spoiler visualizarDrica 24/03/2013
Depois de retomar o fôlego com Silêncio, Becca erra a mão e decepciona com Finale.
Nem preciso dizer que minhas expectativas com esse livro eram altas. Afinal, espera-se que o desfecho de uma série, como disse na resenha de Êxtase, nos impacte, nos faça chorar, sorrir, suspirar pelo final.
A série Hush, Hush havia começado muito bem com Sussurro, afinal o suspense obviamente sempre foi o ponto forte dos livros. Sim, o suspense, não o romance, pois em diversos momentos, o romance entre Nora e Patch não me convenceu. Mas como sou fã devotada do gênero de suspense, resolvi seguir com essa série até o fim, justamente por conta do suspense, da tensão que sempre esteve presente na narrativa de Becca.
Nora pareceu-me, à primeira vista, uma garota inteligente, esforçada, independente e foi impossível não me identificar com ela em Sussurro. Contudo, com o lançamento de Crescendo, vi-a se tornar uma adolescente chata, doentiamente ciumenta de seu namorado, insegura (crise de Bella Swan) e inconsequente, foi nesse ponto que as identificações da personagem comigo mesma... Morreram.
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Crescendo foi uma decepção sem igual. Porém, resolvi prosseguir com a leitura, desta vez com Silêncio. Estranhamente, a cada livro anunciado da série, emendavam que aquele seria o desfecho da série, tanto que li Crescendo acreditando que acabaria ali, e também li Silêncio acreditando que a série terminava ali. Qual não foi minha surpresa quando um quarto livro foi anunciado? Até cheguei a cogitar que podia ser enganada outra vez (rs).
Mas, verdadeiramente, para mim a série terminou em Silêncio, que, de fato, deu um novo fôlego para os livros, com o retorno do ponto forte da série, que repito é o suspense, não o romance. Certo que ter que redescobrir o mundo secreto dos anjos caídos e dos Nefilins foi maçante e o ciúmes doentio e a insegurança de Nora continuaram a me tirar do sério, mas ao menos havia aquela tensão nos textos, aquela expectativa por ela estar convivendo com o inimigo, o próprio pai, Hank Millar.
Assinalo que Finale foi uma grande decepção, a começar já pelas primeiras páginas. Se em Silêncio, a narrativa de Becca conseguiu prender minha atenção, em Finale parecia que alguém havia escrito o livro pela autora. O estilo de escrita foi completamente alterado (e não de uma maneira boa). Havia falta de descrição, uma falta de cuidado com o texto e os fatos eram simplesmente jogados na minha cara, um após o outro, sem qualquer explicação ou mesmo conexão entre eles.
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Senti-me perdida dentro do livro, tentando me encontrar página atrás de página, mas o livro só pega ritmo depois das primeiras oitenta páginas, que é quando estes estranhos eventos isolados e confusos param de acontecer.
Os mistérios, a trama em si, não me convenceram em Finale. Até mesmo o desfecho de Silêncio deixou um pouco a desejar. Tornar Nora... Nora, a adolescente ciumenta, paranoica, insegura e chata, a líder de um exército não colou para mim. Até mesmo a morte de Hank foi confusa e aconteceu de forma rápida, desleixada. Ainda que ele fosse um monstro, um homem cruel e inescrupuloso, achei pouco crível que uma filha pudesse matar o próprio pai, não sentir nem um pouco de remorso por isso e ainda sair para comemorar o feito!
Outro fato que me incomodou bastante em Silêncio e se arrastou em Finale foi o fato de Nora ter sido transformada em uma Nefilim puro sangue. Mais uma vez as autoras apregoam que ser uma humana frágil é maçante e que não há forma de lutar, de vencer os obstáculos se não tiver poder e imortalidade correndo em suas veias. Os tradicionais clichês do “felizes para sempre (literalmente para sempre)” já me saturaram, obrigada.
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Mas em Finale, tivemos em Nora mais um motivo para desgosto, que a afastou ainda mais daquela protagonista legal do começo da série, além de continuar irritante, ciumenta e paranoica, ela se envolveu com “drogas”. E não qualquer droga, mas com as artes do mal. Ela tomava um líquido azul e... Pimba! Se tornava a Mulher Maravilha. O pior é que ela ficou viciada nisso. Mentiu para Patch e desenvolveu dentro dela uma variante do complexo da Ever em Chama Negra, da série Os Imortais. Um “eu” negro que a compelia a se embebedar das artes do mal e a mentir cada vez mais.
