Resenhas - O Crime do Padre Amaro

cmvies 12/05/2023

Terrivelmente atual
Decidi me aventurar nesse clássico depois de tanto tempo sem tocar em um. Não foi uma leitura muito fácil principalmente porque o início é bem lento.. mas depois engrenou bastante.

Amaro nunca desejou ser padre e nunca teve vocação pra isso. Acabou se tornando sacerdote pela influência da Marquesa de Alegros que o criou como agregado após a morte de seus pais.
Passado o tempo, Amaro se muda para Leiria e assume a paróquia da cidade. Ao ficar hospedado na casa de uma beata da cidade chamada Joaneira, acaba conhecendo sua jovem e bonita filha chamada Amélia e é a partir daí que o que já não estava bom, piora!

De início eu senti pena do Amaro por conta dele nunca ter desejado se tornar padre, outra pessoa o empurrou pra vida eclesiástica. Ao passar do livro minha repulsa por ele só aumentou e qualquer traço de empatia se esvaiu.

Terminei a obra indignada por inúmeros motivos, dentre eles: a atualidade que não se perdeu, a ironia e genialidade do Eça e o desejo de um final diferente.

Stêfani 11/05/2023

Li com 14 anos, e lembro de me envolver com a história apesar da linguagem ser desafiadora pra mim na época. Mas me marcou muito desejar um final diferente.

Eric 08/05/2023

"Política e religião não se discutem!" Será mesmo?
Um dos clássicos que possuo satisfação ambígua em lê-lo, ora pela monotonia do roteiro na primeira metade do romance ora pelo convite do autor em debater certos temas polêmicos de caráter atemporal, vide o protagonista típico do realismo português.

De forma sutil, fazendo uma leitura da sociedade do século XIX, Eça de Queirós coloca em evidência a hipocrisia das instituições religiosas, políticas e etc. O "protagonista" (que é uma espécie de anti-herói) Padre Amaro representa a ala de seus colegas de batina, que usam da instrumentalização das religiões para seus interesses pessoais. O "antagonista" João Eduardo, representando a ala liberal, secularista, perseguido e calado pelos jornais por ser inimigo da Monarquia e do tradicionalismo. E por fim, Amélia, a grande vítima, podendo ser interpretado como a figura feminina ainda presa nos costumes patriarcais, sustentado por motivos político-teológicos.

Por fim, sem mais delongas, é de se constatar que o protagonista pode atrair os olhares de desdém de muitos leitores e, mesmo sendo uma espécie de "vilão" para eles, sairá bem-sucedido no fim da história em detrimento dos "mocinhos". Uma grande ironia para os adeptos do maniqueísmo literário.

Severino.Nasciment 06/05/2023

Muito bom o livro
"Crítica à sociedade da época" nada, é um tabefe bruto, despindo um comportamento de moral e bons costumes que fica só nas aparências.
Não duvido q aconteça, mas pode ter sido uma denúncia exagerada, quem vai saber? ?
Leitura clássica super recomendável.

Lu 02/05/2023

Eça esmaga!
Todo mundo!
Parece um rolo compressor, sai esmagando todo mundo!!
Até a única personagem abençoada da trama toda tem um fundinho de vaidades...
Amei!!!

b1ktwpas 18/04/2023

De padres assim está cheio o inferno.
Indo direto ao ponto, achei o livro entediante do começo até metade, visto que é pouco interessante a história de vida do padre Amaro, até para ele mesmo. A coisa começa a ficar estimulante, de fato, quando Amaro e Amélia começam a se envolver. Eu, no começo, não gostava de João Eduardo, mas ao ver a injustiça que sofreu dizendo apenas a verdade num folheto de jornal, passei a vê-lo com outros olhos, não só a ele como aos padres. Do que adiante ser o porta-voz das palavras de Cristo na Terra se vai agir com tamanha baixaria? Pelo título do livro achei que o crime de Amaro fosse amar uma mulher, ainda que tivesse que viver o celibato (outra coisa que não entendo no catolicismo), mas o buraco é bem mais embaixo. No fim, esperei que no final ele se desse mal de alguma forma, mas só quem saiu perdendo foram Amélia e João Eduardo em suas dignidades e vidas. O livro se encerra falando sobre as revoltas em Paris, mostrando um Amaro que já superou os traumas e está bem. E assim é, quase sempre na vida real.

Giselle132 18/04/2023

Tudo passa, menos a atualidade desse livro
Nossa! O que é que eu posso dizer sobre essa história? Agora só consigo dizer "uau".
Lendo hoje em dia, eu me pergunto qual o tamanho do impacto que ele causou quando foi lançado... E o mais incrível, é que continua incrivelmente e infelizmente atual!
Isso só me faz refletir sobre como o ser humano não aprendeu nada em séculos... desde sempre, zero esperança nas relações humanas!


"E quando é para o serviço de Deus, é uma arma. Aí está o que é ? a absolvição é uma arma!"

"Bem fazemos nós em pecar!"

"Olha que isso às vezes não é paixão, não está no coração... O coração é ordinariamente um termo de que nos servimos, por decência, para designar outro órgão."

