A Idade dos Milagres

A Idade dos Milagres Karen Thompson Walker




Resenhas - A Idade dos Milagres


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Renata 27/09/2012

Júlia é uma menina de 11 anos que vive na Califórnia. Ela joga futebol na escola e faz aula de piano e presenciou os primeiros tempos da desaceleração da terra! É como foi chamado pelos cientistas o fenômeno da diminuição do movimento de rotação da terra que trouxe como conseqüência o aumento gradativo dos dias e das noites!

A alteração do centro gravitacional da Terra mudou completamente os acontecimentos dos fenômenos naturais! Em meio a este cenário pré-apocalíptico Júlia vive a idade dos milagres, onde tudo toma uma proporção imensamente grande, fase na qual ela descobre alguns conceitos como amizade, saudade, perda, religião, mentira, perdão e amor!

Muitos são os problemas decorrentes da desaceleração, os pássaros se perdem durante as migrações, outros caem mortos sem nenhuma explicação, o governo é forçado a obrigar os cidadãos a viver de acordo com o tempo do relógio, esse mesmo que conhecemos de 24 horas, porém um determinado ponto, os dias têm 35 horas, as pessoas são obrigadas a dormir com o sol a pino. Algumas pessoas se recusam a viver pelo horário do relógio e acabam saindo da cidade para se isolar em acampamentos pelo deserto, como refugiados de uma guerra civil, a desaceleração também influenciou a personalidade, atitudes e decisões das pessoas!

“Que exóticos passaram a nos parecer os velhos relógios de vinte e quatro horas, com suas duas séries idênticas de doze, elegantes como uma casca de noz. Então perguntávamos: o que nos levou a acreditar e coisas tão simplórias?”(p. 58)

Os dias muito longos, as noites muito longas, sol demais, sol de menos, as plantações não resistem e logo começa o caos pelos estoques de comida, estufas caseiras, abrigos para se proteger de furacões se tornam cada vez mais constantes! Roubos e saques começam a se tornar constantes e as pessoas cada vez mais se trancam em suas casas!

O livro de estréia de Karen Thompson mostra através da narrativa de Júlia e de uma forma bem singela todos os traumas pelos quais ela teve que passar, não só pelo que acontecia no planeta, mas pelo que acontecia no seu mundo, na sua família, na sua escola, nas suas relações com seus amigos!

“Alguns dizem que o amor é o mais doce dos sentimentos, a forma mais pura de alegria, mas não é verdade: esse não é o amor – é o alívio.” (p.190)

Não entendo até agora como ela conseguir colocar em tão poucas páginas tantos sentimentos, tanta história. A narrativa é comovente e convincente, é tudo muito próximo da nossa realidade, não é uma ficção irreal. Os personagens são humanos, me reconheci em muitos deles, nos seus sentimentos e atitudes!

A forma como ela abordou o tema da transição da fase da infância pra adolescência e todo o combo de emoções e sentimentos que traz consigo é incrivelmente sensível ainda mais se atrelado ao cenário apocalíptico da desaceleração, faz de A Idade dos Milagres uma história ímpar e imbuída de significados!

Eu estou simplesmente apaixonada pelo livro e pela história, e ao ler esta resenha ao final, sei que nada do que eu disser vai externar todo o meu sentimento e todo o carinho que sinto por ele! É um livro realmente devastador!

“Az vezes as histórias mais tristes são as que exigem menos palavras...” (p.203)

Beijos♥♥♥



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Lygia 07/11/2012

Romance de estreia que surpreende
A infância: como toda fase de nossas vidas, um dia ela passa e tudo o que fica pra trás são boas memórias, risadas e o lembrete de que nada era mais preocupante do que sua mãe te chamar para entrar em casa, porque o horário de brincar acabou. Aos poucos a adolescência vem chegando, e junto à ela, inquietações, transformações corporais, e grandes preocupações escolares. Se encaixar socialmente e fazer parte de um grupo é essencial.

