Crônica da Casa Assassinada

Crônica da Casa Assassinada Lúcio Cardoso




Resenhas - Crônica da Casa Assassinada


185 encontrados | exibindo 91 a 106
7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13


Lurdes 01/01/2022

Que livro maravilhoso.
Encerrei 2021 com chave de ouro.
A estória, contada por vários narradores, vai sendo construida, desvendada, aos poucos diante dos nossos olhos.
A familia Meneses, com certeza, vai ficar em minha memória por muito tempo.
Uma família, uma casa, uma tradição, que é quase uma prisão, que sequestra sonhos, vontades e os tritura.
Simplesmente brilhante!!!
comentários(0)comente



LER ETERNO PRAZER 30/12/2021

"Crônica da casa assassinada" Lúcio Cardoso um grande sucesso literário dos anos 50 que tive AGORA o enorme prazer de ler! Que história, que enredo, que forma ímpar de conduzir uma narrativa!!
Aqui vamos acompanhar essa maravilhosa história por meio de cartas, confissões, diários e depoimentos, dessa forma somos apresentados aos Menezes, uma família respeitada do interior de Minas Gerais. Na pequena cidade Vila Velha, os Menezes são quase que um mito, uma lenda, que chamam a atenção de toda a população do lugar! Os Menezes, uma família rica no passado, dona de um( na época ) belíssimo casarão e uma maravilhosa chácara, agora em decadência, sem dinheiro, vivendo atualmente do nome que construiu durante anos. Mas o interesse e o respeito pelos Menezes permanece. Na casarão vivem três irmãos e vários funcionários que parecem incapazes de abandonar esse lugar que já viveu do luxo.
Temos Demétrio, o mais velho, que cuida do que ainda resta dos bens da família. É casado com Dona Ana, uma carola quieta e recatada que se esconde pelos cantos.Timóteo, o filho do meio, vive trancafiado em seu quarto por ser considerado a ovelha negra da família. Por se vestir com roupas de mulheres, é mantido escondido do mundo e nutre um implacável ódio pelos irmãos por conta disso, mesmo assim, apesar dele ter liberdade de andar pela propriedade quando quiser, é como se ele estivesse preso, trancafiado em sua própria casa.Finalmente, temos Valdo, o caçula, está prestes a se casar com uma jovem carioca, Nina, dona de uma beleza exuberante e que acaba com o restinho de equilíbrio que a família tinha. É em torno dela que todo o enredo/drama se desenrola.
Logo de início, o destino dos Menezes, nós é apresentado através do diário de André, filho de Valdo e Nina, logo ficamos sabendo que Nina está morta e que um grande escândalo envolve a família. Em seu diário André fala sobre Nina como uma grande amante, a mulher que primeiro e mais o amou. Se você pensou, "opa, há um incesto aqui?", sim, isso mesmo. A relação de André com a mãe não envolve apenas amor materno, sempre se percebe um desejo além, um desejo de um homem por uma mulher.
Aqui, o que Cardoso nus propõe, é nos levar por todos os caminhos que vão até esse velório tumultuado de Nina, em todos os detalhes possíveis. É como um pesquisador da tradição familiar procurando o maior número de testemunhas possíveis para narrar o que aconteceu naquela casa. Porque não eram só Valdo, Demétrio e Timóteo quem chamavam a atenção do povo da cidade. A beleza de Nina e seu comportamento errático eram tão atraentes quanto os misteriosos Menezes. Sua presença lá ia contra todas as regras que a família tinha se imposto.
"Crônica da casa assassinada" tem início com o diário de André, segue pelas confissões de Dona Ana, os relatos do farmacêutico, do padre e do médico, as palavras de Betty, a governanta, os desabafos de Valdo e Timóteo e as cartas de Nina. Cardoso nos dá um enredo como um grande quebra-cabeça de narrativas, que vai fazendo sentido aos poucos. O que era mistério para um será revelado pelo outro. E tudo isso para nós mostrar a decadência familiar, as disputas, os segredos escondidos que acabam com qualquer reputação. A cada novo capítulo, Cardoso vai acrescentando uma nova peça desse quebra-cabeça. Tudo isso movido à desejo, inveja, tabus a serem quebrados. Nina é a faísca, o gatilho dos problemas que a Chácara enfrenta.
"Crônica da casa assassinada" é um livro de mais de 500 páginas que te deixa, ansioso para descobrir o que mais cada personagem pode nos mostrar, quem mostrará as suas garras a seguir, como as personagens vão se afundando cada vez mais nesse lugar e por que não há salvação para Nina e nem para os Menezes. É uma ótima história que merece toda a nossa atenção, ele é literariamente excelente. A escrita de Lúcio Cardoso é algo que impede você de deixar o livro de lado. Demorei um poço para finaliza-lo, sim, demorei, mas não porque o livro fosse, monótono ou ruim, mas porque eu não queria me desgrudar dele, como se eu não quisesse me despedir de toda essa história.
Como última leitura do ano, fechou com chave de ouro!!!
comentários(0)comente



