, porque logo no primeiro capítulo o autor nos põe à prova. Pra mim super valeu poder ler e refletir sobre os temas e, acredito que, uma releitura seria muito bem vinda.
O final é um misto de choque ou como foi para mim, a certeza do que suspeitava no início, mas que mesmo assim nos surpreende e nos deixa também com questionamentos, que não serão respondidos, mas que posso trazer como aprendizado para minha vida.
Esse é mais um livro que levarei para a vida é sairei recomendando a todas as pessoas.
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Rebb.Rocha 26/04/2023

“Quem somos nós que assim passamos como espuma, e nada deixamos do que construímos, senão um punhado de cinza e de sombra? Debato-me, o coração me vem aos lábios: que é válido, que é invulnerável a fúria do tempo, qual o sentimento que não se esgota e não se ultraja?”
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