Júlia está saindo de uma fase e entrando em outra. O que já é complicado por natureza, agrava-se com a chocante notícia na televisão de que os dias, a partir de então, ficarão mais longos. Que os minutos se arrastarão em horas, e o que se tem como medição de tempo não irá servir de mais nada: a rotação da Terra está em processo de desaceleração. As pessoas se assustam, não sabem o que esperar. Cientistas e estudiosos nada podem fazer e o "fenômeno" é inevitável. Resta às pessoas tentarem se adpatar da melhor forma possível e observar a natureza definhar-se gradativamente.

O diferencial desse livro, ao meu ver, foi como a autora Karen conseguiu unir dois assuntos no livro, que são focais. O livro é narrado pelo ponto de vista de Júlia, e como ela percebe que o fenômeno afeta sua vida, de sua família, dos seus amigos, colegas de escola...isso tudo através de um relato simples de criança/adolescente. A perda de sua amiga Hana, que foi embora com a família assim que o "colapso" foi anunciado, foi apenas a primeira de muitas outras situações que Júlia teve que aprender a encarar.

Outra coisa que destaco foi que, após o evento, as pessoas puderam "escolher" continuar com o horário do relógio, por mais que o sol não estivesse mais acompahando o horário que custumava ser de 24 horas. O dia, desde então, pode ter 30 horas, 32, e por aí vai. E outros, começam a adaptar a sua rotina de acordo com o novo tempo proposto. De uma maneira curiosa, as pessoas meio que entram em rixa por isso.

O livro é singelo, a narrativa é simples, mas como romance de estreia da autora, foi um grande acerto. Esse entrou na lista dos super recomendados e não é a toa que 'A idade dos milagres', entrou em votação no Goodreads, na categoria de melhor Romance de 2012. Inclusive, votei nele, que concorre com obra de grandes autores como Emily Giffin.
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Psychobooks 15/10/2012

Dois marcos na vida de uma única pré-adolescente: o primeiro é comum, a difícil passagem da infância para a adolescência e toda a dificuldade em se tornar uma nova pessoa, de acordo com os novos desafios propostos; a segunda é inusitada: A Terra está com a rotação em progressa desaceleração. O mundo continuará o mesmo? Como isso começou? Quais os efeitos dessa nova realidade?

Júlia tem uma melhor amiga, Hanna, e está com ela em sua casa, pronta para ir ao treino de futebol, quando a notícia da desaceleração da Terra, cai sobre sua família. A princípio o desespero toma conta de todos, a família de Hanna, por ser religiosa, resolve se afastar para um retiro. A família de Júlia segue sua vida, controlando o fato, mas convivendo com ele; cada membro encarando a tragédia do seu próprio jeito.

O núcleo familiar de Júlia é composto por ela, sua Mãe e seu Pai. Sua mãe é uma ex-atriz, que agora leciona teatro, seu pai é obstetra, especializado em gravidez de alto-risco. Seus empregos denotam bem suas características: a Mãe de Júlia é dada ao drama, superexagerada em suas reações, está sempre levando tudo aos extremos; seu pai é um homem calado, acostumado a lidar com problemas e resolvê-los de forma serena. Júlia demonstra durante todo o enredo uma mistura das duas personalidades.

É um livro intimista, uma tragédia vista sob o ponto de vista de uma adolescente, que conta, a partir de um futuro em que vive e que nunca comenta, como tudo começou. São lembranças de um tempo passado, recheadas de saudosismo, com uma clareza de ideia características de uma pessoa adulta, incorporadas nos acontecimentos da vida de uma pré-adolescente.

A nova realidade vai se desnudando aos poucos durante a leitura. Os acontecimentos vão se desencadeando, o mundo vai se desintegrando, relações vão deixando de existir e novas se firmam.

