Serena

Serena Ian McEwan




Resenhas - Serena


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Renata CCS 29/03/2014

“Gostar de um livro depende também da possibilidade de encontrar-se nele.” (Serena)

"Não há nada em que paire tanta sedução e maldição como num segredo." (Soren Kierkegaard)


Já faz um tempinho que eu estava curiosa para ler alguma coisa de Ian McEwan. Confesso que SERENA me conquistou logo na sinopse, principalmente por causa das palavrinhas mágicas “serviço secreto”. Sempre gostei de filmes de conspiração, tramas complicadas e agentes duplos, logo, uma premissa como essa não me passou despercebida. E o cenário em que a narrativa se passa - a década de 70 na Inglaterra, ou seja, em plena Guerra Fria - é propício para uma boa história.

Nesta história acompanhamos Serena Frome (pronuncia-se Frum, ela faz questão de esclarecer) nos contando suas memórias, suas experiências literárias e amorosas, e em como estas últimas estão intimamente ligadas. Serena é uma jovem inglesa apaixonada por literatura. Durante sua juventude colecionou algumas aventuras amorosas e, entre elas, estava Tony Canning. Com muita inteligência, cultura e um encantador chalé utilizado de refúgio amoroso nos finais de semana, ele conseguiu conquistá-la a ponto de mudar sua vida para sempre. Sem que ela desconfiasse, Tony a preparava para entrar no MI5, o Serviço Secreto Britânico. E depois de sofrer uma grande decepção amorosa com Tony, Serena vê seu ingresso no Serviço como uma espécie de recomeço. Mas, se no início pensava que seu trabalho seria estimulante, a decepção veio quando tornou-se uma espécie de secretária arquivista.

A reviravolta em sua vida começa apenas quando ela é selecionada para fazer parte do projeto Tentação que, apesar do nome sugestivo, a coisa é aparentemente simples: ela deve convencer Tom Haley, um jovem e promissor escritor a aceitar a ajuda financeira de uma instituição para poder dedicar-se inteiramente aos livros. Isso porque o Serviço acha que seria muito conveniente ter uma forma velada de propaganda, como outros estados produzem, e sem que o autor perceba que é isso que ele está fazendo. Tom Haley não pode saber que o dinheiro que recebe vem do MI5 e nem pode desconfiar que ele foi escolhido a dedo para o papel. Só que no meio do caminho - entre a leitura dos contos e o primeiro contato com Tom - Serena já estava apaixonada (mesmo que ainda não pudesse ter certeza). E mais uma vez o amor é responsável por todas as reviravoltas de sua vida.

Este pequeno resumo que fiz não é nada digno no livro de Ian McEwan, mas sinto como se qualquer coisa que eu diga possa estragar as surpresas da história. O que posso dizer é que SERENA é uma novela de leitura fácil na aparência, mas que, na realidade, é muito mais do que isto. McEwan chama o leitor para jogar, em uma espécie de brincadeira que parece só ter as regras esclarecidas na conclusão.
Serena é uma protagonista com quem simpatizei facilmente, não só por sua paixão pelos livros, mas porque ela fica próxima do leitor comum, pois tem os mesmos anseios e medos. Um deles é o amor. Ela é humana e por isso nos conquista tão facilmente!

Um fator bastante explorado – e que mais me conquistou - é a importância da literatura. Diria até que é o elemento chave, aquela peça fundamental que dá importância a toda a história. Ela está presente em tudo: no amor que a protagonista sente pelas palavras, nas missões secretas e, de forma ainda mais evidente, na própria escrita do autor. Além disso, a política também é um elemento bastante presente em toda a escrita. Dá para perceber a preocupação que o autor teve em situar os leitores no momento histórico e apresentar o panorama geral, sempre de forma diluída, inserida no contexto.

Criar uma ficção envolve uma espionagem real, pois é preciso pesquisar sobre a veracidade daquilo que se está narrando. Em SERENA, o autor mostra não ter o menor pudor em usar seu talento para manipular o leitor.

Vocês deviam ler Ian McEwan! Desvendar os mistérios dessa história, meus queridos, depende de vocês!

PS: obrigada querida Nanci pelo lindo presente!


