A Idade dos Milagres

A Idade dos Milagres Karen Thompson Walker




Resenhas - A Idade dos Milagres


44 encontrados | exibindo 1 a 16
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Elidia 02/08/2012

Sublime... delicado e viciante!
O romance de estréia de Karen Thompson Walker é também o livro estréia da parceria do Bookeando com a editora Companhia das Letras.E com muita alegria recebi a prova antecipada deste romance com cenário apocalíptico, e o li em um dia. Venha conhecer as percepções de Julia, uma garota de 11 anos, na idade dos milagres, que sofre com as transformações da adolescência, enquanto o mundo passa por uma tragédia.

E se os dias ficassem mais longos?

Em um sábado aparentemente comum, na Califórnia, Júlia e sua família acordam e descobrem, com o resto do mundo, que a velocidade de rotação da Terra está diminuindo. Os dias e as noites vão ficando mais longos, fazendo com que a gravidade seja afetada e o meio ambiente entre em colapso. Pássaros desorientados caem mortos do céu, centenas de baleias encalham na praia, as marés saem de controle. Ao mesmo tempo que luta para sobreviver às mudanças e se adaptar à nova normalidade, Júlia tem que lidar com os problemas da adolescência e os desastres do cotidiano. Com uma prosa econômica e prazerosa e a sabedoria emocional de uma contadora de histórias nata, Karen Thompson Walker criou uma narradora singular em Júlia, uma garota forte e perspicaz. Entre as tradições do romance de formação e do filme catástrofe, A Idade dos Milagres é uma obra visionária que discute a capacidade de adaptação do homem, traçando um retrato comovente da vida familiar em um mundo gravemente alterado.

O começo do livro é angustiante, já que o tema que a autora escolheu retratar é muito próximo dos eventos naturais a terra pode sofrerEm dezembro de 2004, um poderoso tsumani ocorreu no oceano Índico, e quase 200 mil pessoas morreram por causa dele.Naquele dia a rotação da terra sofreu uma pequena alteração, tornando-se uma fração de segundo mais rápida.Eu realmente me vi em um cenário onde com tanta inteligência, os humanos não tivessem uma resposta, de como a sociedade responderia as medidas governamentais e a escassez de alimentos.

Na narrativa de Julia, somos telespectadores do inicio da catástrofe, quando os dias começam a ficar maiores, chegam a mais de 48 horas,e não se diferenciam mais de noites, algumas noites são claras, alguns dias são noites, assim o mundo entra em colapso, natureza, humanos e sociedade. A verdade é que encarei o apocalipse como cenário da adolescência de Julia.

Aconteceu na escuridão: faróis em varredura, portas de carro fechando depressa, luzes vermelhas piscando silenciosamente no fim da rua.

A escrita de Karen Thompson Walker é específica e tem contexto cientifico que formam o cenário das descobertas de Julia, a leitura se torna viciante pela delicadeza em como a adolescente encara e narra os acontecimentos do cotidiano, como as amizades, o primeiro amor e muitas frustrações familiares e sociais. O amor platônico dela é Seth Moreno, um garoto misterioso que também possui conflitos internos, fiquei horas imaginando como seria o cheiro de sabão dele que agrada tanto nossa protagonista.

Seth foi o último a subir no ônibus.Deu um sorriso amarelo quando passou por mim, a caminho, como de costume, das fileiras do fundo. O que vi no rosto dele, quando cruzou comigo, dava mais medo do que a expressão de Daryl pouco antes. Nos olhos escuros de Seth e e seus lábios grossos, apertados, vi alguma coisa diferente, algo pior, vi pena.

A Idade dos Milagres é uma história de amadurecimento, onde uma adolescente começa a se dar conta de como a vida funciona, como a mentira pode se tornar um grande feito, como o primeiro amor pode acontecer e como as amizades podem acabar de um dia para o outro,onde o apocalipse é o fator de mudança, adaptação e descobertas.