A narrativa é em primeira pessoa, sob o ponto de vista da Júlia, então todas as informações que temos sobre os desastres e sobre os desdobramentos da desaceleração são as impressões dela e tudo o que ouviu falar. Algumas perguntas ficam propositalmente sem resposta, nós sabemos o que ela sabe. O que não atiça sua curiosidade, não nos é revelado.

Gostei bastante da crítica à sociedade embutida no livro. Durante a desaceleração, há duas linhas seguidas pelas pessoas: umas acompanham o novo tempo da terra, com dias e noites mais longos, e outra, a mais rígida, que continua seguindo o relógio de 24 horas, independentemente da posição do sol. Há um preconceito pelas chamados “Seguidores da hora real” que beira o fanatismo religioso. Considerados páreas, são excluídos e rechaçados de forma velada pelos “Seguidores do relógio”.

O paralelo feito entre crescimento pessoal em meio a uma catástrofe foi um toque de gênio. Por muitas vezes me senti mais enlevada pelo drama pessoal de Júlia do que pela desaceleração em si. A história de Júlia é simples, seus dramas são comuns, sua vida é comum, mas a escrita de Karen nos envolve completamente. A forma como Júlia (sob oo ponto de vista de protagonista que já viveu aquilo) às vezes nos avisa de algo que ainda está por vir é sútil, mas eloquente quanto ao dano – ou benefício – que aquilo levou.

Faço um aparte para falar do avô de Júlia. Já com 86 anos, ele rouba todas as cenas em que aparece. Seu desenvolvimento foi o mais curto e o mais emocionante.

Leiam!

"Talvez tivesse começado antes da desaceleração, mas só depois fui me dar conta: minhas amizades estavam se desintegrando. Tudo estava desmoronando. Foi uma travessia difícil aquela, da infância para uma próxima vida. E, como qualquer outra dura jornada, nem tudo sobreviveu."
Página 74
http://www.psychobooks.com.br/2012/08/resenha-sorteio-a-idade-dos-milagres.html
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Camila.Pereira 30/06/2015

Adaptações e lições
É interessante ver o drama da personagem. Ela acaba de entrar na adolescência, então há muitos dilemas para resolver, mas somado a isso existe o fato da Terra estar mudando. Um período de adaptação e mudanças pra todo o mundo. A autora combina os dilemas da personagens com os acontecimentos e como isso a afeta, deixando a mensagem do que acredita ser realmente importante!
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CooltureNews 13/11/2012

Publicada no www.CooltureNews.com.br
Olá senhores, como vão? Andei sumido por muitos ótimos motivos e alguns poucos não tão bons, mas estou de volta e ao longo das próximas semanas colocarei em dia tudo o que estou devendo.

Como notícia ruim, tenho a dizer que os problemas que ocasionaram meu sumiço também influenciam meu ritmo de leitura. Como notícia boa, tenho a dizer que as próximas três resenhas serão bastante positivas (dei sorte ou escolhi bem, não sei qual é o caso aqui).

Começaremos com um livro que eu resolvi definir como “se Anos Incríveis tivesse sido escrito por J. J. Abrams”. Caso o título da série e o nome do cidadão em questão sejam desconhecidos para você, PARE TUDO O QUE ESTÁ FAZENDO e preencha essa lacuna na sua vida. Estou falando aqui do livro “A Idade dos Milagres”, lançado pela Companhia das Letras. Minha citação a J. J. Abrams se justifica pelo fato da obra ter como fato gerador (ou incidente incitante, para os estudiosos de estruturas para tramas) a mudança na duração dos dias, um elemento de ficção científica que, em muitos momentos da trama, parece tratar-se apenas de um pano de fundo para contar a história da protagonista.

E, na minha humilde opinião, é nesse ponto que reside a beleza da narrativa.

