Julia 17/06/2021minha estanteMeu professor de Sociologia no primeiro período da faculdade mencionou esse livro. Não lembro muito bem o contexto, foi meio que uma piada, falando que esse indivíduo dizendo "prefiro não" ao chefe subverteu toda a ordem social - imagina seu chefe te mandar alguma coisa e você simplesmente responde "prefiro não", simples assim? Desde então fiquei com vontade de ler o livro e o li no segundo ano, com 21 anos. Não gostei, achei monótono demais, e acho que fiquei com uma expectativa mais política do que existencial, pelo comentário do professor. Mas tem alguns livros que eu leio, não gosto, mas de alguma forma eles não me deixam quieta, fico pensando neles até reler e amar. Foi assim com alguns dos meus livros favoritos, como "Cem Anos de Solidão" e "Amanhã, na Batalha, Pensa em Mim". Um dia comentei desse livro com um amigo meu que também gosta de literatura cabeçuda e ele disse que amava esse livro, que era um dos livros mais geniais que eu já li. Comentei numa conversa em que eu estava reclamando da minha vida de morar lá na puta que pariu, passar quatro horas diárias num ônibus, estudar à noite, trabalhar de manhã cedo num escritório em que eu era extremamente mal paga, trabalhava para gente de moral duvidosa (revisando processos jurídicos que ferravam o trabalhador, documentos da Monsanto e por aí vai) cercada de gente bolsonarista - minhas colegas eram bolsonaristas por serem evangélicas, minhas chefes por quererem "flexibilizar" as leis trabalhistas. Eu era extremamente mal paga e estava num período amargo da minha vida. Além de trabalhar no escritório e estudar à noite estava firmando uma carreira freelancer para mandar o escritório para a tonga da mironga. Eu disse que assim que tivesse mais segurança ia chegar no escritório e dizer "prefiro não revisar esse processo escroto" até ser mandada embora pagando de louca e feliz da vida. Isso já faz dois anos (dois anos de liberdade frila e bem paga), mas ainda não reli. Quem sabe esse ano, se eu preferir.