natália rocha 13/11/2020Uma das minhas leituras de outubro foi “Knulp”, escrito por Herman Hesse - meu primeiro contato com a obra do autor, aliás.
Foi uma leitura rápida e carregada de questionamentos sobre o roteiro que nos é imposto quando nascemos: crescer, estudar, trabalhar, casar, ter filhos e, enfim, morrer. As consequências de fugir dessa norma, seguindo um caminho totalmente oposto, livre de vínculos, vão aparecendo aos pouquinhos, de mãos dadas com sentimentos de solidão, não pertencimento e fracasso.
‘’Vivi a minha vida como quis, nunca me faltaram liberdade e coisas belas, mas permaneci sempre sozinho’’.
Acompanhamos três momentos na vida de Knulp, o andarilho, na Alemanha do fim do século XIX. Em suas andanças, o personagem encontra amigos que os dão casa, comida e carinho por alguns dias, mas nunca se deixa ser pego pelas amarras sociais.
“Era preciso deixá-lo ser o que era, e, caso o amigo estivesse mal e precisasse de abrigo, seria um prazer e uma honra recebê-lo – e era quase preciso ser grato por isso, pois ele tornava a casa alegre e solar.’’
No meio dessas andanças, conhecemos um pouco sobre a vida de Knulp e sobre como ele tomou esse rumo – ou melhor, de como não tomou nenhum rumo certeiro. O andarilho parece não ter dúvidas sobre suas escolhas na maior parte do tempo; mas, ao se deparar com uma casa limpa e aconchegante de um velho amigo, parece hesitar de leve.
O livro é repleto de reflexões sobre diversos assuntos, como a superficialidade do que é exposto socialmente como uma situação feliz; a efemeridade da beleza e o quanto essa muda conforme a nossa percepção momentânea; sobre a felicidade humana que nunca é plena e sempre quer mais; e sobre nostalgia atrelada a sensação de não pertencer mais.
‘’Na minha opinião, cada um deve decidir por si o que é verdade e como deve levar sua vida, não se aprende isso em nenhum livro.’’
Recomendo muito, certamente foi umas das minhas melhores leituras do ano!