/QMD/ 22/08/2013
André não lida bem com esportes.
Myron Bolitar teria sido um grande astro do basquete se não fosse por um acidente que acabou com sua carreira profissional bem no início. Depois disso, ele se arriscou na faculdade de Direito, em Harvard, onde conheceu Windsor Horne Lockwood III, ou simplesmente Win, um homem rico, bem apessoado, famoso na alta sociedade que pratica ioga assistindo sextapes e acho justo ser violento com aqueles que cometeram crimes ou ameaçam cometê-los. Juntos, os dois e a ex-lutadora Esperanza montaram uma pequena agência que representa esportistas.
Jogada Mortal gira em torno de um único esporte: tênis. Logo no primeiro capítulo acompanhamos o assassinato de Valerie Simpson, uma tenista que, anos atrás, sofreu um colapso nervoso, foi parar em clínicas psiquiátricas e viu sua carreira escoar pelo ralo, que levou um tiro durante um torneio de tênis. Dias antes, ela telefonou para a agência de Myron procurando-o para retornar ao esporte. Porém, a polícia também descobre que ela havia feito ligações para Duane Richwood, uma outra grande promessa do tênis. O tenista acaba sendo um dos grandes suspeitos do crime, mesmo estando na quadra, visível por todos os espectadores do jogo.
Logo antes do colapso de Valerie, outros acontecimentos estranhos aconteceram. Roger Quincy se mostra um maníaco e passa a perseguir a ex-grande promessa do tênis, mandando fotos, convites, bilhetes, declarações de amor... E ainda temos o assassinato de Alexander Cross, morto após tentar impedir que dois jovens roubassem um clube de tênis durante uma festa. O jovem tenista era noivo de Valerie e filho de um senador, mas mesmo com tanto poder, o pai parece querer ocultar alguns fatos sobre isso e esquecer essa história. Quantos segredos estas pessoas podem esconder? Por que querem tanto fugir do passado?
Myron e Win são uma das melhores duplas de todos os tempos. São como Batman e Robin, Super Gêmeos, Dom Quixote e Sancho Pança, Ed Mort e Voltaire, Woody e Buzz... Porém, com muito mais estilo, companheirismo, sarcasmo e passos de dança. Os dois tem modos de pensar e agir bem diferentes e, por isso, acabam se completando. Ainda mais cúmplices e unidos, Myron e Win conseguem pensar, articular e arranjar meios de fugir daqueles que estão querendo omitir o passado. Win se destaca ainda mais que o cara que dá nome à série, na minha opinião, com seu jeito radical de pensar, manias e frases que solta, sempre roubando a cena.
Além dos assassinatos de Alexander e Valerie, temos ainda vários outros problemas a serem investigados, várias perguntas a serem respondidas. O que teria levado ao colapso nervoso de Valerie? Por que a mãe de um jovem assassinado pela polícia (um dos que estavam roubando o clube de tênis na morte do filho senador) fala mal de seu filho, enquanto todas as outras pessoas o enchem de elogios? Por que os donos da Tru Pro, uma grande agência do mesmo nicho que a de Myron, colocou homens para seguir e ameaçar ele e a sua família? O que teria levado o assassino a matar um outro homem durante o livro (não posso contar quem é por motivos de spoiler, haha)? Harlan Coben conseguiu encaixar todas essas e outras situações em Jogada Mortal com primor.
Apesar de toda a maestria com a qual Coben opera todas as situações e manipula a mente do leitor, Jogada Mortal é um livro bem morno. Basicamente, temos Myron Bolitar entrevistando pessoas que, de certa maneira, estiveram ligadas a pelo menos um dos crimes ou vítimas. Assim, temos uma porção imensa de flashbacks e indícios, enquanto nos outros livros ele traz perseguições, mortes, ação e mais aflição do leitor. Também senti falta do pouco de filosofia que o autor apresentou em outros livros: questões morais, éticas, limites...
Jessica, namorada de Myron, também é outra coisa que não curti no livro. As cenas em que ela aparecem são bastantes desnecessárias, a não ser por UMA, que quem leu o livro sabe qual é. Os diálogos que Myron tem com ela eram, na maioria, repetições de conversas com outros pessoas, mas com menos simpatia, claro. Para mim, Jessica esteve bastante avulsa durante Jogada Mortal. Espero que a participação dela em outros livros da série possa justificar tudo depois...
site: RESENHA COMPLETA: http://www.quermedar.com/2013/08/jogada.html