OgaiT 16/07/2022
Registro de uma História esquecida
Estruturalmente, o romance é contado pela perspectiva de 3 personagens: Conceição, Vicente e Chico Bento. A primeira é um professora que divide a sua vida entre o magistério, os cuidados dedicados a sua vó idosa e os retirantes dos Currais do governo. Já Vicente é o símbolo da teimosia de uma gente que insisti em permanecer em sua terra, ele também é apaixonado por Conceição que, assim como ele, prefere não assumir uma relação. Por fim, temos o Chico Bento, vaqueiro que já não tem nada que o alegre, muito menos esperanças para continuar ali em meio a grande seca.
Por mais piegas que essa sinopse possa ser, nada te prepara para o que você vai ler nesse romance. É, aliás, uma leitura de fôlego, em que você só sossega ao chegar à última página. A miséria do povo sertanejo do Nordeste brasileiro é sem dúvida o grande responsável pelo impacto dessa obra. Nesse sentido temos duas cenas em que a fome transforma aquilo a que chamamos de ser humano, são crianças que desesperadas de fome comem o que encontram pela frente, até mesmo uma mandioca braba.
Engraçado como o tempo passou e o meu gosto continua o mesmo. Ao lado de Vidas Secas, Menino do Engenho e Os Corumbas, O Quinze é um dos meus romances regionalistas favorito. Além de possuir um escrita leve e nada prosaica, Rachel Queiroz faz um recorte histórico de um fato pouco conhecido pela população brasileira: Os Currais do governo (campos de concentração do Ceará), criados para evitar que os retirantes da seca chegassem à capital Fortaleza.