Resenha publicada originalmente em 14/03/2014.
Nanci 14/03/2014minha estante
Renata:

Eu que agradeço pela deliciosa experiência de ler Serena e discuti-lo não só com você, mas com o grupo, que você gentilmente organizou.

Ian McEwan não escreve na superfície; ao contrário, explora várias camadas narrativas. Conhecer a opinião de vocês me possibilitou mergulhar em detalhes e elementos, aos quais talvez não tivesse valorizado sozinha.

Beijo, da Nanci.


Ren@t@ 14/03/2014minha estante
Adorei a sua resenha e também gostei demais de participar do grupo de discussão sobre a obra. Espero podermos compartilhar impressões novamente!


Helder 15/03/2014minha estante
Há tempos tenho este livro na minha fila de compras e acabei ganhando o arquivo em Epub de um amigo. Fiquei muito curioso com sua resenha e vou ver se passo ele na frente dos outros. Já li McEwan e acho que entendo o que vc fala. Leia Reparação. É um livraço. Literatura quase classica. Tudo bem pensado e escrito, e somente no final ele vem nos passar uma rasteira.


Pedrinho 18/03/2014minha estante
Compartilho de sua opinião Renata. Boa resenha!
Gostei de participar do grupo de discussão sobre o livro. Obrigado pelo convite!


Clara K 19/03/2014minha estante
Serena é um livro para ser digerido, e não engolido. Terminei o livro com a sensação de que perdi algo pelo caminho... Após o desfecho surpreendente, dá vontade de recomeçar a leitura, com outros olhos.


Arsenio Meira 21/03/2014minha estante
E o arremate do romance é impagável. Assim como esse traço que vc deixou aos que ainda não lera, o Serena, e certamente o farão, após ler suas palavras!
Abraços


Renata CCS 28/03/2014minha estante
Obrigada aos amigos skoobers pelos gentis comentários. Ian McEwan foi uma leitura que muito me agradou. Só me resta ir para a próxima!
Grande abraço.


Paulo Sousa 12/03/2024minha estante
Que bela resenha! E eu ainda não li nada de McEwan que tenha decepcionado?




Bila 02/08/2012

Vale (muito) à pena insistir na leitura!!!
Por inúmeras vezes o livro se arrasta...detalhes que não fazem (ou fazem)diferança o torna cansativo...mas só até certo ponto. O final inimaginável, imprevisível, romantico e sensível traduz toda a história. Surpreendente e apaixonante!!!
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Xxxxxxxx1 04/08/2012

Excelente
Livro excelente, um dos mais geniais que já li.A última linha é devastadora.
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Franco 22/03/2022

Sobre como fazer uma protagonista divertida de ser lida.
enredo:

Inglaterra, década de 1970: Serena tem vinte e poucos anos quando começa a trabalhar para o Serviço Secreto Britânico. E assim acompanhamos sua ambientação no emprego até que recebe sua primeira missão importante, que acaba se revelando não só um desafio profissional, mas também romântico.

(possíveis) pontos positivos:

- pegada histórica tangenciando alguns temas importantes da década de 1970 (para além da guerra fria);
- o humor sarcástico e sutil da protagonista;
- narrativa em primeira pessoa, com uma 'voz' verossímil, divertida e leve de ser lida;
- mistura descompromissada de romance com espionagem;
- tem como pano de fundo a atividade da escrita em si, o que rende algumas reflexões sobre a vida de escritor.

(possíveis) pontos negativos:

- algumas referências são bem caseiras (difícil alguém não-britânico sacar algumas coisas);
- apesar do clima de 'tem algo rolando e a protagonista não tá entendendo', o enredo não entrega contundentes pontos de suspense;
- o interesse parece se manter mais pela protagonista simpática do que pela trama em si;
- um pouco destoante que numa história com tantas tiradas sobre machismo e críticas a homens (como se fosse o autor tentando ser crítico), a protagonista só acontece ou deixa de acontecer por causa de homens.

o que mais impressionou:

a vida que o autor conseguiu conferir à protagonista. Sua personalidade é absolutamente convincente, principalmente quando manifesta suas contradições e imaturidades. E considerando que isso é expresso numa narrativa em primeira pessoa (e não através de um narrador onisciente), é ainda mais admirável. Indo além, dá para dizer até que o McEwan consegue descrever, com economia e precisão, aqueles mecanismos psicológicos que volta e meia identificamos se não em nós mesmos, pelo menos nos outros.
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Tiago 13/03/2013

Camadas de literatura
Serena, o livro, para quem lê a sinopse e a contracapa parece ser algo bastante diverso do que realmente o é. Ian McEwan engana um pouco o leitor ao vender a trama como possivelmente um romance de espionagem e uma personagem dúbia.