“A Idade dos Milagres” é um drama adolescente (não leia isso de forma pejorativa) conduzido de uma forma tão deliciosa que, entregando minha idade na cara larga, me levou vinte anos de volta na minha vida. Cada sensação das personagens, cada desilusão, cada mudança de opinião e cada julgamento das atitudes das pessoas em volta da protagonista guia o leitor de forma magistral pelos problemas dessa fase da vida, potencializados pelo fato dos relógios deixarem de servir como base pra a vida social.

Dessa forma, o elemento estranho à vida comum de uma adolescente americana (a ficção científica já citada) serve como catalisador de sua visão de mundo, exacerbando seus conflitos internos e problemas típicos da idade. A obra nos pega pela mão e planta sementes de questionamentos sociais em nossa cabeça ao mesmo tempo em que mascara essa invasão mental com a sutileza de descobertas pelas quais todos nós, de uma forma ou de outra, passamos. Texto brilhante que, mesmo com algumas passagens e descrições desnecessárias, envolve o leitor e nos obriga a sorrir e torcer por aquela típica menina dos subúrbios americanos.

Se você procura por um livro sutil, atemporal e reflexivo, “A Idade dos Milagres” foi escrito para você.
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Zilda Peixoto 17/02/2013

A idade dos milagres
E se os dias ficassem mais longos?

A catástrofe foi anunciada. Dia e noite já não se diferenciavam. Os dias chegavam a durar 48 horas e, as noites eram chamadas de “noites claras”, pois a luz do sol insistia em permanecer no céu. É assim que, a adolescente Júlia vê surgir à desaceleração da Terra.

Júlia morava na Califórnia e levava uma vida tranquila ao lado de seus pais. Ninguém sabia determinar quando e como o tal fenômeno chamado por especialistas de desaceleração tinha dado início. A rotação da Terra estava alterada e o caos iminente era inevitável. Pássaros desorientados perdem a gravidade e começam a cair do céu, as marés estão descontroladas, centenas de baleias morrem encalhadas, todos os moradores da cidade passam a estocar descontroladamente comidas em suas casas, entre tantas situações desesperadoras passam a ocorrer. Após o anúncio todos os noticiários falavam e especulavam a respeito. A vida de Julia e toda sua família tomariam rumos inimagináveis.

Mesmo diante de tantas mudanças Julia e todos os moradores da Califórnia precisavam se adaptar a nova vida. Apesar de tímida, Julia é uma menina de 12 anos muito forte. Assim como toda adolescente, ela mantém uma relação de afeto muito grande com sua amiga Hanna.

Em seu romance de estreia Karen Thompson Walker nos apresenta uma história singular que aborda as transformações ocorridas durante uma fase muito especial de nossas vidas. A jovem Julia precisa aprender a conviver com situações que mudarão sua vida para sempre. A narrativa é muito forte e levanta possíveis questionamentos em relação à destruição do planeta. É comum em distopias a apresentação do mundo pós-apocalíptico. No caso de A Idade dos Milagres o processo é inverso.

Questionamos-nos o tempo todo o motivo por tamanho desastre natural. Apesar de, a personagem ser uma adolescente de apenas 12 anos, é possível nos identificar facilmente. Acompanhamos o prelúdio de uma catástrofe anunciada. Independentemente da causa é impossível não levar em consideração a maneira como vivemos. O livro aborda questões comportamentais muito importantes para que o leitor possa captar a essência do livro.
Julia é uma menina muito inteligente e perspicaz, mas a maneira como ela enfrenta os problemas pessoais tornam a narrativa um pouco dissonante.

A Idade dos Milagres segue duas vertentes: narra a história de quando a vida das pessoas começam a ser afetadas diante de uma catástrofe e, aborda a transição para uma fase da vida muito importante: a adolescência.

