spoiler visualizarekatherinah 05/05/2022
O livro se mantém em terceira pessoa, mas alterna entre períodos, locais e focos diferentes da história. Somos expectadores da história, mas também do próprio circo com o narrador dizendo o que está acontecendo conosco ao entrarmos no circo, algo bem imersivo.
No decorrer do livro esses fios narrativos se trançam formando uma história fantástica e romântica desvelando os segredos e mecanismos para nós ao mesmo tempo que se revela para os próprios personagens. É só no final mesmo que você entende o que está acontecendo. A dimensão do jogo/disputa a gente começa a perceber quando temos contato com os gêmeos Murray - Poppet e Winget - e quando Tara Burgess começa a sentir que tem algo de errado (nisso vai, com certeza, mais de 30% do livro). E só vai se intensificando conforme vemos outros personagens extremamente afetados pelas magias realizadas no circo como exemplo do Chandresh.
De início é um pouco estranho, mas animador, essa parte em que o leitor se torna um expectador do circo com altas descrições - não maçantes, ainda bem! - para criar uma experiência mais imersiva A cronologia no geral segue linear (o confuso são as perspectivas), mas mais ao final é necessário atenção porque ela vai e volta já que conta coisas que ocorrem de forma simultânea.
A parte do romance não senti forçada, mas também não acho que foi bem desenvolvida ou simplesmente não tenha sido intensa como o resto da história. Não exatamente intensa, mas sabe, você entra em contato com coisas tão fantásticas que o romance parece meio...muxoxo em comparação. Ainda assim rola um envolvimento entre Célia e Marco que afeta a história toda. Como eu não ligo para o romance eu gostei muito do enfoque maior no circo, no jogo, na história como um todo.
No final ainda que não tenha sido o mega do plot twist, o aspecto da descrição imersiva do livro me deixou sem saber exatamente o que esperar da história, do que ela falaria e para onde caminharia. Então não foi uma grande surpresa, mas também não foi algo que pensei de cara.
O ponto que mais amo no livro é da descrição imersiva. Outra coisa que adoro são as descrições da estética das coisas, dos cheiros, dos sabores. É fantástico algumas coisas tão intrincadas, como o relógio da entrada do circo, que nem sabemos se é possível replicar na vida real. Eu adoraria ir a um circo assim tão misterioso, tão envolvente e tão fantástico que parece que você está em outro mundo. De certa forma a autora nos dá isso com a imersão específica e as descrições em geral também (é quase uma meditação guiada haha').
Não me deixou com gosto de quero mais, mas terminei pensando que foi um bom livro. Foi um livro difícil de dizer se gostei ou não, passei a história toda sem saber o que achar e terminei do mesmo jeito. Mas não foi desagradável, curti muito a atmosfera. Foi uma boa experiência de leitura, diferenciada.