Camila Faria 21/12/2021

A vivência pacata de uma família tradicional mineira da região de Vila Velha é abalada com a chegada de Nina, uma linda jovem do Rio de Janeiro, prometida em casamento para Valdo, um dos três irmãos da última geração dos influentes Meneses. Nina é um furacão, presa na chácara que é símbolo da decadência de uma família que vive mais de memórias e de prestígio do que de existência real. O livro se constrói em torno de Nina, descrita magistralmente por Timóteo (o irmão mais novo, que vive trancado num quarto, isolado dos demais) como uma espécie de anjo exterminador, cuja existência explosiva trará consequências desastrosas para todos ao seu redor. A história é contada através de confissões, cartas, diários e depoimentos, um mosaico de narradores em primeira pessoa que ajuda a construir o cotidiano da chácara e dos seus personagens: os irmãos Meneses, Nina, Ana, André, o farmacêutico, o padre, o médico e a governanta Betty. Cada um traz a sua verdade, o seu ponto de vista ~ influenciados por emoções, paixões e interesses pessoais – e é isso que torna a narrativa tão múltipla e tão rica. Como acontece com todos os grandes livros, fiquei dias pensando nos Meneses depois que terminei de ler. E Lúcio Cardoso, o autor, foi um grande amigo de Clarice Lispector (ponto a favor pra ele, sem dúvida). Essa edição da Companhia das Letras inclui uma crônica tristíssima (e belíssima) da autora, publicada pelo Jornal de Brasil em 1969, após a morte de Lúcio.

site: https://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-31/
comentários(0)comente



Ju 19/12/2021

A casa?
A casa é o personagem principal, mas os outros são descritos profundamente. Escrita perfeita Lúcio nos deixa asfixiados e angustiados nas narrativas de cada personagem. Fantástico!
comentários(0)comente



Kérolin 17/12/2021

Perturbador e maravilhoso
É uma injustiça absurda que esse livro não seja tão conhecido, pra ser idolatrado da forma que ele merece. É um tesouro da nossa literatura nacional, uma obra prima. Um livro que sentimos na pele, como se estivéssemos dentro da casa, convivendo com essa família. Onde todos os personagens são detestáveis e mesmo assim se torna impossível parar de ler. Esse é o livro que quem lê, nunca mais vai conseguir esquecer.
comentários(0)comente



Carolina.Gomes 10/12/2021

Devastador!
Que espetáculo de livro! Há tempos uma leitura não me deixava tão incomodada!
Foi uma imersão na vida dos Meneses: essa família de seres detestáveis!
Concluo, hoje, encantada, embevecida e chocada!
Como eu não conhecia esse autor genial?!
Já quero saber mais sobre ele, ler o que puder.
Que escrita maravilhosa! Visceral, empolgante. Amei!
Recomendo fortemente!
Fabricio268 10/12/2021minha estante
Oi Carolina. Se você recomenda fortemente, lerei.


Carolina.Gomes 10/12/2021minha estante
Vale a pena, Fabricio!


Fabricio268 10/12/2021minha estante
Já está na lista ?


Jéssica 10/12/2021minha estante
Eu havia abandonado a leitura... Mas definitivamente irei retomar após suas recomendações.


13marcioricardo 10/12/2021minha estante
Com uma resenha dessas... Vou ter que pôr na lista tbm ?