Acredito que esse truque seja para combinar com o enredo da obra. A medida que a trama avança, fica claro que o autor vai revelando camadas até chegar num desfecho fantástico, que consegue mais do que apenas finalizar a obra, a complementa e engrandece.

McEwan também brilha quando insere dentro da trama alguns contos "escritos" por seu personagem. Ao ler histórias dentro de uma história, o leitor se sente fisgado pela originalidade do autor em criar subtramas.

Acredito que só não é um livro perfeito pelo fato de a personagem Serena não ser tão bem trabalhada quanto poderia. Ela obviamente não é uma personagem plana, possui suas carências, dúvidas e preconceitos. Porém não é uma personagem grandiosa, não é muito possível de indetificar por ela, ou torcer por ela. Acho que se o autor tivesse aproximado mais o leitor da personagem, toda a construção da trama até seu desfecho seriam ainda mais impactantes.

Mas de qualquer forma é um livro que qualifica McEwan como um dos grandes da literatura contemporânea.
edu basílio 13/03/2013minha estante
Bela resenha, Tiago. Serena tem o texto lapidado, belamente construído de McEwan, e isso por si só já torna o livro agradável.

O que me impediu de dar 5 estrelas, entretanto, a este livro, foi o fato de que, se você já leu "Atonnement", do mesmo autor, você verá que ele tentou copiar uma fórmula que ele mesmo já usou -- e que foi muito bem sucedida porque era a primeira vez.

Juntando o fato de conhecer "Atonnement" com as dicas que são dadas na contracapa e nas orelhas de "Serena", eu acabei suspeitando do final, ainda mais sabendo que o protagonista era um escritor...

O último McEwan que eu li que me fez vibrar foi "Solar" -- este, por causa do humor ácido que permeia a trama e da linguagem irônica, mordaz e inteligente com que se constroi o texto.

Em abril eu vou ler "Na praia". Mesmo se não espero uma obra prima da literatura-universal-do-reino-de-deus-amém, sei que vou passar um momento agradável na companhia de Sir McEwan de novo.

:-)

Abraços.





Daniel 09/10/2013minha estante
Concordo com o que voce escreveu: enquanto lia este livro estava achando ele bem mediano. Mas no final, depois da última frase, fui surpreendido e percebi que tinha gostado bastante.
E deve ser foda pro autor se superar, depois de "Reparação"...




Carolina 09/05/2021

#01 É um livro interessante com um desfecho imprevisível
É um livro que se passa em Londres com uma narrativa que flui de maneira bastante detalhista e inteligente. O autor mescla um romance fictício com o período histórico da guerra fria, crise econômica e política da Inglaterra dos anos 70. A protagonista-narradora é uma jovem escritora que foi recrutada para ser espiã do serviço secreto britânico que, em meio de vários romances e mentiras, acredita ter encontrado o seu verdadeiro amor. É um livro interessante com várias citações literárias e um desfecho bastante imprevisível.
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Ladyce 04/10/2012

O labirinto de Ian McEwan
Inicialmente pensei que a imagem mais apropriada para ilustrar o livro SERENA de Ian McEwan fosse uma das paisagens de Estaque do pintor francês e fundador do cubismo, Georges Braque, tal como Viaduto de Estaque. Na tela há uma paisagem com algumas casas rodeadas de vegetação e um viaduto romano ao fundo. Nós compreendemos a cena, e ainda a vemos mais completa, porque somos instruídos -- através da criativa maneira de pintar desenvolvida pelos cubistas, inspirados por Cézanne -- sobre as demais facetas da paisagem que revela diversos elementos vistos por diferentes ângulos, que não estariam dentro das nossas possibilidades entrever. Com o uso de múltiplas perspectivas Georges Braque neste caso permite que conheçamos o outro lado da lua ou seja: os dois lados de um telhado que nossa visão não permitiria perceber, ou a fachada de uma casa, que ele levanta ligeiramente, por cima das casas na frente, para que vejamos a série de janelas paralelas corridas. Essa visão compreensiva, giroscópica, do tema, dos objetos ou pessoas retratadas, explorada pelos cubistas constitui em grande parte a maneira narrativa de Ian McEwan.