O que mais me chamou atenção foi a maneira como a autora correlacionou dois temas tão distintos. Diante do caos vivido pelos personagens, ela soube descrever com precisão a fragilidade de cada um. Todas as mudanças ocorridas como: a transformação do corpo, a descoberta do primeiro amor, a fragilidade das relações conjugais, a perda de amizades consideradas insubstituíveis, o tempo dedicado a quem se ama, a negligência dos pais na educação dos filhos, entre outros. Intercalando ficção e realidade, Karen Thompson Walker nos presenteia com uma obra memorável.

O amor platônico que Julia sente por Seth Moreno torna a narrativa ainda mais bonita. Seth Moreno é um personagem importantíssimo na narrativa, assim como Julia e, ambos conduzem uma linda história que enfatiza a importância da amizade.

A diagramação é simples. O livro possui uma linda capa que condiz com o enredo. A capa tem um efeito bem legal no escuro. A leitura é cativante e surpreende o tempo todo. O final é muito bonito e surpreendente. Durante a leitura é impossível não se envolver com a trama. O tema escolhido é comum ao nosso cotidiano e com certeza, o leitor vai criar certa paranoia. Ainda não chegamos a tal estágio, mas A Idade dos Milagres traz à tona uma discussão muito importante.

Recomendo a leitura a todos os leitores. Aos adolescentes que estão passando por essa fase de tantos questionamentos e transformações quanto aos adultos que desejam que seus filhos cresçam em mundo melhor. Fica a dica!
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Izabella Viana 16/02/2014

E se as noites virassem dias e os dias virassem noites?
Gosto de livros assim, que nos tiram da nossa zona de conforto. E foi exatamente isso que A Idade dos Milagres fez. Ele nos traz uma história tão real, tão tocável e tão angustiante que é impossível você não se colocar na situação de Julia e dos habitantes da Terra durante a desaceleração.
Um livro que nos faz pensar, analisar e refletir sobre a vida, sobre perdas e sobre relacionamentos. Que nos faz perceber o quanto somos pequenos diante a natureza.
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Ana Usui 20/03/2014

O desastre que ninguém esperava.
A Idade dos Milagres me veio como uma recomendação, e admito que antes mesmo de abri-lo pensei que não gostaria, porque a amiga que me recomendou só le coisas dificeís e inteligentes. Mas me supreendi bastante com esse livro em específico.

A Idade dos Milagres é uma distopia com uma teoria totalmente diferente de tudo o que eu vi em distopia ultimamente. Não há bombas, nada de guerras e definitivamente não tem nenhum alienigena ou zumbi escondido no canto da página.
O mundo sofre algo chamado "a desaceleração". Minutos começam a despontar no fim de cada dia, e ninguém sabe o que está acontecendo e é assutador por que é algo que ninguém pode controlar, não era o esperado e o desconhecido assusta muito mais.

A história é narrada por Júlia, quando o mundo mudou ela tinha 11 anos. Tudo o que ela conhecia, a partir daquele momento, nunca mais seria o mesmo. Os dias passaram a ter mais horas, “24 horas” se tornou um termo do passado, uma época em que a vida podia ser prevísivel e até mesmo confortável.
As pessoas tinham de se adaptar a esse novo sistema, que no inicio não revelava suas consequências, mas elas vieram. E como vieram.

Em questão de narrativa eu adorei, o eventos que vão acontecendo gradualmente na história me deixaram com um nível altíssimo de ansiedade, e o melhor de tudo é que mesmo com toda a ansiedade, com todo o apocalipse eminente, o mundo seguia em frente, as pessoas ainda tinham de ir ao trabalho, elas ainda viviam, e ainda havia momentos de raiva e alegria como em qualquer outra história, eu ainda torcia pelo amor de Júlia e ainda a via enfrentar coisas que até mesmo no fim do mundo não mudam, os malditos problemas sociais.

Em questão de ponto negativo acho que só consegui encontrar um, eu meio que esperava um pouco mais de colapso e violência em algumas partes, mas creio que a intenção da autora era mostrar mais o outro lado de uma distopia, o lado que quase não vemos nos atuais livros sobre o assunto.


