As Brumas de Avalon

As Brumas de Avalon Marion Zimmer Bradley




Resenhas - As Brumas de Avalon


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Luiza 29/05/2014

Os livros são pequenos e de leitura rápida, não levei mais de 3 dias para ler nenhum deles, mesto tendo estágio e faculdade, exceto quando eu me senti meio doente demais para conseguir ler. A linguagem é simples, se comparada a outros livros do meu acervo (Silmarillion, oi), então para mim foi fácil de entender e acompanhar tudo. Nele, você acompanha a história, não do rei em si, mas de como ele chegou ao trono e de todas as políticas, principalmente culturais e religiosas, que envolviam o reino naquela época, mas tudo isso do ponto de vista das mulheres ligadas a ele: Igraine (a mãe de Artur e Morgana), Viviane (a senhora do Lago), Morgause (a irmã de Igraine), Morgana e Gwenhwyfar (ou Guinevere), viram o reino e seus acontecimentos cada uma com olhos diferentes, corações diferentes, e esse livro é extremamente envolvente por não se ater tanto aos cavaleiros, guerras e esse tipo de coisa, mas sim a toda a politica de dentro dos castelos, daquelas que realmente controlavam o reino, por mais subestimadas que fossem por ser "apenas" mulheres.
A história em si não é INCRÍVEL, devo admitir, mas ela me envolveu de uma forma intensa. A constante luta para que os cultos pagãos antigos não sejam completamente dizimados pelos cristãos é algo que me fascina, principalmente pela atração e amor que sinto pelas religiões antigas, e esse é o plano de fundo para as histórias contadas na série. Além de me identificar profundamente com várias personagens, e olhar para algumas delas e simplesmente pensar: "I know that feel, sis".
O livro é bem realista, e muitas vezes você vai levar socos no estômago da narrativa, e você provavelmente vai amar e odiar ao mesmo tempo boa parte dos personagens, inclusive o próprio Artur (alguns você só vai odiar mesmo (҂⌣̀_⌣́)ᕤ). Porém ele consegue te envolver numa aura de magia, sem nada muito fantasioso: é aquela magia quase toda real que tem sido praticamente esquecida nos dias de hoje.
Garotas que não conseguem aceitar o machismo, principalmente no cristianismo E nas histórias de fantasia, vão amar esses livros, disso eu tenho certeza, mas isso não faz dele um livro que um rapaz não iria gostar de ler (a menos que seja um rapaz muuuito chato, hihih), e tenho certeza que esse será um material fascinante para os amantes das lendas do Rei Artur.
Caso queira ver a resenha com fotos, acesse o link.

site: http://aleatoriedadesdeluiza.blogspot.com.br/2014/05/as-brumas-de-avalon.html
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Victoria Regina 24/04/2014

A história é contada pela visão das mulheres que faziam parte da vida do lendário Rei Arthur. Em seu primeiro volume, vemos a história da mãe de Arthur, Igraine, assim como o surgimento de uma personagem muito importante a Morgana Le Fray, esta é quem narra a história em certas partes do livro. No início vemos os feitos de Viviane, a Senhora do Lago, irmã mais velha de Igraine e tia de Morgana, que começam a parecer neste volume. Ao longo dos livros nos deparamos com Morgause, irmã mais nova de Viviane e Igraine, e que adquire cada vez mais espaço na história. E Gwenhwyfar, que tem sua importância ampliada ao longo da história. Porém não é só a lenda do Rei Arthur que é contada, como também, o expansionismo do Cristianismo e seu conflito com os cultos pagãos, em uma Bretanha cheia de intrigas.