Mas à medida que o texto avançou e certamente depois que cheguei ao fim do romance, a visão cubista, ainda que interessante, não me satisfez. Porque é um texto que se renova, que se reencontra e que recomeça. É um labirinto com alguns becos, algumas passagens em múltiplos níveis, com algumas realidades paralelas, como se estivéssemos num jogo digital e uma vez ou outra achássemos a porta que nos leva direto até o próximo nível, sem termos que lutar com o dragão ou algum inimigo inesperado. Esta é uma história que vai e volta e se aprofunda em diversos níveis sem que saibamos por que estamos sendo levados por aquele caminho e de repente, parecemos voltar ao ponto inicial como em um rondó musical ou em uma fita de Möebius. E foi pensando nela que acabei selecionando uma das muitas gravuras de M. C. Escher para dar o tom visual do que acontece com o leitor de SERENA. Escolhi a gravura Relatividade, uma litografia cuja primeira tiragem foi feita em 1953, porque esse artista holandês é quem, nas artes plásticas, de meu conhecimento, melhor exemplifica a minha experiência ao terminar esse texto.

É a habilidade narrativa de McEwan que permite que se chegue ao final da trama capaz de entender os diversos níveis em que ela se desenvolve. E ser surpreendido. Totalmente surpreendido. Este é um romance, um thriller, que aparenta tratar de espionagem na década de 60 do século passado. Espionagem envolvendo o fabuloso serviço inglês MI5 já bastante caracterizado na literatura, no cinema e em programas televisivos pela sua invencibilidade. Não há nenhum James Bond, mesmo em se tratando de Londres, cidade onde Serena, que acabou de terminar o curso superior numa excelente universidade inglesa, arranja seu primeiro emprego. A jovem é a nossa porta de entrada para esta aventura literária que insiste em parecer simples e direta. Até que, em certo momento, temos a sensação de que talvez não estejamos lendo coma atenção necessária. No meu caso foi lá pela página 140, quando parei e voltei ao início. Mas tive relatos de outros leitores, talvez mais sensíveis, mais perceptíveis, que o fizeram umas 50 páginas antes. De qualquer modo, o leitor sente que há algo no ar mas não sabe onde, nem o quê, nem o porquê. E assim se desenrola a narrativa.

Mais do que um thriller, SERENA é um livro sobre ficção. Sobre diversos níveis de ficção. Sobre a ficção que encontramos no dia a dia, na fabricação de quem somos, no contar e recontar de nossos movimentos de nossas ações. Temos a ficção de espiões e a ficção de quem escreve ficção. Este é um romance baseado no ato de simular, na habilidade do fingimento. Ian McEwan explora aqui a tênua linha que define realidade. Este romance é uma ode à imaginação. À nossa habilidade, à capacidade humana de iludir e de aceitar ser iludida. A narrativa é um quebra-cabeça, um Cubo de Rubik com faces de espelhos, onde tudo se encaixa, a qualquer momento em qualquer hora, porque tudo, absolutamente tudo não passa de ficção. Uma narrativa brilhante.

Minha objeção está na personagem que achei o menos crível dos elementos. Mas como acreditar em um personagem que nos ajuda a construir o ficcional? Como julgar aquele que nos faz crer e que nos ajuda a descrer. Este é o impasse a que chegamos. E a mensagem é simples: não creia, não acredite. Tudo não passa de ficção. Nem mesmo eu, nem você que me lê, nem Serena.
DIRCE 11/11/2012minha estante
Mais uma vez sua resenha me rendeu: para Estante esperançosa de poder lê-lo em breve.
bjs


DIRCE 04/01/2013minha estante
Ladyce,
Acabo de ler esse livro, e confesso que o maior mérito dele foi ter me proporcionado um verdadeiro êxtase, quando me deparei com a associação que você fez do livro e as telas no seu blog.
Não deixei comentário no blog porque eu sou meio atrapalhada, melhor dizendo, atrapalhada e meio.
Parabéns! Fiquei mui maravilhada.
bjs e que em 2013, você nos proporcione mais êxtases.


