Aione
18/12/2018A Casa das Orquídeas é o primeiro livro assinado por Lucinda Riley, que, antes da publicação desse, escreveu outros oito títulos assinados por Lucinda Edmonds. No Brasil, a obra foi primeiramente publicada pela editora Novo Conceito em 2012 e, agora, recebeu uma nova edição pela editora Arqueiro.
Julia passou parte da infância em Wharton Park, mansão onde seus avós trabalharam por toda a vida. Já adulta, ela retorna ao local, agora bastante decadente, e conhece seu herdeiro, Kit Crowford, que entrega a ela um diário que, segundo ele, pertencera ao avô de Julia. Ao entregá-lo a avó, ela descobre que segredos do passado foram responsáveis pela ruína da propriedade — e que os mesmos segredos são capazes de abalar as gerações futuras da família.
A Casa das Orquídeas é um daqueles livros que reúnem várias histórias em uma. Ao mesmo tempo em que pouco a pouco conhecemos a trajetória de Julia, fortemente abalada por uma tragédia familiar, bem como o desenvolvimento de sua relação com Kit, que também carrega suas marcas, nos vemos também mergulhados em uma trama do passado, acompanhando a história de Olivia e Harry Crawford, que se estende desde o período pré-Segunda Guerra Mundial até os primeiros anos subsequentes ao conflito. Dessa maneira, a trama engendrada por Lucinda Riley é bastante complexa e, por isso, a narrativa que a tece precisa também ser minuciosa, a fim de dar conta de todos os detalhamentos responsáveis por tornarem a leitura completa e envolvente.
Um dos pontos que mais gostei da leitura, além da história em si, foi observar os personagens lidando com suas próprias dificuldades. Cada uma das figuras que aparece no enredo carrega suas cicatrizes, receios e anseios, de forma a, muitas vezes, se verem em situações complicadas, que exigem escolhas que, às vezes, parecem estar fora de alcance. Me agradou a maneira de como os conflitos emocionais foram colocados, especialmente por, também, estarem ligados aos contextos sócio-históricos nos quais cada personagem está inserida.
Porém, ainda que eu tenha gostado da leitura como um todo, senti certo afastamento, que não me permitiu uma conexão total. Como esse foi meu segundo contato com uma obra de Lucinda Riley, foi impossível que eu não o comparasse com O Segredo de Helena, cuja narrativa foi tão envolvente que me fez mergulhar de cabeça na leitura. Dessa vez, senti certa artificialidade especialmente nos diálogos, assim como muitos dos eventos mais me parecerem artifícios para fazer da obra cheia de reviravoltas do que eventos naturais na leitura. Com isso, quero dizer que, em boa parte do tempo, eu me lembrava que tinha um livro em mãos, em vez de simplesmente mergulhar e me sentir parte daquela história. Também, um acontecimento mais ao final, ligado à vida de Julia, me pareceu bastante desnecessário e soou como um “sensacionalismo” no enredo; em minha preferência pessoal, teria achado muito mais significativo que isso não tivesse acontecido, em vez de ter mais essa reviravolta nos acontecimentos.
De modo geral, embora eu tenha tido algumas ressalvas com A Casa das Orquídeas, ainda assim gostei da leitura e fiquei curiosa para conhecer outros trabalhos de Lucinda Riley, especialmente os mais bem comentados, como a série As Sete Irmãs. Ainda que a narrativa, dessa vez, não tenha me permitido um envolvimento tão grande, fiquei impressionada com a habilidade da autora em criar uma história tão completa e tão cheia de detalhes, além de seu talento em trazer cenários diversos ao enredo. Para quem gosta de histórias recheadas de acontecimentos, que mesclam diferentes épocas e espaços, o livro é mais do que recomendado.
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