Não tenho palavras para dizer como esse livro mudou meu modo de ver as coisas. A Marion Zimmer conseguiu transmitir a história de um modo, que muitas vezes dava para se sentir dentro da própria Camelot de Arthur, vivendo entre todos aqueles personagens, e sentindo todos aqueles sentimentos tão conturbados. Vemos a Bretanha, e os conflitos com os Saxões que fazem com que os homens partam para a guerra e com isso tornando as mulheres responsáveis pela casa e pelos filhos. O conflito entre o paganismo e o cristianismo vai crescendo, e cada vez mais somos questionados sobre as ações dos personagens e sua "ideologia". Os próprios personagens questionam suas atitudes em certa parte da série, e começam a se perguntar se realmente valeu a pena todo o esforço que fizeram. Eu nunca fiquei tão irritada como uma personagem como fiquei com a Gwenhwyfar, tinha horas que dava vontade de sacudir aquela menina e mostrar para ela o quão tola era. Mais faria o mesmo com a Morgana, uma vez que esta muitas vezes se comportava do mesmo modo...

site: http://ventodemudancas.blogspot.com.br/2013/11/as-brumas-de-avalon-marion-zimmer.html
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Bruna 11/04/2014

Das fadas...
Olha. Muita gente falava sobre as Brumas de Avalon, mas nunca tive oportunidade de ler. E gostaria de ter lido muito antes! A história é extremamente bem construída, vamos conhecendo junto com o envelhecer dos personagens. E essa experiência de obter a história por diversos pontos de vista em vários momentos distintos nos faz compreender ainda mais as ações de cada um. É um universo delicioso e dá muita vontade de continuar lendo, lendo e lendo... deixar-nos perder pelo país das fadas.
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Gerson 11/03/2014

Um novo prisma
A história do Rei Arthur sempre foi simples:
O bravo cavaleiro em armadura brilhante, cercado por homens de valor, sempre a serviço de um Deus e por ele protegido, com algumas mulheres que lhe deram dor de cabeça e um par de chifres.

Surge então uma nova visão: Uma generosa dose de "lama na armadura", os homens ao seu redor são tão nobres quanto dá para ser, o que não é muito. A proteção divina possui múltiplas fontes e o rei fica dançando entre elas.
E as mulheres de sua vida não lhe deram mais dor de cabeça do que ele merece pelas coisas que faz. (Exceto o par de chifres, essa foi gratuita.)

A figura da Morgana passa de uma mulher rejeitada, para uma mulher apaixonada, mas com deveres a cumprir.
O Merlin deixa de ser um homem sábio, e torna-se vários com maior ou menor capacidade de exercer o cargo.

Uma narrativa que aniquila a bidimensionalidade na qual as mulheres da vida de Arthur estavam atoladas, e apresenta os eventos por uma perspectiva mais realista, ainda que totalmente sobrenatural.
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Ednes 11/02/2014

Rei Arthur repaginado
Adorei conhecer a lenda do Rei Arthur sob a perspectiva das mulheres, que estiveram presentes ao longo de todo o seu reinado, nos bastidores, mas nem por isso menos importantes.Sai daquela esfera de violência das batalhas e toma um cunho mais sensível, envolta numa esfera de magia e mistério. Personagens inesquecíveis como Morgana enriquecem ainda mais a saga. Só não releio porque tenho uma fila absurda de livros ainda não lidos, rs. Mas esse fica no coração!
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Granada 11/02/2014

A história do rei Arthur contada pelas mulheres...
O mais interessantes desses livros é que os cavaleiros e o rei Arthur são coadjuvantes. As mulheres são as peças importantes... o pensamento feminino é muito evidente... são elas que manipulam os desfechos das histórias... se eu fosse fazer uma analogia... os cavaleiros seriam a pintura(são eles que aparecem de fato) e as mulheres seriam: o ambiente(elas que criam as circunstancias e modificam os cenários), a moldura(elas que sustentam os reinos) e a iluminação (todas as idéias partem delas) .
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Érica 08/02/2014

Brumas que protegem nossas ilhas sagradas
A coleção As Brumas de Avalon, constituída pelos livros A senhora da Magia, A grande Rainha, O Gamo- Rei e O prisioneiro da árvore caíram em minhas mãos quando eu era ainda adolescente tinha cerca de quinze anos e os obtive emprestados de uma professora.

