Nós matamos o cão-tinhoso

Nós matamos o cão-tinhoso Luís Bernardo Honwana
Luís Bernardo Honwana
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Resenhas - Nós matamos o cão-tinhoso


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Letícia 16/09/2023

Eles fizeram-me pequenino e conseguem que eu me sinta pequenino
Publicado em 1964, quando Honwana tinha apenas 22 anos e Moçambique ainda vivia sob o jugo colonial português, Nós Matamos o Cão Tinhoso! é considerado um dos marcos da literatura moçambicana moderna. A coletânea, que originalmente reunia sete contos, foi a única obra de ficção do autor, que participou ativamente do movimento de libertação de Moçambique e da política do país após a independência.

Publicado pela primeira vez no Brasil em 1980, Nós Matamos o Cão Tinhoso! permanceu sem edição por aqui durante mais de trinta anos, até ser republicado pela Kapulana em 2017, com a inclusão de mais um conto, inédito, chamado “Rosita até morrer”.

Em seus contos, Honwana denuncia a condição de exploração e segregação racial a que a população moçambicana estava subjugada em meados do século passado, escrevendo em uma vertente “africanizada” da língua do colonizador português, que incorpora termos da língua originária ronga.

A maioria das estórias se passa na capital Maputo, então denominada Lourenço Marques, e mais da metade é narrada pela perspectiva de crianças que, como em “Papá, cobra e eu”, passam pela experiência da perda da inocência diante de violências materiais e simbólicas.

O conto que dá título à coletânea, “Nós matamos o Cão Tinhoso!”, embora muito angustiante, é certamente o mais poético, fazendo uso de repetições de trechos inteiros para dar ao texto um ritmo e uma musicalidade únicos. Já “Nhiguitimo” projeta em um elemento da natureza, o vento sul que antecipa a chegada do verão, o anseio por mudança.

Esta é uma das coletâneas de contos mais regulares que já li: à exceção de “Inventário de imóveis e jacentes”, todos me impactaram profundamente. Me marcou especialmente “As mãos dos pretos”, conto em que um menino se depara com as diferentes narrativas, quase mitológicas e majoritariamente vexatórias, a respeito do motivo pelo qual as palmas das mãos dos pretos são mais claras do que o resto do corpo.

Iniciei a leitura sem grandes expectativas e terminei encantada com a potência dos contos.
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Eduarda 12/09/2023

Nós matamos o cão tinhoso!
Confesso que li por obrigação, afinal vai cair em um exame que eu vou fazer, mas gostei bastante do livro! O autor expõe o colonialismo e as crueldades dele com uma sutileza que grita.
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Micaasantos 10/09/2023

Ok
No livro existem 8 contos com temáticas próximas, gostei de uns, outros nem tanto. Mas acredito na relevância da leitura deles ja que cada um traz uma importante carga sobre assuntos como o racismo, o proletariado e opressão do povo moçambicano vivido no regime colonial português. A dinâmica de leitura foi boa por se tratar de contos curtos e mesmo sendo uma forma de escrita diferente, com palavras desconhecidas, consegui ter uma boa relação com os textos.
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Natália Cristina - Leitura por Amor 09/09/2023

Livro excelente, que traz um retrato triste do período em que Moçambique ainda era colônia de Portugal!
Leitura válida e necessária.
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nxcecvx 06/09/2023

Ao seu tempo alguém se encarregaria de os pôr na raiva
Lindo e emocionante!! É uma injustiça enorme que esse livro tenha um 3.7 como média de avaliação.

Os contos são todos muito tocantes, registro de asfixiamento, dor e revolta em uma cultura atravessada por uma história de luta e violência colonialista. Eu me pergunto como é que se dá, qual é o processo criativo e como é possível que se façam histórias com tanta sensibilidade e precisão quando leio alguma coisa como essa.
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Duda.Pescarolli 04/09/2023

Observações sobre cada conto
Nós matamos o cão tinhoso é uma coletânea de contos da literatura moçambicana da segunda metade do século passado, onde são ambientados cada um deles.

Apesar de ser uma ficção, há questões verídicas sobre a relação da sociedade moçambicana com os colonizadores sendo apresentadas de forma camuflada. 