E o que dizer de Patch? Que de cafajeste de fala mansa e sorriso sedutor, acabou como uma versão ainda mais irritante e melosa de Edward Cullen? Sim, ele me conquistou no primeiro livro, me fez suspirar pelo modo como cercava e mexia com a Nora, sempre esperto, sedutor e brincalhão. Mas esse Patch também ficou para trás. Em Crescendo, eu o odiei tanto que esse ódio não se apagou com as ridículas desculpas que ele deu à Nora por ter se envolvido com Marcie. E não, esse ódio não foi amenizado em Silêncio, mas em Finale ele definitivamente me tirou do sério!
A cada “Anjo” ou “Você é minha” (as frases que ele mais diz em todos os livros), eu sentia vontade de fechar o livro e ir tomar um pouco de ar. Nora e Patch tornaram-se um casal tão piegas e cafona quanto Ever e Damen dos Imortais. Não sou fã de cafonices e fico enjoada com declarações melosas, ok?
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Para fechar, tem Dante, que surge aparentemente do nada em Finale, como quem não quer nada, e começa a treinar Nora. Pelas experiências que ela já teve com Chauncey e Rixon, ela deveria ter aprendido a lição e não ter sido tão ingênua ao ponto de confiar em Dante, mas... Infelizmente é exatamente o oposto que acontece.
Senti a necessidade de que a fórmula do “vilão próximo a você se revela e te apunhala pelas costas” fosse alterada. Afinal, se Nora é tão inteligente quanto passou a impressão nos outros livros por que mordeu a mesma isca três vezes seguidas?
E... Ok, Becca, eu sei que aquele lance da Vee você decidiu de última hora, pois digo que NÃO HAVIA NECESSIDADE de transformá-la também em um ser imortal e poderoso (sem sentido algum, sorry). Lamentei profundamente a morte do Scott, era o meu personagem favorito, principalmente da forma como aconteceu, sem cuidado ou emoção alguma. Nora me passou uma frieza tão grande pelo sacrifício que ele faz por ela que, sério, se tinha como eu me decepcionar mais com ela, isso aconteceu na morte do Scott! Não fiquei satisfeita com o final de Marcie, pois ela foi tão vítima do Hank quanto a Nora, e ela merecia uma redenção. Sim, eu queria ver Marcie se redimindo no fim e ao menos morrendo de bem com a meia-irmã. A mãe de Nora não me agradou durante Crescendo, Silêncio e Finale por sentir um desprezo tão grande e infundado com relação a Patch, mas aí no Epílogo, com um “toque de mágica”, ela aceita o rapaz namorar sua filha... Enfim, queria que Becca tivesse tornado seus personagens mais humanos (como Mestre Martin), mas parece-me que é pedir demais, infelizmente...
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Sim, eu quis vomitar naquele “pedido de casamento” do Patch, sim, eu fiquei indignada pela morte da Dabria e a achei injusta e vazia. Quer dizer então que a única forma de se livrar da ex do seu namorado é ela morrendo? Hum-hum. O carisma de Vee segurou o final do livro, mas o fato dela ter se esquecido tão facilmente do Scott me frustrou bastante. Não tão grave quanto o caso de Nora ter ido fazer “certas coisas” com o Patch, quando o corpo do coitado do Scott não tinha nem esfriado ainda, mas...
Em suma, Finale foi uma leitura tão estranha quanto Êxtase da série Fallen. Creio que se Becca tivesse fechado a série com Silêncio, quem sabe eu não ficaria com essa sensação esquisita. É um terror quando nos despedimos de uma série dessa forma, mas infelizmente é o que mais tem ocorrido. Só me resta pedir aos autores que não tenham medo de descartar os clichês tão irritantes, e para aprofundarem seus personagens, tornarem-nos mais humanos, pois não há nada mais desgastante do que personagens estereotipados e previsíveis.
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E só uma dúvida que me atazanou nos quatro livros... Afinal de contas, a Nora é ruiva ou morena? Porque sério, a menos que ela tingisse o cabelo e isso fosse esquecido de ser mencionado, a cada hora ela estava com o cabelo de uma cor! Fora que, em um livro Marcie era ruiva, no outro era loura... O mesmo com o Hank. É, fiquei muito confusa com isso! Haha