Ceile.Dutra 04/07/2012Resenha retirada do meu blog - www.estejali.comSabe aquele livro que quando você toca nele, já sente alguma coisa? Não, não sou louca, mas só de ler o título, já imaginei que seria uma história muito emocionante e de fácil identificação.
Mariana é a filha caçula e divide a atenção de seus pais com seu irmão um ano mais velho Guga. Esta divisão não parece tão favorável pra ela e é isso que ela narra no livro.
Ao descobrir que está grávida, Mariana tenta pensar no seu papel como filha. Começa aí uma grande viagem pela infância e adolescência dela.
Mariana relembra vários momentos em que sua mãe não foi tão justa com ela só para proteger seu irmão, estendo a narrativa contando o antes e o depois, não deixando o momento solto.
O livro não tem uma cronologia muito óbvia, reviravoltas impactantes, mas como eu disse, os momentos não ficam soltos. Ele mostra mesmo como é a relação entre mãe e filha, como Helena, mãe da Mariana, a trata com indiferença ou agressividade. Isso interfere muito no desenvolvimento de Nana, nas suas opiniões que muitas vezes são anuladas, na sua personalidade, já que muitas vezes ela prefere se calar a falar o que pensa para não magoar a mãe ou deixá-la brava.
Mariana também fala de sua amizade com o irmão, de sua admiração pelo pai e do ótimo relacionamento com ambos.
A mãe de Mariana não tem muito jogo de cintura e muitas vezes a impressão que dá é que ela realmente não gosta de maneira tão igual da Nana como gosta do Guga.
Li o livro até a metade com um nó na garganta que não saía, com um aperto no peito que doía. Minha vontade era entregar o livro pra minha mãe com o recado: "Pra quê escrever uma carta se já escreveram um livro?”.
Eu me senti muitas vezes da mesma forma que a Mariana se sentia, incompreendida, sem importância e isso ajudou muito nesta primeira parte do livro. Mas senti que da metade pra frente, aquele nó se desfez e achei que o livro perdeu o encanto. A narração tomou um rumo diferente, perdeu a poesia e ficou como uma história de cartilha. Sabe quando um livro é absurdamente real e de repente, surgem fatos que, apesar de serem "reais", não são compatíveis? Sei da mensagem que a autora quis passar nesta parte crítica, mas não achei que encaixou com o que foi proposto no início.
Enfim, depois de tanto tempo falando do comportamento lamentável da mãe, Mariana amadurece um pouco e então começa a, involuntariamente, avaliar o seu comportamento. É o momento que vemos o outro lado, e onde também começamos a refletir um pouco mais sobre nós mesmos e não achar que a culpa é só do outro.
Com certeza, quem tem um relacionamento um pouco conturbado com a família vai se identificar muito com o livro.
Comigo aconteceu mesmo que não seja tãããão conturbado, btw só me decepcionei para os rumos que algumas coisas tomaram, me lembrando de que aquilo era só uma história de ficção. Mas, ainda bem, consegui separar as partes que gostei e as que não e o saldo foi positivo para o livro.