Iniciei a leitura meio clandestinamente como sempre ocorria quando eu me pegava lendo livros que estavam em desacordo com as crenças religiosas segundo as quais eu fora criada. E as Brumas batem forte nestas crenças. Enquanto eu fui criada como cristã, a ficção de Marion Zimmer Bradley é pagã porquanto possui uma narradora que é alta sacerdotisa do culto celta antigo, reproduzido segundo a interpretação da ficcionista que foi, ela mesma, wiccan durante boa parte de sua vida.

E, confesso que fiquei fascinada pela visão de Bradley das estórias sobre o ciclo arturiano sim, aquelas lendas legais que inventaram os super-heróis só que sem super-poderes afinal, os Cavaleiros da Távola Redonda, companheiros do Rei Arthur, nada mais são do que defensores da justiça, espalhando paz por onde passavam em sua busca eterna pelo Santo Graal. Já havia lido vários livros do ciclo arturiano quando iniciei a leitura da série e realmente, me surpreendi com o tom do enredo absolutamente diverso dos que já havia lido.

Primeiramente, boa parte da testosterona foi removida os mais afoitos diriam que com ela saiu metade da aventura, mas se você for paciente o suficiente, verá que não: a aventura permanece ali, mas de maneira menos agitada. O livro, afinal narra a vida do Rei Arthur sob a perspectiva de sua irmã, a Duquesa da Cornualha, Morgana LeFay ou Morgana das Fadas.

O primeiro livro, A Senhora da Magia, como seu título sugere, tem por personagens principais Viviane, a Senhora do Lago, matriarca pagã e de grande ascendência política; e Igraine, sua irmã a qual foi dada em casamento a um cristão, com quem teve Morgana. O casamento se deu meramente por interesses políticos ligados à manutenção de Avalon a ilha secreta, centro do culto da Deusa Ceridwen, a qual foi afastada do mundo por uma grande magia druida com o objetivo de protegê-la do avanço cristão. Ela está, por isso, envolta pelas brumas do título da série, e apenas pode ser alcançada por sacerdotisas treinadas e capazes de chamar a barca sagrada, levantar o véu e entrar.

Quando começa o enredo, a Bretanha está sendo invadida pelos saxões e seu Grande Rei Ambrósio está velho e morrendo. Viviane, através de suas manobras, quer assegurar que sua terra permaneça coesa e combata junta a ameaça exterior. Além disto, ela quer preservar o respeito ao culto da Deusa.

Para isto, o próximo Grande Rei deverá ser alguém a quem os pictos, o povo pequeno e os cristãos possam servir juntos. Assim, consultando a Visão e usando de sua sabedoria, sempre acompanhada do Merlim - aqui um título e não um nome ela decide casar sua irmã com Uther, o Duque de Guerra de Ambrósio, coroando-o segundo os ritos ancestrais, como um rei pagão, levando sempre em consideração a linhagem materna, representada pelo sangue real de Avalon presente em Igraine.
Os padres o coroariam como cristão, o que representaria a união e o respeito entre as crenças que agora dividiam a Bretanha.

É interessante notar como em sua ficção, Bradley explica detalhes ostensivamente ignorados por outros contadores das lendas arturianas. Por exemplo, explica como Gwydion, chamado Mordred, filho incestuoso de Arthur e Morgana foi gerado durante sua coroação pelo ritual pagão durante o qual o consorte da Rainha deve matar um gamo ou ser morto por ele para renovar a terra. Ela ainda fala do amor que une Galahad, conhecido por Lancelot, e Guinevere, a esposa de Arthur e o porquê deste os tolerar como amantes em sua corte.