"Disse-lhe que todas as suas inquietações vinham da imaginação torturada pelo terror de ofender a Deus... Que o Senhor não era um amo feroz e furioso, mas um pai indulgente e amigo... Que é por amor que é necessário servi-lo, não por medo..."

Davijonatan 11/04/2023

Eita, Padre não se poupou...
Muito bom, o legal dos clássicos é que eles conseguem ser legais e compreendidos mesmo séculos depois. Eu ri horrores em alguns momentos, em outros fiquei com raiva do protagonista. O livro é bom, realismo português, merece sua atenção :)

anaclaraujo 14/03/2023

O crime
Li esse livro para um trabalho de literatura na faculdade e confesso que ao iniciá-lo, não estava gostando muito (acredito que por não ser do gênero que estou acostumada a ler). vale a leitura

Dani 12/03/2023

A escrita de Eça de Queirós chega a ser viva e me transportou diretamente para Portugal do século XIX. A ambientação e apresentação dos personagens me parece que levou mais tempo do que levaria numa obra contemporânea, mas depois da contextualização feita, a leitura fluiu como água.

O Crime do Padre Amaro poderia ser somente um novelão, mas as entrelinhas do texto com a grande habilidade do autor nos fazem enxergar vividamente a crítica contra a Igreja e a moralidade hipócrita da sociedade da época.

Marcelle 04/03/2023

Ranço do Padre Amaro
Iniciei a leitura em 2020 e finalizei somente em 2023. Um lapso de tempo bem grande , enfim , um pouco devido a falta de interesse na leitura. Mas decidida a concluir, retomei, sem curiosidade não teria terminado e abandonaria com toda certeza. Mas, como grande "mexeriqueira" quis saber o fim de Amélia e o padre Amaro (ranço enterro dele). Para resumir, o Padre, que a princípio demonstra que não havia muito de seu interesse em ser padre, chega a nova cidade e conhece Amélia e sua mãe. Logo seduz a moça e a envolve num romance. Utiliza de seu poder religioso para afirmar que a reflexão dos dois seria abençoada por Deus. Amélia engravida e a partir daí inicia sua "desgraça e infelicidade", além de revelar-se o péssimo caráter de Amaro. Durante todo o livro podemos perceber as críticas ao poder da Igreja católica e ao comportamento hipócrita das pessoas. Fofocas, traições, trocas de favores , segredos, há de tudo. Infelizmente eu já esperava a morte da Améliazinha, me surpreendi com o fato do bebê não ficar vivo e sobre Amaro não ter nenhuma consequência, não é novidade, mas me deixou com raiva. Apesar dele ter ficado triste com a morte de sua amada e o filho, mas ainda assim, não gostei muito, merecia uma castigo moral diante da sociedade. Não poderia finalizar sem dizer: o quanto gostei do abade Ferrão e sua tentativa de ajudar a menina, e achei bem horrível as atitudes da madrinha de Amélia. E esse é o motivo pelo qual gosto de ler, experimentar sentimentos, como raiva, curiosidade, tristeza, e me envolver com a história. Fora o fato de que romances históricos possuem toda uma contextualização e carregam críticas e descrições dos modos de vida dos tempos em que viveram os autores. Gostei bastante.

Isa 26/02/2023

Publicado em 1875, mas ainda atual. Quantas pessoas se escondem atrás de uma verdade suprema , mas na verdade não honra o que diz. Nesse livro, na minha opinião, a máxima é a hipocrisia, hipocrisia de padres que não fazem o que pregam, hipocrisia de senhoras ?bondosas? que julgam a todos. Um clássico da literatura, vale muito a pena a leitura. Eça nunca decepciona!

AnaP14 22/02/2023

Para ler com calma
Na adolescência li " A cidade e as serras", do mesmo autor. Este livro me lembrou aquela leitura em críticas mais veladas: enquanto os que moram na cidade de Leiria mostram sua hipocrisia quase o tempo todo, o abade que mora numa cidade inteioriana, na área rural, é um contraponto piedoso.
Amaro não tinha vocação para padre e a obra nos lembra isso o tempo todo: era algo que foi imposto a ele. Isso é essencial para a compreensão da obra.
Outro ponto importante é pensar que aqueles que julgavam e criticavam os outros não conseguem ver os próprios pecados e defeitos.

Sara999 15/02/2023

Religiosidade destrutiva.
Uma leitura muito interessante! Acho que é mais sobre a relação das pessoas com suas crenças e convicções do que realmente sobre o romance vívido pelo padre Amaro.
Quando comprei esse livro pensei que se tratava apenas de um padre que pecou por amar, mas o buraco é bem mais embaixo meu irmão, é sobre a religiosidade destrutiva e formação social do indivíduo que trazem os conceitos de certo ou errado.
as pessoas podem ser culpadas por terem atitudes provenientes de suas experiências? É errado querer sair do papel que a você foi posto sem seu consentimento real? Sua crenças pessoais devem servir de parâmetros para outra pessoa?
Enfim, embora seja a parte central da história, não trata-se apenas de romance.

Carolina3029 06/02/2023

Livro do O crime do padre amaro
Livro em si, ele é bom pra 🤬 #$%!& , vcs vão gostar dele. Podem ler todos os capítulos são ótimos demais e toma junto com café