Leila 15/11/2023Ignácio de Loyola Brandão oferece aos leitores uma experiência única com sua obra distópica Não Verás País Nenhum. Este mergulho no universo brasileiro pós-apocalíptico revela um olhar sensível do autor para as possíveis consequências de um futuro sombrio. Embora tenha apreciado a leitura, devo confessar que, em alguns momentos, me vi cansada, sem conseguir precisar se isso se deu pela riqueza excessiva de detalhes descritivos ou pela extensão da trama.
A narrativa, habilmente construída por Brandão, apresenta uma visão perturbadora do Brasil em um futuro distante (será mesmo distante???), onde a sociedade desmoronou, deixando para trás uma nação em ruínas. As muitas descrições contribuíram para a imersão no cenário caótico, permitindo visualizar vividamente as paisagens desoladoras e sentir a atmosfera sufocante do enredo.
No entanto, é precisamente nesse ponto que encontro um dilema pessoal. A profusão de detalhes, embora enriqueça a ambientação, por vezes me levou a sentir uma certa exaustão. A complexidade da trama e a extensão de alguns trechos talvez pudessem ser alvo de uma edição mais concisa, tornando a leitura mais dinâmica e fluida.
Ainda assim, não posso negar a importância desta obra na literatura distópica brasileira. Ignácio de Loyola Brandão apresenta uma visão única e autenticamente nacional sobre o tema, proporcionando aos leitores uma oportunidade valiosa de reflexão sobre o futuro da sociedade. A pertinência da obra se destaca, e a experiência de explorar uma distopia que se desenrola em terras brasileiras é inegavelmente enriquecedora.
Apesar da minha chatice, reconheço a relevância de Não Verás País Nenhum e acredito que a leitura vale a pena para aqueles que buscam uma incursão distópica diferente, ancorada em elementos e nuances da cultura brasileira. Este livro nos desafia a considerar o que poderia acontecer em um futuro sombrio e, ao mesmo tempo, nos proporciona uma rica tapeçaria literária que ressoa com a realidade contemporânea.