Ladyce 05/01/2013minha estante
Dirce, que presente! Ter a minha resenha assim tã bem resenhada! Ai, ai... "assim me dá um troço!"...

Muito obrigada, mas suas resenhas são também sensacionais. Um beijo e um ótimo 2013


Daniel 07/05/2013minha estante
O livro é bom, mas demora demais para decolar. No finalzinho o leitor é recompensado, e vai virar a última página com um sorriso na cara.




Well 24/12/2021

O autor britânico Ian McEwan é um dos mais emblemáticos da atualidade e um dos meus preferidos, sempre trazendo ótimas temáticas permeadas por uma metalinguagem difusa e complexa em seus romances.

Neste livro, publicado em 2012, não senti um grande impacto ao final de sua leitura como no que li anteriormente (Reparação). A história de Serena se passa no começo dos anos 70, fundamentando-se em extensa pesquisa realizada pelo autor. Narrado em primeira pessoa, temos um flashback extenso dos anos vividos por Serena como "agente secreta" do mais baixo escalão do MI5 (ou é o MI6? Não lembro...) e sobre os amores dela durante essa jornada, que tanto ajudam quanto complicam seu desenvolvimento como mulher e como agente.

A maioria dos acontecimentos vão sendo sendo narrados de maneira rápida, ao menos o que a protagonista entende como necessário. Outros são um tanto prolixos, mas que se tornam importantes devido ao grande uso de uma metaliteratura intrincada que faz todo sentido ao final do romance.


A obra não possui tantos diálogos, ao menos no início, e nem muitas explicações sobre eventos históricos, contudo se conhece um pouco da história europeia recente já será suficiente para entender boa parte do que ali é mostrado. Os amores de Serena geram grande interesse, mas há tantas partes desnecessárias, ou quem sabe poderiam ser colocadas de outra maneira, em outra ordem, algo assim, que boa parte do romance se torna cansativo, valendo a pena sua leitura somente pelo seu final, que será inusitado e surpreendentente para muitos, mas um tanto quanto "fácil" para os conhecedores do autor, valendo-se de certa fórmula já usada por ele anteriormente.


Um livro que pede-se paciência, conhecimento histórico europeu, sagacidade e apreço pelo autor, pois, como um livro cheio de metalinguagem literária, é como se o autor fosse um dos personagens invisíveis e que explora a reflexão do fazer literário por uma ótica que poucos poderão entender e se quer gostar.
Desafiador, mas não se todo desnecessário.
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Leonardo 27/03/2013

Versão final feliz de Reparação
Disponível em http://catalisecritica.wordpress.com/

