Tamara 10/07/2020
Por muito tempo eu ouvi leitores falarem da autora Francine Rivers e especialmente de seu livro intitulado A esperança de uma mãe, porém embora fosse uma leitura que eu já havia definido que queria fazer, ao mesmo tempo eu sentia que ainda não havia chego o seu momento, pois as histórias dessa autora são consideradas ficções cristãs e esse tipo de leitura requer uma atenção maior. Mas, quando procurava algo diferente para ler, me deparei com esse livro em minha lista e resolvi que iria conhecê-lo, e confesso que tive uma experiência maravilhosa, muito melhor do que jamais esperei, e foi uma leitura envolvente, marcante, viciante e que me deixou querendo mais histórias com aqueles personagens.
Mas, em primeiro lugar é preciso esclarecer a questão da ficção cristã, para que leitores não adeptos do tema não desistam da leitura antes de conhecê-la. Apesar de o livro falar sim em Deus, em acreditar em uma força maior e etc, ele nos deixa livres, ou seja, não impõe nenhuma religião, nenhuma crença específica, apenas traz personagens que acreditam em um ser maior e onisciente, e também achei que as menções a isso, embora sejam várias, são espaçadas o suficiente para não soar algo forçado e eu gostei do modo como Deus foi trabalhado diante dos personagens.
Dito isso, é importante então ir para a história em si. Nesse enredo, acompanhamos uma família ao longo de um século. Na verdade, no primeiro livro acompanhamos até mais ou menos metade do século, e no segundo, que também já li, acompanharemos a outra metade. Tudo começa com Marta, uma criança que sofre com a vida que leva tendo um pai extremamente rígido, violento e grosseiro, uma mãe que vive acometida por fraquezas devido a sua doença no pulmão, e uma irmã fraca e dependente de todo mundo. Marta sonha em sair de sua pequena cidade e conquistar coisas, e após algumas dificuldades em sua vida finalmente consegue isso. Assim, encontramos uma Marta de doze anos ainda esperançosa, depois uma menina que vai se tornando mulher e vai ganhando força e convicção, até se tornar uma esposa e mãe.
Admito que é até um pouco chocante acompanhar a evolução de Marta com o passar do tempo, pois a vemos endurecendo e até mesmo agindo com seus filhos como seu pai agiu em algumas vezes pois Marta, temente de ter filhos dependentes e fracos como foi sua irmã dedica-se a torná-los fortes, decididos e pessoas que não permitem que pisem em si, mas nessa tentativa, especialmente em relação a filha Ildemara, a menina mais velha e que Marta sempre sentiu precisar de uma maior atenção, ela cria uma rigidez ainda mais severa. Com isso, cria-se uma grande fenda no relacionamento entre mãe e filha e por um lado temos Marta aplicando uma rigidez em comum para com a filha pensando estar fazendo o bem e por outro, temos Ildemara que se sente não amada, não digna e que cresce com diversas questões não ditas entre ela e a mãe e durante toda a narrativa podemos acompanhar e entender o lado de ambas, e desenvolvemos uma imensa vontade de conseguir consertar tudo e ajudá-las.
Nesse livro, é incrível acompanhar a vida da família e temos durante todo o enredo a descrição do passar dos anos, do crescimento das crianças, das atitudes de Marta, e embora isso para mim tenha sido muito gostoso de se acompanhar, também entendo que para os mais desejosos de ação pode ser um pouco entediante. Também nesse ínterim, acompanhamos um pouco da história mundial por meio dos personagens que passam pela primeira guerra mundial, a quebra da bolsa de Nova York, bem como a segunda guerra, o que são fatos históricos que com toda certeza deixam marcas em nossos personagens.
Sobre os personagens, achei-os todos muito humanos, muito cheios de erros e acertos e em alguns momentos queria brigar com cada um deles, mas em seguida apenas queria abraçá-los, e enquanto os analisamos, podemos perceber como é fácil reconhecer os erros de outros quando estamos olhando de fora, mas é sempre mais difícil para quem está lá, vivenciando a situação.
A partir desse livro, podemos refletir muito sobre as relações humanas, sobre como erramos querendo acertar, sobre como palavras não ditas se tornam abismos, e também sobre como cada pessoa se comporta de um modo diferente diante das coisas que lhes são apresentadas e que é apenas preciso respeitar.
Em suma, A esperança de uma mãe foi para mim uma leitura maravilhosa da qual sinto até certa dificuldade de falar, pois foi algo que me fez ter sentimentos diversos, o que torna difícil colocar tudo em palavras. Ainda, posso dizer que recomendo essa obra para os fãs da autora, ou para aqueles que gostam de livros que trazem sagas de famílias, que falam sobre sonhos, planos, desavenças, crenças e perdão, e torço para que para aqueles que vierem a ler, essa leitura seja tão boa quanto foi para mim.