Pecebe-se várias facetas da exploração e dominação portuguesa, como a submissão do homens moçambicanos pelo medo de enfrentar o homens brancos, a violência, a pobreza, o racismo, e a esperança X desesperança do povo.

A escrita é muito envolvente, e é curiosa em relação a alguns termos que não são comuns do português brasileiro.

1° conto:

É narrado em primeira pessoa pelo garoto Ginho, por se passar pela visão de uma criança, há uma percepção bastente sensível e infantilizada em alguns momentos. 

Várias vezes é retomada a descrição do cão tinhoso, que tinha olhos azuis, eram grandes e botavam medo, e era velho. Além disso, tem a história de que ele teria vindo de longe. Essa descrição pode simbolizar os colonizadores.

A única pessoa que gostava do animal era uma garota - a Isaura - que é dita como uma criança diferente e que ?faltava alguma coisa na cabeça?, isto é, alguém que não é normal no sentido de seu raciocínio/noção e só sendo assim para gostar do cão.

Se referem ao cão como tinhoso devido ao seu estado causar repugnância, e por isso os meninos são encarregados de matar ele.

Então os meninos se reúnem, armados, para cumprir a tarefa. Isso também carrega uma simbologia; de que são os jovens que têm a coragem de portar as armas, isto é, em uma revolução são eles que tem a coragem (enquanto os adultos já estão conformados), por isso serão aqueles que se livraram do cão tinhoso (o colonizador).

O Ginho, amedrontado por ser escolhido o primeiro a atirar, fica receoso em matar o cão, em vários momentos parece que ele vai se acovardar, mas cumpre o seu "dever".

2° conto:

Narrado em primeira pessoa por um dos filhos, descrevendo uma casa simples e como sua família grande é acomodada com dificuldade nela, por ser um espaço limitado para tantas pessoas. 

A forma como a casa é descrita pode simbolizar a opressão que sofrem pelos colonizadores, no sentido que eles estão submetidos a condições tão incômodas e limitadas, que causa a sensação de que não há muito que possam fazer - "mover" - lá dentro para mudar a situação.

3° conto:

O idoso - Madala -, cansado, permanece calado diante da humilhação que sofre, apenas com uma raiva contida, fechando as mãos com força como se esmagasse uma planta, assim como faz quando está trabalhando. Representa a submissão do povo moçambicano, que oprimido e desgastado, não consegue lutar sequer por sua honra. 

4° conto:

Um rapaz moçambicano, expulso de um estabelecimento, sendo espancado por um português. E ele não pode se defender, pois todos os outros que estavam lá eram brancos, e era como se estivesse sendo atacado por todos, mesmo que um único o batesse.

Simbolicamente ele apanhou de todos os opressores, pois estes se juntavam em liderança superior. 

Oprimido, ele decide ir para casa para ver a Velhota e os miúdos - sua mãe e seus irmãos pequenos, onde poderia tomar consciência, novamente, de sua condição miserável e desesperançosa.  

5° conto:

Narrado em primeira pessoa, novamente pelo Ginho, o menino do primeiro conto. Na pequena casa onde ele mora com a família entra uma cobre na capoeira e ela está matando as galinhas.

A cobra pode ser entendida como uma simbologia ao colonizador, isto é, ela é uma presença indesejada, traiçoeira, e que está matando as galinhas que estavam no local a princípio, consequentemente tirando forçadamente os bens de seus donos, os moradores da casa.

Há dois outros animais, o cachorro Totó (cachorro da família, com um nome inofensivo carinhoso) e o lobo (cachorro do vizinho português, com nome de predador/perigoso). 

No final, Ginho vê seu pai rezando e nesse momento pergunta ao pai se ele acredita em Deus. O homem responde positivamente, e que tem de haver esperança.  

Esperança essa que trata-se de ser, um dia, livre da condição de oprimido e opressor, ou seja, ele como moçambicano sendo dominado pelos portugueses.

6° conto:

Um garoto que tem a curiosidade sobre o porquê da palma da mão dos pretos serem brancas. 

ele pergunta para sua mãe e ela responde: que Deus fez o preto, mas se arrependeu pois os brancos os tornaram escravos. (querendo dizer que Deus se ressente do sofrimento a que são submetidos), então como já não podia fazer todos brancos, fez com que apenas as mãos fossem claras, então tudo que fosse feito, seja por um branco ou por um preto, seria feito por mãos iguais. 