Mas, realmente, para mim, o mais importante foi a maneira pela qual a estória foi contada ressaltando personagens femininos e suas contradições históricas e religiosas, especialmente quando são comparadas a forma libertária e pensante como as sacerdotisas da Deusa e seu povo são educados e a forma opressiva e depreciativa que as mulheres e homens o são no núcleo cristão.

A forma como as duas religiões são sempre colocadas em oposição neste livro, com o cristianismo sempre saindo em desvantagem, causou, inclusive, a fúria de alguns movimentos religiosos o que, engraçadamente, apenas reforça a argumentação implícita da autora.
Devo confessar que esta série tocou certas cordas da minha personalidade ajudando a construir quem eu sou hoje e minha maneira muito particular de enxergar o mundo e as relações interpessoais (fizeram isto esta série e um outro livro do qual falarei posteriormente).

E que, mesmo depois das dezenas de livros que já li sobre o Sagrado Feminino que está tão na moda hoje jamais encontrei um tão bem escrito, com personagens tanto femininos quanto masculinos tão densos e palpáveis quanto os de Bradley.

(publicado no jornal cultural "Conhece-te a ti mesmo")
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João 06/02/2014

As Brumas Avalon narra pela visão das mulheres de Avalon e Camelot
a saga do rei Arthur.Até a leitura dessa saga eu só conhecia da história do rei Arthur o clássico filme da Disney(A Espada era a Lei) onde o jovem Arthur se torna rei ao tirar a espada cravada na bigorna.
A saga descrita em As Brumas é completamente diferente e nada tem da inocência do desenho.
Intrigas,,mortes e manipulações e uma guerra entre o cristianismo e o paganismo compõe o enredo dos livros.
Todos os personagens são bem estruturados e você vai aos poucos se apegando a cada um deles.Apesar de ser o rei Arthur o mais conhecido não há dúvida que quem realmente nos toca é Morgana.
Morgana é tão humana,cheia de contradições.
Ela é ao mesmo tempo boa e má,mas não tem como não gostar dela.Ao contrário de Morgana, Gwenhwyfar(que nome!!) é uma personagem sem sal,chatinha mesmo.Manipuladora,que não sabe o que quer;ama Lancelote mas também ama Arthur,tem ciúmes da amizade de Arthur e Lancelot,é uma fanática religiosa que odeia Avalon e tudo que a ilha representa mas que quando lhe é conveniente pede ajuda da magia de Morgana.Não senti nenhuma simpatia por ela em nenhum momento.
São muitos personagens e todos eles são marcantes,desde o Merlin Taliesin até a sensual Morgause.
Apesar dos livros falarem da saga do rei Arthur as guerras que o lendário rei participou são apenas citadas,então quem espera guerras e ação pode se decepcionar um pouco.
O que realmente chama a atenção na saga é a maneira como a religião
manipula as pessoas.Seja o cristianismo ou o paganismo tudo e todos são manipulados.
Seja mortes,intrigas,traições os personagens passam por cima de tudo e todos para que o seu credo seja mantido.Seja pelas mãos de Viviane
ou Morgana,Gwenhwyfar e os padres tudo acaba se tornando manipulação e fanatismo.
A palavra manipulação rima perfeitamente com religião.
É muita coisa em jogo;muito sofrimento,muito sacrifício que os personagens vivem em função da sua crença,para que o seu Deus ou Deusa prevaleça.A autora soube conduzir isso muito bem.
Uma saga excelente que vale a pena ler!Gostei muito de conhecer essa outra história do rei Arthur.
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Islene 04/02/2014

Valorização feminina
A História sempre é contada enfatizando os grandes reis, cavaleiros, escudeiros, enfim, os heróis.
As Brumas de Avalon nos brinda com o lado feminino do reinado do rei Artur, a importância feminina, as conspirações, o amor proibido de Lancelote e a a esposa de Artur.
Os bastidores da História que muitas vezes acontecem numa cozinha de castelo.
Foi muito bom saber um pouco de Guinevere, Morgause,Morgana e Viviane. Como essas mulheres manipulava seus maridos e amantes. Todas exceto Morgause queriam a paz e um reinado equilibrado, enquanto o foco de Morgause era ser a grande rainha de Camelot.
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Joviana 18/01/2014

