spoiler visualizar@pelospontos 19/02/2023
UM BRINDE DE CIANURETO
“Seis pessoas estavam pensando em Rosemary Barton, que morreu há mais ou menos um ano.”
RESENHA
Rosemary Barton morreu no dia de seu aniversário, um ano antes da narrativa, no restaurante Luxembourg. Sete pessoas estavam ao redor da mesa:
Iris, Anthony Browne, Rosemary, Stephen Farraday, Ruth Lessing, George e Alexandra (Sandra) Farraday.
Rosemary morreu lá mesmo na mesa do restaurante “a face azul, cianótica, os dedos convulsos, apertados em garra”. Foi encontrado cianureto em sua bolsa, além de uma carta que parecia um testamento entre seus pertences. Isso, somado ao fato de ter estado abatida e gripada, fez com que sua morte fosse classificada como suicídio por “gripe seguida de depressão”.
Todos na mesa tinham motivos para querer Rosemary fora de suas vidas, mas haveria algum culpado? Ou Rosemary tinha realmente cometido suicídio?
Rosemary e sua irmã, seis anos mais nova, Iris Marle, não eram muito próximas. Aos dezessete anos, Iris foi morar com Rosemary e seu marido, George.
George, apaixonado por Rosemary, havia feito várias tentativas de ficar com sua amada, até que seu pedido de casamento finalmente foi aceito. Era quinze anos mais velho, amável, maçante e rico. Iris acreditava que Rosemary não era apaixonada pelo marido, tampouco estava interessada em seu dinheiro, uma vez que tinha seu próprio, que havia herdado, sozinha, de um tio, fato de que Iris parecia se ressentir.
Após a morte da irmã, Iris continuou morando com George, além da tia, Lucilla Drake, que se encontrava em situação de penúria devido aos sucessivos pedidos de dinheiro do filho, Victor, a ovelha negra da família, que estava sempre fora do país e dizia estar sempre em apuros.
Cansado de ver Victor se aproveitando da mãe, George pediu que Ruth Lessing, sua secretária, o encontrasse, entregasse dinheiro e uma passagem de navio para que se afastasse de uma vez por todas. Após o encontro, Ruth se sentiu mudada, cheia de raiva. Victor a provocou, obrigando-a a admitir para si mesma seus sentimentos para com George e seu ódio por Rosemary.
Seis meses após a morte da irmã, Iris encontra uma carta:
"(…) Nós nos amamos! Pertencemos um ao outro! (…) Não podemos simplesmente dizer adeus e seguir em frente (…) Vamos fugir juntos… e ser felizes… (…) quero ser correta em relação à coisa toda… mas não até o meu aniversário. (…) “Eu te amo. Nunca vou deixá-lo partir”.”
Tentando descobrir quem seria o amante da irmã, dois nomes se sobressaem: Stephen Farraday, um político em ascensão, casado com Alexandra, uma mulher reservada e fria; e Anthony Browne, um homem que viajava muito, amigo da irmã, de quem não se sabia muito sobre.
Stephen Farraday era um homem ambicioso. Dedicou-se à política e, para prosperar, aproximou-se dos Kidderminster, uma família influente da Inglaterra. Assim, Stephen conheceu Alexandra, filha dos Kidderminster, com quem se casou.
Apaixonou-se, entretanto, por Rosemary, e foram amantes por seis meses. Acreditava que a esposa não tivesse conhecimento do caso, mas Sandra sabia e decidiu nada fazer.
Rosemary queria vir a público com o relacionamento, mas Stephen não estava disposto a abrir mão da vida e carreira que havia construído.
Stephen pensava em como dete-la:
“Um copo de champanhe envenenado era a única coisa que manteria Rosemary calada.”
Anthony apaixonara-se por Rosemary à distância, mas o encanto passou ao se aproximarem.
Pensou em ir embora assim que Rosemary lhe informou saber que seu verdadeiro nome era Toni Morelli: não confiava nela. Mais tarde, apaixonou-se por Iris e, seis meses após a morte de Rosemary, os dois realmente se aproximaram o suficiente para que Anthony fizesse um pedido de casamento.
Iris percebeu uma mudança no comportamento de George na mesma época em que se aproximou de Anthony: estava mais distraído e ficava recluso em seu escritório, parecendo aflito.
Certa noite, George chama Iris e mostra-lhe duas cartas que haviam chegado três meses antes:
“Você pensa que sua esposa cometeu suicídio. não cometeu. ela foi assassinada.”
“Sua esposa rosemary não se matou. ela foi assassinada.”
George sabia que Rosemary não havia se suicidado.
Falaria com Coronel Race, um amigo de longa data, sobre seu plano: daria uma festa no dia dois de novembro (dia de finados), no Luxembourg, com os mesmos convidados.
Faria uma reconstituição do crime.
Fez os convites com a desculpa de que se tratava de uma festa de aniversário para Iris e que havia sido recomendação de um especialista que o local fosse o mesmo da morte da irmã, como forma de superar um trauma.
Na noite da festa, todos os que estavam na festa um ano antes compareceram. Após comerem e dançarem, retornaram todos à mesa. George propôs um brinde e, após beber de sua taça, “balançou para frente e deslizou da cadeira, as mãos frenéticas no pescoço, sua face tornando-se púrpura enquanto lutava para respirar. Levou um minuto e meio para morrer.”
A investigação teve início: Coronel Race, seu colega Kemp e Anthony Browne, que se descobriu fazer parte das autoridades, dedicaram-se a desvendar o mistério das duas mortes.
Durante a investigação, descobrem que George havia contratado uma atriz para se vestir como Rosemary e sentar-se na mesa quando estivessem todos dançando. Entretanto, a moça disse que recebeu um telefonema um dia antes, dizendo que tudo havia sido adiado.
“Então era este o plano de George? As luzes se acendem… Abracadabra, suspiros de pavor sobrenatural. Rosemary voltou dos mortos! O culpado diz, ofegante: “É verdade… é verdade…fui eu”
Por fim, descobrem que por trás de tudo estava Ruth Lessing e Victor Drake. Os dois, interessados no dinheiro herdado por Rosemary, a assassinaram e planejaram o assassinato de Iris, que herdaria a fortuna. Com sua morte, porém, a próxima herdeira seria Lucilla Drake e, assim, Victor e Ruth teriam acesso ao dinheiro.
Entretanto, ao voltarem para a mesa no dia da festa, George bebeu da taça que era de Iris e morreu em seu lugar, frustrando o plano dos dois.
“Um Brinde de Cianureto” é uma leitura fácil e tem uma trama bem construída. Os personagens são apresentados e caracterizados de modo que fica difícil excluí-los como possíveis culpados. Como leitores, acompanhamos os pensamentos e sentimentos de cada personagem e, inclusive, acompanhamos a investigação junto de Coronel Race, Kemp e Anthony, o que torna a experiência imersiva.
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