Quando vi Desejo e Reparação, filme dirigido por Joe Wright, fiquei completamente boquiaberto com o final. Ao descobrir que a película era a adaptação de um livro, senti uma pontadinha de tristeza: realmente aquele final foi todo pensado, planejado, elaborado para ser lido, não visto numa tela de cinema. O impacto da descoberta é certamente muito mais intenso no livro que no filme, mesmo que este último não deixe de ter seus muitos méritos. Fiquei, desde então, aguardando ansioso o momento de ler Reparação, o que fiz no ano passado (escrevi aqui um post sobre o livro).
Tornei-me instantaneamente fã de Ian McEwan. Ele manipula a história e os personagens como um habilidosíssimo artesão, e a reverência que ele demonstra com a literatura, a homenagem que ele faz ao poder das palavras são tocantes.
Após ler Reparação, li uma pequena novela do autor inglês, The Comfort of Strangers, da qual não gostei, conforme registrei aqui.
Agora chegou a vez de Serena, livro mais recente escrito por McEwan. Conta uma história que se passa nos anos 70, em Londres, e que mescla romance, literatura e guerra fria. A protagonista, Serena Frome, é a jovem filha de um bispo anglicano que estudou matemática em Cambridge e acabou sendo recrutada para trabalhar no MI5, o serviço secreto inglês. Apaixonada por literatura (mesmo sendo uma “leitora dinâmica”) ela é selecionada, por conta disso, para participar de um projeto típico da guerra fria: para combater as ideias comunistas, o MI5 quer secretamente financiar autores talentosos que escrevam em favor do capitalismo. Em meio a algumas paixões, Serena envolve-se com o escritor que recrutou, Thomas Haley, e se vê no dilema de manter viva uma mentira justamente para aquele que ela julga ser seu grande amor.
Para quem já leu Reparação, como eu, é inevitável a sensação de déjà vu e e também inevitável “adivinhar” o final do livro lá pelo meio da história. Isso aconteceu comigo e tirou boa parte da emoção. Eu prosseguia curioso apenas para saber se eu realmente tinha acertado na mosca. E acertei.
Enquanto em Reparação o final é devastador, tirando seu chão, a impressão que tive é que Serena é a reparação de Ian McEwan para Reparação: talvez ele tenha achado que pegara pesado demais e quis fazer uma história de amor na qual o amor vence.
De qualquer modo, Serena é um livro interessante, bem escrito, cheio de literatura dentro da literatura e que vale muito a leitura, especialmente se você não leu Reparação. Mas não se trata (pelo menos não foi o meu caso) daquele livro que deixa uma marca. Tão rapidamente como li o livro (dois dias foram suficientes), sei que me esquecerei dele.
Apenas um acréscimo, por conta de uma daquelas coincidências literárias interessantes. Terminada a leitura do livro 1 de 1Q84 (sobre o qual escrevi aqui), fui à livraria comprar o livro 2 (sobre o qual também escrevi aqui). Comprei Serena por encomenda de um irmão para presentear outro irmão. Resolvi iniciar a leitura de Serena antes do livro 2 de 1Q84 para ler antes de enviar para meu irmão. Finda a leitura, parti para o livro de Murakami, que também terminei.
A coincidência? Os livros são incrivelmente parecidos na maneira como retratam a literatura. Vejam abaixo:
- Em ambos há um escritor talentoso à espera de uma oportunidade – Tengo e Thomas Haley;
- Os dois escritores recebem a encomenda de escrever alguma coisa que a princípio não é de seu interesse;
- Os dois recebem proposta de apoio financeiro para se dedicarem exclusivamente à escrita, mas essa proposta tem segundas intenções;
- Ambos fazem sucesso com o primeiro livro que escrevem;
- Em ambos os livros os autores recorrem ao expediente de inserir literatura dentro da literatura - em 1Q84, Tengo lê alguns contos para Fukaeri ou para seu pai e o narrador conta com detalhes a trama de A crisálida de ar à medida que Aomame lê o livro. Em Serena, a própria Serena lê três contos escritos por Thomas Haley e ocupa-se em analisá-los;
- Principalmente, em ambos os livros a literatura que os dois escritores – Tengo e Thomas Haley – produzem altera significativamente a própria realidade (de maneira distinta, mas inquestionável).
Eu fiquei tão intrigado com isso que fiquei pensando qual livro teria sido escrito primeiro, por imaginar que um dos autores tivesse “colado” a ideia do outro, o que não é uma hipótese muito boa, já que são grandes escritores que constantemente provam seu talento. De qualquer sorte, para meu alívio mental, Serena foi publicado em agosto de 2012, enquanto 1Q84 (que na minha opinião é bastante superior ao livro de McEwan) foi publicado no Japão entre 2009 e 2010.
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Francine 14/08/2012