As Crônicas de Artur... ou de Morgana das Fadas!
As Brumas de Avalon, coleção de 4 volumes escritos primorosamente pela talentosa Marion Zimmer Bradley, constituem um relato intenso, criativo e envolvente das crônicas do Rei Artur e os seus Cavaleiros da Távola Redonda por uma ótica ainda não explorada de suas mulheres.
Morgana , Guinevere (que aqui se torna Gwenhwyfar), Morgause e mesmo Igraine e Viviane ganham vida de fato, e se apresentam de forma multidimensionada e profunda.

Um relato tão palpável que durante a leitura temos a real impressão de que o mundo criado por Bradley está ao alcance das mãos.

Podemos destacar a evolução de seus personagens como um ponto extremamente positivo da série. A autora nos leva a conhecer os posicionamentos mais infantis de seus personagens, fazendo-os evoluírem e se modificarem a medida que os anos implacáveis forma rugas em torno dos olhos de cada um deles. Podemos aceitar que as decisões mais dolorosas de Morgana são apenas desígnios incontestáveis da Grande Deusa, ou apenas eco de sua própria convicção e orgulho. Não há respostas prontas ou fatos indiscutíveis em "As Brumas de Avalon".

Feitiçarias, fé cega (ou não), paixões avassaladoras, amizade e ambição misturam-se para formar uma trama construída de forma muito natural e crível.Terminar de lê-lo gera uma certa saudade e melancolia, como as brumas se fechando em torno da esquecida cidade de Avalon.

Recomendo!

Joviana Marques
Clube do Livro JF
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Luana 22/12/2013

Com a chegada do cristianismo às ilhas britânicas, os seguidores da antiga religião de Avalon se sentem ameaçados: passam a ser vistos como um perigo à moral humana diante das distorções de valores espalhada pelos cristãos fundamentalistas que agora habitam a ilha sob a égide do Império Romano. Viviane e Morgana são as mais ativas na luta contra o fundamentalismo cristão e buscam, não raras vezes criando seu próprio fundamentalismo, manter viva a tradição, o respeito e a chama da Antiga Religião de Avalon, lutando contra as proibições e costumes impostos impiedosamente sobre seu povo.
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Thyago 12/12/2013

Maravilhoso
Aconselho a leitura, principalmente se você gostou do filme (você vai odiar o filme depois de ler...)

A História do Rei Artur contada pelas mulheres. Morgana das Fadas não é tão má quanto pensam...

Não me arrependi em lê-lo.
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Andy 30/10/2013

http://condadoliterario.wordpress.com/
Em vida, chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra o Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chama a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré – que realmente foi poderosa, ao seu modo –, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?

E assim, Marion Zimmer Bradley inicia uma das suas obras mais famosas: As Brumas de Avalon. Dando voz à sua protagonista, ela fala diretamente a quem lê e reconta a história de um dos heróis mais famosos do ocidente – o Rei Arthur – sob o ponto de vista das mulheres que o circundavam, com destaque a Morgana, a já mencionada protagonista. Este pode ser considerado o grande diferencial da obra, dividida em quatro volumes. Toda ação é centrada nos bastidores da corte real e das guerras, a vontade das mulheres move os teares da trama. Aliás, a perspectiva feminina é marcante no estilo da autora.

