Fernanda Bard Chagas 02/07/2020Insanidade, fingimento, inocência...A narrativa se alterna entre Grace Marks, a infame assassina, e o Dr. Simon Jordan, que tenta extrair dela a verdade dos acontecimentos trágicos.
Aos dezesseis anos, Grace é condenada à morte pelo assassinato de Nancy Montgomery e Sr. Kinnear, juntamente com o seu suposto cúmplice McDermott. Todavia, seu advogado consegue atenuar sua condenação para prisão perpétua através de um discurso sobre sua juventude, o fato de sua constituição feminina a tornar sucetível à influência, e também a considerando uma estúpida.
Durante a narrativa, no entanto, nos vemos dentro da mente de Grace, uma mulher bastante astuta, que conta sua história de maneira envolvente e tem suas próprias observações sobre tudo a sua volta de maneira perspicaz e muitas vezes calculista. De certo, ao ser interrogada pelo Dr. Jordan, vemos como ela escolheu bem o que dizer e o que omitir, escondendo para si, mantendo-o interessado em sua história de vida, mas nunca entrando em seus jogos para desvendar as partes do assassinato que ela alegava não se lembrar.
Mas além da história de Grace, o que me chamou também a atenção nesse livro foi a forma como aquela época foi retratada, as maneiras da sociedade, a forma como a ciência ia se desenvolvendo, a politicagem no Canadá dos meados dos anos 1800. Também entramos em assuntos já abordados por Atwood em outros livros: o machismo, a forma como as mulheres eram subjugadas e subestimadas intelectual e fisicamente.
Esse livro é uma enxurrada de frases inteligentes e críticas ácidas, com uma narrativa instigante. Eu me vi adorando a inteligência e forma de ver o mundo de Grace Marks como descrita pela autora.