Super recomendo pra quem gosta do assunto, e até mesmo pra quem não gosta creio que pode ser muito interessante.

“Devia saber, àquela altura, que os desastres nunca são aquilo que previmos — mas o que
ninguém esperava.”
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Revista 21 28/01/2015

E se os dias começassem a ficar mais longos?
Sempre tem aquele dia na sua vida em que você tem um milhão de coisas pra fazer e nada de tempo para encaixar tudo isso. Quem, em um momento desses, nunca bradou um: “Queria que o dia tivesse 48 horas!”? E se ele realmente tivesse? Imagine que a terra saiu de seu eixo de rotação, que os dias andam ficando cada vez maiores, e que as pessoas começam a ter que se adaptar a algo não adaptável, principalmente tendo em vista o fato de que essa desordem toda, provavelmente, é “apenas” o início do fim do mundo.

É isso que acontece em “A Idade dos Milagres”, romance de estreia de Karen Thompson Walker. A história é narrada por Julia, uma menina de 11 anos, que acorda em um dia comum e começa a perceber que o mundo está mudando. As notícias começam a pipocar. Alguns acham que é só alarde à toa. Outros ficam desesperados e começam a fazer coisas como estocar comida ou planejar fugas. O problema é que nem tem pra onde fugir.

Saiba mais em:

site: http://revista21.com.br/?p=6425
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Saulo Cruz 08/02/2015

Livro Egoísta
“(...) nos demos conta de que temíamos as coisas erradas: o buraco na camada de ozônio, o derretimento das calotas polares, o vírus do oeste do Nilo, a gripe suína e as abelhas assassinas. Mas acho que aquilo que preocupa nunca é o que acontece, no final das contas. As catástrofes reais são sempre diferentes – inimagináveis, desconhecidas, impossíveis de prever.”

Nessa interessante ficção contemporânea de Karen Thompson Walker, a vida em nosso mundo está terminando por causa da desaceleração da rotação do planeta. E, em forma de diário, a protagonista nos conta os efeitos da progressão das costumeiras 24 horas em dias de mais uma semana de duração...

O fenômeno é intransponível. Resta tentar sobreviver dia a dia, entre os que tentam levar a vida de forma normal, seguindo o horário antigo e os que buscam se adaptar aos longos dias de radiação solar e as noites de duração gelada.

Nossos dramas íntimos tem a mesma importância que as piores tragédias da humanidade - principalmente quando a gente é adolescente. E o livro é escrito nesse tom, de histórias paralelas: a destruição do mundo e a destruição da infância.

“talvez tivesse começado antes da desaceleração, mas só depois fui me dar conta: minhas amizades estavam se desintegrando. Tudo estava desmoronando. Foi uma travessia difícil aquela, da infância para uma próxima vida. E, como em qualquer outra dura jornada, nem tudo sobreviveu”.

O texto é claro, direto e honesto. E egoísta: depois que comecei não consegui dar atenção às outras leituras até que “A Idade dos Milagres” estivesse concluído. Excelente livro.
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Yasmin 18/08/2012

Marcante, belo, tocante e inquietante

Desde que vi o nome desse livro na lista de lançamentos da Companhia das Letras no começo do ano fiquei curiosa e procurei a sinopse no Goodreads. Estava ansiosa para o lançamento e quando o vi no meio dos lançamentos da Paralela na Bienal fiquei muito feliz. É distópico sem ser, é o tipo de romance desastre que se bem construído renderia uma história fascinante. 216 páginas depois posso dizer que Karen Thompson Walker foi genial. Ela construiu uma história única, desconstruindo tudo o que é caro para nós e narrado de uma forma tão magistral que é difícil acreditar que esse é seu livro de estreia.

