Fernanda631 31/07/2023
Um Brinde de Cianureto
Um Brinde de Cianureto foi escrito por Agatha Christie e foi publicado em 1944.
Em Um Brinde de Cianureto, Agatha nos traz um romance recheado de suspense – o que já era de se esperar.
Dessa vez, ela nos narra uma história em torno da morte da jovem e bela Rosemary Barton – suicidada com um champanhe de cianureto no dia de seu aniversário. Até então, é o que todos realmente acreditam que aconteceu. No entanto, após receber cartas anônimas alegando que a morte da esposa fora um assassinato – e não suicídio- , George Barton começa a desconfiar da veracidade das informações oficiais dada pela polícia: suicídio causado por uma depressão após uma gripe.
Decidido a esclarecer o caso por seus próprios meios, George tem certeza que o assassino de Mrs. Barton estava junto a eles no dia em que Rosemary supostamente suicidou – num restaurante refinado, comemorando seu aniversário.
Assim, ele tem a ideia de recriar a cena de um ano antes, no mesmo lugar, com os mesmos convidados, na mesma mesa, com um plano em mente que, ele acreditava piamente, faria o assassino voluntariamente se confessar.
Certo de que a polícia não vai voltar a investigar um crime já resolvido por eles, George tem a ideia de recriar o ambiente onde tudo aconteceu. Foi em um jantar para comemorar seu aniversário com os amigos mais íntimos que Rosemary tomou aquela taça envenenada. E será possível que um deles seja o responsável pela morte dela? George chama as mesmas pessoas para um jantar, dispõe os convidados da mesma maneira e infelizmente a tragédia volta a acontecer. Mas qual deles é o assassino? Ruth, a secretária apaixonada pelo o patrão; Iris, a irmã que herdou todo o dinheiro; Stephen, um possível amante, Alexandra, a provável esposa traída; Anthony que parecia enfeitiçado por Rosemary; ou até mesmo George que pode ter descoberto a traição da esposa? E qual seria o motivo para o assassino ter agido novamente?
Porém, a isca preparada não sai como o planejado, e o assassino, presente em torno da mesa, age novamente, fazendo uma segunda vítima – matando-a com cianureto em seu champanhe.
Nesse cenário, entra o Inspetor-Chefe Kemp e o Coronel Race, e juntos, precisam resolver o caso atual – descobrindo de que maneira o assassino envenenou sua vítima sem que ninguém percebesse. Dessa maneira, todos os personagens da trama são submetidos a um interrogatório, e cada um deles relata sua versão dos fatos.
Iris Marle tentou não pensar na morte da irmã após ela ter se suicidado, mas agora ela precisa se lembrar. Iris e Rosemary nunca foram próximas. A diferença de seis anos entre elas sempre pareceu ser maior do que realmente era. Seus interesses sempre foram diferentes e somente depois de adultas é que elas conviveram um pouco mais já que Iris foi morar com Rosemary e seu marido George Barton após a morte de sua mãe. Marido esse aliás, que Iris nunca entendeu o motivo de ele ter sido o escolhido de Rosemary, já que George era quinze anos mais velho que ela e apesar de ser um homem gentil, não é bonito e nunca teve dinheiro, diferente de Rosemary que herdou uma fortuna de seu padrinho.
E contrariando as expectativas, Rosemary foi muito feliz em seu casamento, pelo menos até aquela semana antes da tragédia acontecer. Rosemary estava se recuperando de uma gripe quando Iris a encontrou chorando sobre a mesa da sala de estar. E quando Rosemary saiu rapidamente afirmando que estava tudo bem, Iris encontrou sob a mesa uma carta endereçada a ela que mais parecia um testamento e que acabou sendo uma das provas que corroborou com o veredito de suicídio devido a uma depressão pós-gripe para a morte de Rosemary. E essa explicação foi aceita por todos, até agora. Prestes a completar um ano da tragédia George recebe algumas cartas anônimas afirmando que na verdade Rosemary foi assassinada.
A autora conduz a história de forma bem fluente e prazerosa, deixando o suspense a cada página – uma marca de suas histórias. O livro é dividido em três partes. Na primeira, nos é apresentado, em capítulos separados, cada um dos personagens envolvidos na trama, e nos é mostrado por que ele é um suspeito em potencial, pois cada um possui seus motivos para querer Rosemary Barton morta.
Na segunda parte, então, o plano fracassado de George de querer descobrir o suposto assassino de sua esposa.
Na terceira, e última parte, a investigação da segunda morte – e inevitavelmente o desfecho da primeira.
Agatha, mais uma vez, me surpreendeu com o final da história, pela revelação do verdadeiro culpado ter sido bem singular – incomum –, saindo da minha linha de raciocínio, e me surpreendendo, dessa maneira.
Esse sempre foi um dos meus livros mais amados da Agatha não pelo mistério ser um dos melhores, mas por eu ser uma romântica e esse é um dos poucos livros da Agatha que temos romance nele.
Mas entendo ele não estar entre os mais lidos dela e nem estar entre os melhores na escolha dos fãs da autora. Primeiro porque não temos os tão amados detetives Hercule Poirot e Miss Jane Marple, e segundo porque o começo do livro é um tanto arrastado e o mistério nem é tão misterioso assim. Mas como cada um tem suas preferências seja por qual motivo for, eu gosto muito dele. E não temos os dois detetives citados, mas temos um velho conhecido, o Coronel Race, que aparece em outras três histórias da rainha.
Para quem não sabe a Agatha trabalhou em uma farmácia antes de aceitar o desafio da irmã e escrever seu primeiro romance policial. Então grande parte de seus "assassinatos" são cometidos com venenos. E nesse até temos um deles no título. E o grande mistério dos crimes é saber como esse veneno foi administrado porque era algo praticamente impossível de acontecer.