Mariana 11/12/2021minha estante
Já tinha vontade de ler, agora com ctz vai pra minha lista!!


Brenda.Podanosqui 11/12/2021minha estante
Esse já estava na lista e com uma recomendação dessas a gente vai providenciar é pra já!


Thamiris.Treigher 11/12/2021minha estante
Já queria ler muito, agora com dia recomendação vou ler o quanto antes!!


Thamiris.Treigher 11/12/2021minha estante
Sua**




Christian.Tharlen 24/11/2021

O inferno é literalmente essa casa!
Que livro meus caros, que livro!
Nunca um livro me trouxe reações físicas tão intensas, eu senti o cheiro da podridão e de um corpo em decomposição. Eu senti dores de cabeça, eu odiei meu lar, o estresse tomou conta de mim por vários dias e sinceramente teve uma semana que adoeci e fui obrigado a pausar a leitura.
Acho que nunca esquecerei dessa história e desses personagens tão bem criados e dessa história trágica. Um livro que requer psicológico, requer estômago e que acredito que não agradará a todos.
Única coisa que me incomodou em alguns momentos é a escrita dramática e teatral no entanto nada se perde no livro pois a poesia e a originalidade do livro é muito bem construída.
Um livro que serve como crítica atual a essa gente ignorante que prega o conservadorismo em nome de sua fé radical.
comentários(0)comente



Debyh 15/11/2021

Lendo hoje em dia preciso enfatizar o quão bem escrito é, desde você imaginar bem os detalhes do lugar e da época até as personalidades de cada narrador corresponder corretamente assim como a sensação de você saber um grande segredo (que na verdade quase todos sabiam), e ainda por cima temos um final que eu de verdade não esperava. Eu de verdade queria saber porque eu não conhecia nada do Lúcio Cardoso antes, depois desse livro fiquei com muita vontade de ler mais coisas dele.
Mesmo tendo escrito tudo isso nessa resenha ainda não sei se consegui expressar o quão realmente é bem escrito esse livro, aliás nem por isso é uma leitura fácil (ele não é curto e não é algo para se ler tudo de uma vez). Toda a situação de termos segredos horríveis dentro da Chácara (o que inclui o incesto argh) e até mesmo quando você percebe que eles simplesmente não conseguem sair de lá (sério, me perguntei isso o tempo todo) é tudo intragável para o leitor, este autor te deixa realmente desconfortável com toda a situação, mas mesmo assim você precisa ler até o final.
Resenha completa no link: https://euinsisto.com.br/cronica-da-casa-assassinada-lucio-cardoso/

site: https://euinsisto.com.br/cronica-da-casa-assassinada-lucio-cardoso/
comentários(0)comente



Cinara... 15/11/2021

Mastigou minha alma e engoliu.
"Morre-se de quê? da doença, que existe, do descuido, que acontece, ou simplesmente dessa coisa imponderável que se chama vontade de morrer?"


Declarar que o Morro dos Ventos Uivantes e agora a Crônica da Casa Assassinada serem meus livros favoritos da vida parece declarar que eu sou um tanto perturbada? ?
Completamente tóxicos os dois livros vão pelo menos caminho, mas da mesma forma que intoxica também cura!
Raras as vezes leio apenas um livro, sempre leio vários ao mesmo tempo, ao começar Crônica da Casa Assassinada fui sugada para dentro do livro, que livro fantástico!! que narrativa!!! Sumi do mundo, sumi de mim mesma ao passar por esta leitura.
Eu queria ter uma estante cheia deste livro para ter a sensação de ler um livro novo toda semana, mesmo sendo o mesmo livro a vida toda!
A narrativa já começa com a conclusão, você termina o livro e se pega no primeiro capítulo novamente! Quase entra em um ciclo sem fim de leitura e releitura.
Vai além da leitura! Vai do sensorial, do cheiro, quase até do toque! É uma experiência completa o que eu acabei de passar.
O que pode acontecer em uma fazenda em decadência em Minas Gerais? Tudo!
Pode-se até estar quente e abafado em suas linhas, mas só se sente frio e escuridão em cada página de janelas fechadas.
Tudo o que eu possa escrever nunca chegará ao mínimo do que este livro passou a representar em minha vida.
O final desse livro é de destroçar qualquer alma! Um dos melhores finais que já li!

