caiohlp 10/06/2024
O medo leva à superstição
Messias de Duna é uma breve continuação do esplendor da fantasia científica, mais um ato magnífico do artista, as consequências políticas e religiosas dessa epopeia grandiosa e atemporal crescem cada vez mais rápido e a tensão aumenta com o clima de traição e perigo constante. Com a iminente tragédia anunciada pelo Jihad, Frank consegue fazer florescer as melhores qualidades de uma leitura no mais árido dos solos, Arrakis, sem se perder na profundidade que uma obra desse calibre exige, cada figura tem sua importância e disposição no intricado tabuleiro montado pelos mais ardilosos nos confins desse universo, todas as minúcias políticas, religiosas, prescientes, ecológicas e culturais funcionam como engrenagem para a épica trajetória de Paul Atreides e seu séquito. Essa identidade singular inspirou muito do que se conhece do sci-fi atual, pois a obra carrega consigo o peso de um cosmo primorosamente construído, uma trama impecável e um tom místico único, que reunidos trazem a própria força da vida à tona, sendo impossível dissociar a opressão e o fanatismo como gancho perfeito para classificar a leitura como muito mais que um simples clássico de ficção.