Clara T 16/09/2023Sempre Teremos AliceMarina é uma sinhazinha do século XX, tendo vivido sempre em zona rural. Dispensou um casamento com o primo para casar com Roberto Steen, um homem viúvo e se mudou para o Rio de Janeiro. Mas Marina passa a viver na sobra da ex-mulher (Alice) por ser sua sucessora. O falecimento de Madame Steen é recente. Roberto a recebe como Marina, a segunda esposa. Mas sua irmã, os amigos e os funcionários parecem não perceber que Marina não é Alice. Até Roberto, em alguns momentos, se esquece e se dirige à Marina como Alice. A presença constante da falecida e a pressão que Marina sente diariamente ao olhar para o retrato de Alice começam a deixar Marina histérica. Marina quer outra vida, quer mudar de casa, mudar de amigos. Chega a procurar Miguel (o primo), mas percebe que seus sentimentos por Miguel continuam sendo de amizade, um carinho de irmãos.
A virada acontece quando Marina decide fugir.
Adorei a capa e as referências ao período histórico e o estilo de vida carioca que foi escolhido para esta edição. Também tem um texto auxiliar que trata das adaptações audiovisuais e a controvérsia do plágio de Rebecca. Mais um momento desagradável que autores brasileiros passam por publicar em português e se aventurar a traduzir para inglês. A arrogância de estrangeiros acharem que podem fazer um texto melhor, sem pedir permissão, ou pagar os direitos autorais e simplesmente deixar por isso mesmo. Neste caso, a intenção de Daphne nem era melhorar o texto, mas contextualizar na Inglaterra rural para ter mais apelo ao leitores europeus.
A inocência da criação rural, afastada da sociedade, permitiu que Marina se sentisse dominada por uma morta. A vida vazia e desmiolada da sociedade elitista carioca foi outro traço que favoreceu o ambiente para que Alice parecesse tão superior à Marina, apenas por ter vindo antes.
Leitura bem interessante e rápida, apesar das polêmicas. Fiquei tensa, sem saber se deveria ter esperanças ou se acabaria de forma trágica. Façam suas apostas, ou leiam até o final.