Não é à toa que Clarice Lispector fosse apaixonada por Lúcio Cardoso, quem não seria?
Mil estrelas, favoritado da vida!
Mas defitivamente não é um livro que irá agradar todo mundo.
Lui 14/12/2021minha estante
Que resenha em, não é um livro que me chama atenção, mas depois da sua experiência, gostaria!


Cinara... 15/12/2021minha estante
Lui eu não tinha muitas expectativas para a leitura também e me surpreendi demais!. Vim ver seu comentário, e toda história passou em segundos novamente pela minha cabeça. Defitivamente desde que li já tinha virado favorito e só cresce mais essa leitura dentro de mim!




Luiz Felipe 01/11/2021

O livro trata da narrativa da decadência dos Meneses, família do interior de Minas Gerais, contada de forma fragmentada, através de diários, cartas, depoimentos e memórias. Existem na história elementos que remetem aos Compsom, de O Som e a Fúria de Faulkner, e aos Linton e Earnshaw, de O Morro dos Ventos Uivantes, no entanto é uma obra que possui uma identidade muito forte. Há muito do folhetinesco quando se pensa no tanto de reviravoltas existentes nesse livro, razão pela qual não acho que muitos spoilers sejam um aspecto positivo. Confesso que por saber que era uma narrativa fragmentada, esperava um estilo de escrita que deixasse muitas coisas no ar ou tivesse algumas particularidades que dificultassem a compreensão, mas o livro é escrito de uma maneira muito clara e objetiva, sendo que o enredo vai sendo costurado aos poucos, e a graça está na percepção de vários personagens sobre os outros e os fatos vivenciados. Ao final, não se sabe se as respostas obtidas são de fato verdadeiras. Livro incrível que merece mais reconhecimento e que com certeza será objeto de releitura! Destaque para Nina e Ana, grandes personagens femininas da nossa literatura! Figuras interessantíssimas e controversas.
comentários(0)comente



Jessica858 31/10/2021

Muito bom! Pena que não seja tão conhecido. Escrito com "documentos" dos próprios personagens. Um livro com cara de final de novela.
comentários(0)comente



Ana 25/10/2021

O retrato da decadência de uma família de prestígio
Enrolei demais pra começar a ler este livro pois já tinha folheado e vi que sua narrativa é extremamente lenta, mas fiz uma promessa de ler ele ainda este ano e assim o fiz.

Desse livro só consigo tirar a conclusão de que: por mais que uma família tenha "nome" e valor perante a sociedade, não faz dela a família perfeita. Eu tô chocada com as revelações, principalmente as do final.
Valeu muito a pena ler! ??
comentários(0)comente



arqueofarias 20/10/2021

Magnífico. Estou extasiado e sem fôlego com o final dessa leitura. A forma da escrita, a narrativa, a trama, os personagens e a ?agonização? da chácara e da família Meneses sem dúvida nos prende do início ao fim. Que alegria me deparar com Lúcio Cardoso, certamente dos meus favoritos da vida. Leiam !!!!!!
comentários(0)comente



MarciaCannecchia 17/10/2021

Não há uma realidade absoluta
São 56 capítulos de pura adrenalina. Bomba em todos os capítulos. Sensacional.
Onde eu estava que não conheci Lúcio Cardoso?
Lucio era contemporâneo de Jorge amado e depois de maleita, outra de lúcio, todos acreditavam q seguiria um estilo regionalista, característico do momento. Porém crônicas é um romance psicológico mais no estilo Clarice Lispector, sua amiga.

Olha. Uma das melhores leituras do ano.

Chico Felitti escreve no prefácio : "... Potencial inflamatório de uma obra que tece incesto, adultério, hipocrisia religiosa e fobia de tudo o que não é norma."
Ps. Não leiam o prefácio, contem spoilers.


Sensacional.

Leiam muito a crônica da casa assassinada.
comentários(0)comente



Luiz.Goulart 17/10/2021

Abrace o seu pecado
Escrito pelo mineiro Lúcio Cardoso em 1959, esta obra-prima integra o livro 1.001 Livros Para Ler Antes de Morrer e é considerado um dos dez melhores romances brasileiros de todos os tempos. Acabo de lê-lo e, em minha opinião, está empatado em 1º lugar com Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, e ganha de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, de Machado de Assis, tal sua qualidade.