Isso trata, mais uma vez, da relação do povo moçambicano com os colonizadores brancos, representando o racismo que existia. A fala da mãe do menino aponta que no final das contas todos são iguais, independente da cor, pois o que diferencia um homem de outro é o seu caráter e o como ele age, ou seja, como escolhe usar as suas mãos.

7° conto:

Esse conto mostra como um moçambicano prestes a ter suas coisas serem tomadas pelos portugueses.

Diante disso, no final, o narrador que escuta sobre a situação se incomoda consigo próprio e se pergunta como ele poderia estar acomodado em um bar desperdiçando seu tempo com coisas sem importância, enquanto acontecia tantas coisas no mundo ao seu redor.

Ele pensa que isso tem de mudar, sentindo uma súbita necessidade de agir contra o absurdo que ouviu.

Essa reação do narrador traz um ar de urgência, apontando que não se pode mais aceitar passivamente as condições que eram submetidos, ou seja, mais uma vez, desta vez com insatisfação, é retomanda a relação de oprimido e opressor que se baseava a vida dos moçambicanos em meio aos portugueses. 

Assim como o vento, que dá nome para esse conto, simboliza a ação que faltava chegar para confrontarem os colonizadores. 
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Juliaa13 01/09/2023

As mãos dos pretos
Leitura dolorosa, porém necessária.
"O volume é composto por sete contos que, de modo geral, recriam a atmosfera asfixiante vivida pelos trabalhadores colonizados e suas famílias e acabam por operar uma denúncia da violência material e simbólica, do racismo e de toda a sorte de injustiças a que era submetida a população moçambicana pobre em meados do século passado."
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juju :) 29/08/2023

"[...] aos cavalos mansos mata-se todos os dias."
Um livro extremamente forte e intenso. Em muitos momentos você irá precisar de uma pausa para relacionar tantos momentos angustiantes com tantas vidas que foram submetidas a isso em Moçambique.

Leiam e reflitam sobre os assuntos propostos nesses contos!
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euanacardoso 29/08/2023

Forte e intenso
Um livro completamente agonizante e angustiante.
Comecei a ler por causa da fuvest, mas depois percebi o quanto esse livro é necessário e o melhor dele é o fato de se tratar de um fato histórico da vida das pessoas de Moçambique, então o que me pegou no livro não é apenas falar sobre o racismo e o discurso de ódio e sim, tratar de uma questão de muitos anos atrás que acabou gerando esse livro maravilhoso. E a ideia do autor de colocar crianças para narrar os contos é simplesmente incrível, porque mostra o quanto a criança ela consome aquilo que você fala e pode demonstrar isso para o resto da vida.
Mesmo sendo de tirar o fôlego os contos desse livro, eu gostei bastante.
Recomendo apenas para os fortes.
;)
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giovana 28/08/2023

Bom!
É um livro muito bom, satistez minhas expectativas, já que eu li como paradidático pra escola e também como leitura obrigatória de vestibular.
Mas eu acabei me surpreendendo em alguns aspectos e em relação a análise que pode ser muito mais profunda do que a gente realmente observa na própria escrita.
Então, eu acho que vale a pena, não é um livro muito leve, mas também não muito pesado. A única coisa que eu diria é pra realmente tentar ler nas entrelinhas e relacionar com o contexto do livro, historicamente.
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bibia.sucena 27/08/2023

"aos cavalos mansos mata-se todos os dias."
Todos os contos são extremamente tristes, fortes e reflexivos. O meu favorito sem dúvidas foi "a mão dos pretos", que é movido pela curiosidade de uma criança e da mente deturpada dos adultos.
gii.avellar 27/08/2023minha estante
esse conto e lindo demais


Rayoo 27/08/2023minha estante
terminei ontem e ainda me pego pensando nesse livro, o conto " a mão dos pretos" tbm foi meu favorito a frase final da mãe para a criança ainda passa na minha cabeça.




Lia 27/08/2023

Nao tenho opiniões sobre esse livro, li pra escola e alguns contos sao legais mas a maioria é bem nhe e a escrita é muito difícil de entender
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