Isabella Pina 20/09/2013Uma graça de história.Não sei se vocês sabem, mas eu amo a Stephanie Perkins graças ao seu primeiro livro, Anna e o beijo francês, que é a coisa mais meiga e fofa do mundo - e, vira e mexe, estou recomendando para as pessoas lerem, porque vale totalmente a pena. E, quando você conquista o público desse jeito logo no seu livro de estreia, pode ser complicado mantê-lo apaixonado pela sua escrita nos próximos. Isso era o meu maior receio em relação a Lola e o Garoto da Casa ao Lado, uma companion novel de Anna. Eu tinha altas expectativas e odiaria me decepcionar...
A história conta a vida de Lola Nolan, filha adotiva de Nathan e Andy e uma menina que sabe tudo sobre moda e faz o seu próprio estilo, com roupas diferentes, combinações inusitadas e perucas coloridas. Eu achei super legal a protagonista ser tão despojada, do tipo que não liga para a opinião dos outros e simplesmente faz e usa o que quer. Lola tem opinião e sabe o quer da vida. Seu namorado, Max, é mais velho e tem uma banda, o que faz com que seja completamente reprovado no teste de namorado por seus pais. Mesmo assim, Lola o ama e não se importa com isso, porque sua vida, até então, é quase perfeita.
Porém, tudo muda quando o passado volta a – literalmente – bater na sua porta. Os gêmeos Bell, Calliope, uma ginasta incrível e Cricket, seu amigo de infância, que Lola não via há séculos (e dava graças a Deus por isso), voltam a morar na casa ao lado da sua. Com isso, tudo relacionado a eles que ela sempre tentou esquecer volta à tona. E, de repente, será mesmo que isso tudo não tem um motivo? Será que ela não deveria dar uma chance para essas pessoas, que ela não vê há tempos e podem muito bem ter mudado?
Tudo isso se passa em San Francisco, o que deixa a história ainda mais fofa. A Stephanie tem essa coisa de conseguir me deixar com vontade de viajar, morar em qualquer lugar que ela conta história. Primeiro, com Paris, e agora, com San Francisco! Sério, impossível imaginar aquelas casinhas umas grudadas nas outras sem lembrar-se de Lola. Além disso, achei o plot bacana, com personagens interessantes. A Lola era uma boa protagonista, apesar de não sermos parecidas, eu gostei dela. Só me irritava um pouco por causa do Max, que eu simplesmente não conseguia ir com a cara. Sei lá, mas tenho essa tendência de odiar os namorados das protagonistas quando eles são mais velhos, metidos a roqueiros e essas coisas. Não deve ser meu tipo, hahaha.
Mas, de qualquer forma, eu adorei o Cricket! O menino é uma graça, com toda a vibe de cientista criando invenções, anotando coisas nas costas das mãos (eu também tenho essa mania, haha). Sua irmã, Calliope, é um saco, pra falar a verdade. Os dois, por serem gêmeos e estarem sempre grudados – afinal, graças à carreira de Calliope, sua família quase sempre estava se mudando de um lugar para o outro, impossibilitando os irmãos de criarem laços mais fortes com as pessoas dos lugares. Além disso, Cricket é uma daquelas pessoas além da conta de boas, ou seja, faz tudo para a irmã, sempre deixando sua própria vida em segundo plano. Claro que quando ele entra na faculdade as coisas mudam – e é quando eles mudam de volta para San Francisco –, pois daí cada um vai para um canto.
Todos os personagens são legais, mas tenho que destacar alguns: Lindsey, a melhor amiga super divertida de Lola, é bem legal. Os pais dela, já citados, são super engraçados. Sabe aqueles pais super protetores? Exatamente. Mesmo assim, eles se preocupam com a filha e fazem tudo por ela. E isso é lindo, viu! Mas, claro, quem roubou os holofotes no quesito coadjuvantes foram... Adivinhem... Anna e St. Clair!!! (eles merecem todos esses pontos de exclamação) Caramba, como eu estava com saudade desses dois! Eles são incríveis e, sem dúvida alguma, os momentos deles com a Lola foram sempre legais. A Anna e o St. Clair trabalham no mesmo cinema que Lola e agora estão estudando numa faculdade por lá, de Cinema (se não me engano), curiosamente a mesma faculdade de Cricket. Eu amei isso e quero dar um prêmio pra Stephanie por ter feito isso, ela sabe usar bem as cartas que tem na manga.
A forma como Lola foi, aos poucos, se dando conta de que talvez ela não soubesse tudo que queria da vida foi interessante e vê-la se reaproximando de Cricket, alguém que já foi tão importante em sua vida (e mesmo que ela não admitisse, ainda era um pouco), foi muito lindo de se ver, porque os dois se dão muito bem e eu amei ver a interação. A Lola também vai, em pedaços, contando por que nunca mais queria ver os irmãos Bell e, além disso, mostrando como sua vida era quando eles moravam lá em San Francisco, o que eu achei bem legal, porque nos ajudava a entender melhor a própria protagonista, mesmo que eu ache que o motivo de ela ter tanto medo desse reencontro não muito forte, é algo que você só entende mesmo se passa pela situação.
Outra coisa que também é abordada é o fato de que Lola é adotada. Seu pai nós não sabemos ao certo quem é, mas sua mãe é uma alcóolatra que vira e mexe aparece na soleira da sua porta, porque um dos pais adotivos de Lola é nada menos que o irmão dela. Eu não gostei nem um pouco da Norah no início, mas aos poucos, ela vai se recuperando, o que nos deixa ver que talvez, num futuro próximo, ela possa ser uma mãe decente pra Lola.
No entanto, mesmo eu tendo achado a história fofa, achei que faltei um tiquinho pra virar um all-time favorite. É boa, despretensiosa e perfeita pra ler e ficar feliz, mas não chegou ao nível de Anna, talvez por causa de algumas atitudes da Lola que, para mim, foram meio idiotas. Não me instigou a continuar lendo tanto quanto eu esperava, apesar da narrativa ser boa, faltou aquela faísca.
Mesmo assim, é um livro que vale muito a pena ler, principalmente se você gosta da autora, se sente falta dos personagens de Anna e se adora uma história que vai te deixar com um sorriso no rosto.
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