Serena
Serena é uma garota universitária que faz um curso que não gosta para agradar a mãe, que tem medo da filha se tornar dona de casa. Em meio a um ambiente machista, ela até considera interessante ser estudante de Matemática, porém, como nunca foi um sonho de estudo, Serena Frome (“a pronúncia é Frum”) conclui o curso sem brilhantismos e destaques. E para aguentar um ambiente tão diferente do seu desejo de ter estudado Letras, os livros a acompanharam por todo o período universitário e também o caso amoroso com um homem mais velho, que a ensinou a gostar de literatura e a entender de política e economia.
Sem grandes ambições, seguindo a linha “carpe diem”, Serena é uma mulher que diz sim às oportunidades. E assim, quando ela tenta descobrir porque o seu amante a abandonou, aceita o trabalho no MI5 e passa a fazer parte de um grupo de espionagem que põem em destaque revelações literárias, por meio de um bom salário mensal para que o artista se sinta livre para criar, sem se preocupar com algum outro trabalho, a não ser escrever. Serena é a mulher responsável por realizar o primeiro contato com o escritor e convencê-lo da excelente oportunidade de fazer parte de um grupo selecionado de escritores proeminentes. É neste ponto que mora a mentira de Serena que, apaixonada pelo escritor que ela convenceu a fazer parte do projeto “cultural”, sua vida é transformada. Antes, a garota que não sabia por que estudou Matemática, passa a ter como trabalho o que mais gosta de fazer: estar perto da literatura, ler.

leia mais: http://livroecafe.com/2012/08/13/serena-ian-mcewan/
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otxjunior 10/08/2012

Serena, Ian McEwan
Um leitor atento da obra de McEwan pode perceber antes do tempo que este livro é estruturado sobre um truque metalinguístico, tal qual foi com seu romance de maior sucesso, Reparação. Várias pistas antecipam o twist final. Porém seria injusto se esse ponto "negativo" refletisse na minha avaliação, pois o autor consegue, ainda assim, surpreender com seu talento em confundir e maravilhar o leitor.
Serena Frome, a bela filha de um bispo anglicano, tem um breve romance com um homem mais velho durante seu último ano na Universidade de Cambridge, e encontra-se sendo preparada para o Serviço de Inteligência Britânico. Em 1972, a Inglaterra passava por um período nebuloso de sua História recente. Enfrentava uma crise econômica e ameaças do grupo terrorista IRA. A Guerra Fria ainda era uma realidade, especialmente na esfera cultural. E por isso mesmo, cabe a nossa heroína, devoradora de livros, desempenhar um papel em um projeto de propaganda cultural, que consiste em acompanhar e financiar a carreira de um escritor jovem e promissor. Mas quando Serena se apaixona pelo prodígio da literatura, vai ficando cada vez mais difícil manter a ficção de sua vida secreta.
Apesar desse tom de romance de espionagem, Serena se enquadraria melhor no gênero de aventura romântica. Foi divertido torcer pela protagonista mesquinha, orgulhosa e romântica, que mesmo vivendo em um lugar decadente, em meio a imundície e caos, só é capaz de se concentrar em seus problemas de relacionamento e vida pessoal, em geral, sem qualquer senso coletivo. Ainda com a preocupação de apontar o papel prático que os romancistas desempenham no mundo, Ian McEwan conclui sua obra com um Happy Ending dos mais criativos e originais que já li.
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DIRCE 13/01/2013

Dupla leitura em um só livro.
Que IAN McEWan é um escritor laborioso e genial não é segredo para ninguém, mas ainda assim, e mesmo sendo eu apaixonada confessa por esse escritor desde que li o seu livro “Reparação”, achei “Serena” um livro “morno” até o final, quando então McEWan, como é de praxe, me surpreendeu e o romance subiu um pouco – somente um pouco- no meu conceito.
Um dos motivos de eu não “levantar a bandeira” de uma entusiasta deste romance, foi a incomum, porém, pra mim, inevitável comparação com um outro que, assim como em “Serena”, também se enreda por meio de um cenário conturbado, “dinamitado”, um cenário que favorecia e conduzia ao mundo da espionagem, este livro: “O tempo entre a costura”.
Resultado: Serena – a protagonista do romance que leva o seu nome- me pareceu insonsa, manipulável, sempre obediente aos ditames: cursou uma faculdade imposta pela mãe, leu livros impostos pelo namorado, totalmente o oposto de Sira - protagonista do romance “O tempo entre a Costura”- uma jovem decidida que conseguiu tomar as rédeas da sua vida . Síria me encantou , Serena não.
Porém, eu tive a felicidade de fazer dupla leitura do livro Serena. Uma leitura eu fiz folheando folha por folha do livro, curiosa às vezes, entediada outras. A outra leitura que fiz, foi quando li a resenha da Ladyce, em seu blog Peregrina Cultural. A resenha somada à sua visão cubista e a gravura Relatividade que, segundo ela, é uma obra do artista holandês M. C. Escher, fez com que, como em um passe de mágica, se abrisse uma janela para novos entendimentos, novos nuances. Foi como se eu estivesse perdida em meio a um labirinto e, sem aviso prévio, eu encontrasse a saída.
Após transitar por inúmeros caminhos, minha preferência ainda recai sobre o “Tempo entre as costuras”, porém, reconciliada com Serena, a protagonista vítima de um tempo e de um escritor habilidoso e, um livro que era promessa de tédio e de 2 estrelas, acaba por merecer, desta leitora, 4 estrelas.
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Jeniffer Geraldine 23/08/2013

