Roberta 27/11/2023
Meu Deus que livro RUIM
Eu vou tentar não dar spoiler, mas não prometo que não vá escapar alguma coisa ou outra. Se você não leu o livro ainda, sugiro que tome cuidado.
É comum falarem que existe uma tal de maldição do segundo livro, maldição que eu confesso não ter acreditado muito... até agora.
Quero dizer, existem diversos segundos livros que são muito bons, a exemplo de As Duas Torres, de O Senhor dos Anéis, que é o meu favorito da trilogia, inclusive.
Mas tem algo com esse livro que simplesmente não desceu. A autora se perdeu completamente na história, ao meu ver. Ela tinha um universo tão precioso nas mãos, construído com tanto cuidado em Shadow and Bone, e, quando chegou a hora de entregar ação e aventura (o que tinha prometido), simplesmente babou tudo.
Temos esse relacionamento sem sal nem açúcar do Mal com a Alina, que nem devia ter começado e muito menos sido desenvolvido. Para você ter uma ideia, eu shippava ela com qualquer outro que aparecia na minha frente... ok, não qualquer outro, confesso. Mas definitivamente não com Mal. Primeiro eu gostava da ideia de um romance com o Darkling, depois então quando Nikolai surgiu, eu me empolguei toda, só para me frustrar depois, porque Alina segue sendo gado como sempre foi, senão pior.
Me irritou muito que a autora entregou nas mãos da Alina uma missão tão grandiosa como foi, de liderar o Segundo Exército, e mesmo assim tudo que a Alina se preocupava era como o Mal estava indo, se estava comendo, se estava indo no banheiro... por favor!
Fora que o Mal era outro irritante. Um cara que simplesmente não consegue lidar com o fato de que a mulher tem mais poder na mão do que ele. Ficava insistindo em querer o que eles tinham antes, em fazer a Alina voltar a ser quem era antes, quando esse "antes" mostrado no livro um foi que a Alina, para esconder que era Grisha, enterrava bem fundo dentro dela o seu poder, tanto que isso fazia mal para a saúde dela e consumia sua vitalidade. E eu me perguntava: é isso mesmo que esse jumento quer, que ela se limite, que se diminua para caber dentro do eguinho ferido dele? E mais importante, é isso o que a autora entende por amor?
Não que eu considere a Alina muita areia não. Na verdade, eu mal e mal suporto essa personagem, acho ela uma chata de galocha, mas não penso que nenhuma mulher deva largar mão de sua identidade e sua carreira por causa de homem, nem mesmo a Alina.
E por falar nisso, até que teve um crescimento da personagem, apesar de tudo. Foi o que me fez não detestar o livro. Ele demorou para engrenar, mas quando engrenou entregou bem. Eu gostei da transformação da Alina, de como ela começou a ficar com mais sede de poder. Acho que combinou com ela nesse caso. Pra mim só fazia sentido isso acontecer, e ela tendo que lidar com as consequências disso foi, apesar de por vezes frustrante (pela personalidade sem sal dela) bem interessante.
Só senti falta de outros personagens serem mais desenvolvidos, exemplo do Nikolai. Eu vi que tem um livro só dele, que até fiquei curiosa para ler, mas não era bem isso que eu queria. Quando estou lendo uma história, eu quero sentir que houve um esforço para deixá-la o mais envolvente possível, quero que as situações e personagens sejam aprofundados, e não que fiquem de escanteio porque vai ter um livro novo para cumprir o papel do que o antigo deveria ter feito. Faz parecer que está enchendo linguiça para vender mais, e para mim perde toda a graça.
Eu esperava mais da batalha, também. O livro me lembrou muito A Ordem da Fênix, de Harry Potter, quando o Harry ficou praticamente a metade do livro vendo apenas quatro paredes. Tudo acontecia fora da casa, mas a escolha da autora de manter o POV do Harry tornou a leitura extremamente desinteressante. Esse é o mal da primeira pessoa do singular, hein? O leitor acaba perdendo toda a ação, fica preso no que ainda pode acontecer, se enche de esperança pelas promessas e, quando dá de cara com o acontecimento em si, é decepcionante.
Claro que a escrita da autora é boa, gosto desse ritmo acelerado (apesar de ela ficar repetindo muitas palavras em suas descrições, o que me irritou), mas não chegou a salvar a história. Pena, porque o universo é muito bem-feito. Mas parece que ela pegou o que tinha de mais sem graça nesse universo para transformar em uma história.
E pensar que ainda tem mais um... me deseje sorte!