A obra, pouco lida e comentada no Brasil, ficou esgotada por anos, chegando a ser comercializada por mais de um salário mínimo. Felizmente, este ano, a Cia das Letras relançou o romance em uma edição caprichada.

Crônica da Casa Assassinada é um romance epistolar, composto por cartas, diários e depoimentos de dez personagens com narrativa não linear e fragmentada por pontos de vistas diferentes e às vezes contraditórios. O capítulo inicial é um soco no estômago e o capítulo final deixa o leitor de queixo caído pela capacidade de ainda ser surpreendido, após quase 550 páginas num desfecho inimaginável. A pessoa que terminou de ler esse livro, dificilmente será a mesma que iniciou sua leitura, tal o impacto que continuará por um bom tempo na sua memória.

Essa é a história de uma família em decadência no interior de Minas Gerais vivendo na sede da Chácara dos Menezes, uma decadente casa dilapidada que é talvez o personagem mais importante da obra, já que não só é habitada pelos Menezes, como os aprisiona a um passado que jamais retornará.

Os Menezes são três irmãos totalmente diferentes: Demétrio, primogênito mais afetado pelo passado, Valdo, o mais comum, e Timóteo, homossexual e vergonha para todos, meio louco, eternamente escondido num dos quartos da velha casa, engordando imensamente e tramando uma vingança contra os demais.

A chegada da bela Nina, recém-casada com Valdo, desencadeia todas as crises que se estabelecerão. O que se urdia no subterrâneo da família aflora e Nina torna-se o centro de uma dinâmica totalmente destoante do que até então imperava. Ela recebe o amor frio de Valdo, os ciúmes da cunhada Ana, a paixão doentia de Demétrio, a aliança de vingança com Timóteo, a relação tumultuada com o filho André, a relação passional com o Coronel e com o jardineiro Alberto. Todos os sentimentos violentos surgem com a presença de Nina e ela não poderá ficar impune. A Casa, como uma entidade, em si, ou através dos que nela habitam, não saberão aceitar paixões tão intensas.

Chico Felitti, escritor do prefácio do livro, aponta que a matriarca da casa é a própria casa com sua atmosfera fantasmagórica. O livro tem ecos do romance gótico norte-americano O Som e a Fúria, de William Faulkner, acerca da decadência de uma família através das vozes de diferentes narradores; e também de O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë, que aborda desavenças e paixões familiares em torno de uma velha propriedade isolada.

Neste trecho Nina aconselha o filho André sobre como lidar com o pecado: “Assuma o seu pecado, envolva-se nele. Não deixe que os outros o transformem num tormento, não deixem que o destruam pela suposição de que é um pusilânime, um homem que não sabe viver por si próprio. Nada existe de mais autêntico em sua pessoa do que o pecado— sem ele você seria um morto”. É uma exortação para a liberdade, mas para os Menezes, a liberdade é um passado voando com gaiola e tudo.

Lúcio Cardoso foi um homem inteligentíssimo e atormentado que viveu intensamente e abusou do álcool e da boemia. Muito católico e homossexual assumido, esta dualidade está fortemente representada nos seus diversos livros, sendo A Crônica da Casa Assassinada sua magnum opus e exemplo da maturidade como escritor. Em um depoimento para um documentário sobre o autor, sua amiga Raquel de Queiroz lembra que Lúcio era um homem muito bonito e que sumia por alguns dias do convívio dos amigos e ao ser perguntado onde esteve, respondia: “Estive no inferno”.

Este livro foi indicado pela BBC como um dos precisavam ser lidos no verão de 2016 e em 2017, ganhou o prêmio BTBA de Melhor Livro Traduzido. Seus direitos foram vendidos para uma editora holandesa e vai virar um filme.

Evoé, Lucio Cardoso!

site: https://chacais-sempre-espreitam.blogspot.com/2021/10/cronica-da-casa-assassinada.html
comentários(0)comente



185 encontrados | exibindo 91 a 106
7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13