Dica de leitura – Serena
Quando li a sinopse de Serena, do Ian McEwan, me empolguei com o fato da personagem principal ser uma espiã. Gosto demais de histórias com detetives, espiões, muito suspense e se isso tudo vier com um pouco de romance é fato que terá minha atenção.

Esse foi o primeiro livro que li do Ian McEwan. Me surpreendi com o final, mas confesso que demorei de engatar a leitura. Comecei no início do ano e só agora peguei novamente para ler e fluiu legal. Não espere muito suspense sobre algum caso sensacional de espionagem tipo James Bond ou grandes mistérios tipo Agatha Christie. A proposta é outra e muito interessante.

Serena, apesar de ser apaixonada por Literatura, vai estudar Matemática para tentar ser algo diferente do que sua mãe é, uma simples dona de casa. Serena é do tipo comum, conclui a faculdade sem grande louvor e gosta de ler livros que não são considerados clássicos.

Ao se apaixonar por um cara mais velho, que a apresentou à literatura clássica, política e economia, Serena vê sua vida mudar após ser abandonada pelo seu mestre amante. E é aí que sua aventura como espiã começa. Serena é convidada para trabalhar no MI5, o Serviço Secreto Britânico, com o objetivo de convencer escritores a fazer parte de uma fundação que deseja fomentar a produção literária. Os escritores receberiam uma boa grana simplesmente para produzir literatura. Serena, então, encontra a chance que sempre desejou, trabalhar com o que mais ama: Literatura.

O alvo da missão de Serena é o escritor e professor universitário, Tom H. Healy, que já possui alguns contos publicados e bem aceitos na mídia. A forma como Serena descreve Tom, me fez criar uma imagem de um homem frágil e feio e eu jamais imaginaria que ela fosse se apaixonar por ele, mas foi exatamente isso que aconteceu.

Algo interessante na obra do Ian é que é um livro, também, sobre literatura. Encontramos muitas referências e em alguns momentos trechos dos contos do Tom.

Serena fez da sua missão do MI5 a vida que ela sempre sonhou. Tom se transformou no seu grande amor e ela trabalhava com o que gostava. Tudo perfeito, não é?! Sim e não. Afinal, Serena vivia uma mentira. Ela era uma espiã do MI5 e isso Tom não sabia.

Será que Serena sustentará para sempre essa vida dupla? Será que um dia ela terá coragem de abandonar tudo que sempre sonhou para falar a verdade para Tom? E Tom, será que ele imagina que vive uma mentira? Mas, como dizem por aí, mentira tem perna curta.

site: http://subindonotelhado.com.br/dica-de-leitura-serena.html
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Rafael 05/08/2017

Uma aula de como escrever.
Não é por acaso que Ian McEwan foi chamado de melhor escritor vivo. É uma aula de excelência em escrita. A história é boa, um pouco arrastada. Mas a capacidade do escritor em desenvolver diálogos interessantes, situações sofisticadas e complexas a partir de coisas simples torna um livro maravilhoso. Quem é acostumado à blockbusters (livros de gosto massisso com objetivo único de vender em alta-escala) não vai gostar. É um trabalho minimalista, instigante, de gosto refinado.
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