Julia tem 12 anos e era uma garota como outra qualquer. Tinha uma melhor amiga e jogava futebol. Foi em uma tarde de jogo que a notícia começou a se espalhar pelos canais de televisão, internet e jornais. A rotação do planeta terra estava diminuindo de velocidade. O planeta estava desacelerando e ninguém sabia por quê. O dia ganhava minutos. Os cientistas estavam como loucos atrás de respostas. O que causou e se ia continuar. Nos dias que se seguiram a notícia todo o mundo estava em pânico, os mercados eram drenados, religiosos falavam em fim dos tempos. A primeira mudança foi a gravidade que estava ficando mais forte, pássaros eram puxados para o chão, as marés estavam mudando. Muitos estavam fugindo e a pergunta que Julia se fazia era para onde. Afinal não adiantava mudar de estado. A mãe de Julia mudou. Estava com o medo estampado na cara. Seu pai parecia calmo e seguiu trabalhando. Os dias iam passando e os minutos logo se tornaram horas. Os relógios estavam obsoletos. O dia passou há ter 25 horas, depois 28 horas, em pouco mais de um mês já eram 48 horas, e só ia aumentando. Vieram às noites brancas para aqueles que ainda seguiam às 24 horas independentes do céu claro ou escuro. O nascer e o pôr do sol estavam cada vez mais distantes. Semanas no claro, semanas no escuro. E Julia ia vivendo.

É essa a premissa genial que dá início a uma narrativa reflexiva e uma trama linear que desenvolve um cenário desolador. Um cenário que mexe com o leitor. Terminei o livro sentindo um amor que jamais imaginei que ia sentir pelo nosso planeta. Só de pensar naquele cenário se tornando realidade meu estômago gela. Instinto de sobrevivência? Pensar que tudo pode simplesmente começar a parar e ir morrendo. O fim de um planeta. Seria possível? O pior é que sim. Já é fato que a rotação do nosso planeta está diminuindo. Claro que em um ritmo muito lento, 2,3 milissegundos por século, mas ainda assim é preocupante. E se essa diminuição for aumentando? Daqui, sei lá, 200 anos o cenário do livro pode se tornar realidade.

É apavorante e ao mesmo tempo emocionante pensar nisso. Contraditório, mas é verdade. Imagina viver em um planeta assim? Plantações ficando impossíveis, frutas, animais e tudo isso virando passado. É fascinante e muito, muito triste. A humanidade pode não ser grandes coisas, cheia de erros e defeitos, mas somos criaturas estranhas, inteligentes, que lutam mesmo quando o fim é certo. Imagine isso tudo apagado? Um simples planeta, vazio, morto, uma mera pegada na areia, um eco. É assustador. Existem teorias que aconteceu algo assim com marte e olha o que tem lá hoje em dia. Será esse o destino da terra?

A narrativa da autora assume um tom poético, melancólico, sem a intenção de parecer científico e muito menos um alerta. É um relato humano do fim de um planeta. A sensação ao ler é como se fosse um diário encontrado abandonado depois de muitos anos. Julia é uma garota que presenciou o mundo mudar, mas ainda tem sentimentos adolescentes. Através do seu olhar, simples, ágil e triste uma história surpreendente se revela. É uma mistura única de sentimentos que muda quem lê. Um livro que vai ficar na minha cabeça por muito tempo. Em cada nascer e pôr do sol. Mas do que uma forma de acordar o ser humano é uma história que mostra como a vida é efêmera. Podemos prever furacões, podemos ver as geleiras derreterem e a camada de ozônio se deteriorando, mas ainda assim existem muitas coisas que nem os mais brilhantes físicos podem prever. Somos uma pulga no universo. Prontos para sermos expelidos tão rápido como surgimos.

Leitura rápida, mas que exerce um ritmo próprio sobre quem lê. Podia ter lido de uma vez só, mas a história de Karen Thompson Walker é para ser degustada aos poucos. Ela fica com o leitor, impressa no pensamento para ser apreciada a longo prazo. A edição da Paralela está (...)

Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/08/resenha-idade-dos-milagres.html

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