O pano de fundo da saga é o confronto entre o Cristianismo pujante e o paganismo, representado pela chamada Antiga Religião, o culto à Grande Deusa. O matriarcado e o patriarcado tem um encontro não muito amigável, principalmente da parte dos padres, com sua verdade única, que lançava ao demônio tudo que contradizia e revelação bíblica. A motivação das grandes personagens da trama, Viviane – Alta Sacerdotisa da ilha de Avalon – e depois Morgana, sua sobrinha e sucessora no posto, é o desejo de manter viva a antiga religião. Em nome disso, farão coisas que alguns poderiam condenar… e outros não.

Marion recria o universo mítico do Rei Arthur de forma viva. Merlin, Lancelote, Gwenhwyfar (Guinevere) estão todos lá, mas preenchidos com uma verdade pulsante, contagiante. Todos com suas motivações, suas crenças, suas (in)coerências. Suas paixões são apaixonantes, você concordando com eles ou não. Avalon, a ilha da magia, último refúgio das tradições pré-cristãs, é como mais um personagem, envolta nos véus de bruma e mistério que a protegem dos olhos indignos, mas que se abrem como cortinas, conjuradas pelo poder da Alta Sacerdotisa, mostrando seus tesouros a poucos eleitos…

Morgana, herdeira desse legado e dessa missão, irmã do rei Arthur, representada como vilã em outras fontes, recebe um verniz de humanidade que a torna múltipla em seus matizes. Ela é esférica, complexa. Vai da luz a sombra, do amor ao ódio. Escapa à ética cristã. Contradição presente, inclusive e principalmente, na sua relação com o irmão. Faz o possível em nome da Deusa, que talvez seja ela própria. Que talvez, esteja em toda mulher, até mesmo em Gwenhwyfar, a Grande Rainha. Ela pode ser considerada a grande antítese da sacerdotisa: católica ao extremo, atravessada pela culpa e pelo horror à antiga religião, usará de seu poder junto ao rei para minar o paganismo nas terras da Bretanha. As duas ideologias se chocam através dessas duas grandes mulheres, cada uma a seu jeito. Os fãs geralmente não gostam de Gwenhwyfar, mas acho que ela cumpriu seu papel na história.

A representação do antigo culto, apesar de não ser uma verdade histórica, foi convincente. Não havia ideia de uma grande Deusa, pelo menos nesta época, mas de várias divindades locais, independentes entre si. A autora recriou um culto antigo, com base em ideias do neopaganismo. Mesmo assim, os rituais representados preenchem a historia de beleza e sentido. Constituem um fazer mágico que norteia a protagonista.



Podemos falar mais especificamente dos quatro livros, para indicar o que se sucede:

1 – A Senhora da Magia: Inicia-se com as primeiras ações de Viviane, então Senhora do Lago, e do Merlin (que é um título e não um nome próprio). Arthur e Morgana são crianças e começam a tomar parte nos seus destinos.

2 – A Grande Rainha: Entrada de Gwenhwyfar na história e as primeiras implicações que isto desencadeia. Há um “Quadrado” amoroso.

3 – O Gamo Rei: personagens são chamados a prestar contas por atos do passado e os primeiros abalos em Camelot.

4 – O prisioneiro da árvore: Todos os desfechos possíveis e imagináveis! A antiga religião sobrevive?

Considero uma escolha corajosa as guerras serem retratadas apenas a distância. Revela muita confiança da autora na própria capacidade de prender a atenção do leitor com o que ela deseja contar. E em alguns momentos, mais que a atenção presa, me senti sem fôlego, devido ao poder da narrativa. É como se as brumas me envolvessem e eu fosse levado a Avalon.

Tome a barca e deixe-se levar, pois, como diz nossa heroína:

“ Assim, talvez a verdade se situe em algum ponto entre o caminho para Glastonbury, a ilha dos padres, e o caminho de Avalon, perdido para sempre nas brumas do mar do Verão”

Se, após, terminar de ler, começar a se sentir como uma sacerdotisa ou como um druida, não diga que não avisei.

site: http://condadoliterario.wordpress.com/2013/10/30/as_brumas_de_avalon/
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