A cada decepção de Julia, eu me emocionava, ela é uma protagonista fácil de se apegar já que ao decorrer do livro, vemos ela amadurecer, sofrer perdas irreparáveis, e o inicio do sofrimento dado pela mudança de gravidade, falta de alimentos, água em uma sociedade desnorteada.Só não sei realmente qual motivo da minha tristeza no final do livro, se foi por ele ter acabado, ou pelo final propriamente dito.

Um livro memorável, que você não vai querer parar de ler Se você gostou da resenha, A Idade dos Milagres chega dia 11 de agosto em todas livrarias!
V 10/02/2013minha estante
Gostei da sua resenha. O sentimento de tristeza foi mútuo ao terminar de ler o livro e também não saberia dizer se é por ter encerrado a leitura ou pela forma como a história termina - talvez ambos. Só posso confirmar que é um romace incrível.


V 10/02/2013minha estante
Gostei da sua resenha. O sentimento de tristeza foi mútuo ao terminar de ler o livro e também não saberia dizer se é por ter encerrado a leitura ou pela forma como a história termina - talvez ambos. Só posso confirmar que é um romace incrível!


Ana Claudia Car 05/11/2014minha estante
Um livro realmente maravilhoso sem mais...
OBS. e a ressaca literária pós livro...




Carolina165 30/11/2017

Muito bom
A história se passa no momento em que a rotação da Terra começa a desacelerar, tornando os dias e noites mais longos; e afetando não só o campo magnético da Terra, como também as marés, o clima, e o sistema biológico dos seres vivos.
De início o dia passa a ter alguns minutos a mais, depois horas, até que chega um momento em que um dia passa a ter a duração de semanas.Com isso, o planeta perde a proteção contra a radiação solar fazendo com que as pessoas tenham que se refugiar da luz do sol, animais e plantas começam a morrer, e há a escassez de alimentos e energia elétrica, visto que as plantações começam a perecer devido aos grandes períodos sem luz e a necessidade de usar estufas e luz artificial para cultivar as plantações. Enfim, tudo vai caminhando para o caos total, porém ainda assim prosseguimos a leitura com a esperança de alguma melhora.
A narrativa é feita em primeira pessoa pela protagonista Julia, que conta como tudo aconteceu. Ela tinha apenas 12 anos, e além de lidar com os problemas da desaceleração também tinha que lidar com os problemas típicos da sua idade: a escola, os amigos, as decepções, etc. Ao final do livro ela já tem 23 anos e ficamos imaginando como foi viver mais de 10 anos naquele caos que a desaceleração causou.

"Era esse o momento que vivíamos: talentos começavam a emergir, pontos fracos se revelavam, descobríamos que tipo de pessoas seríamos. Alguns seriam bonitos, outros engraçados, outros ainda tímidos. [...] Os gordinhos provavelmente seriam sempre gordinhos. Os amados seriam amados por toda a vida, eu achava. E temia que o mesmo acontecesse com os solitários. Talvez a solidão estivesse impressa nos meus genes e, depois de adormecida durante anos, entrasse agora em plena floração.
[...] Em dias escuros como aquele, as janelas da biblioteca pareciam iluminadas como um aquário, seus habitantes em exposição para que todas as demais crianças os vissem: ali estavam os peixes mais exóticos, os solitários, os mal-amados, os esquisitos". Pág. 155, 156.

Em alguns momentos achei a leitura cansativa, porém ao terminar, percebi que fui tocada pela história bem mais do que imaginava. Não pude evitar de sentir um aperto no peito por tudo que a protagonista passou. Afinal é uma história triste, e apesar de eu sentir a necessidade de alguns esclarecimentos sobre certos pontos, achei o livro muito bom, reflexivo e original.
Vale dizer que a editora caprichou na capa, que além de bonita ainda brilha no escuro.
Bryan.Caratti 19/09/2020minha estante
Adoro suas resenhas


Carolina165 20/09/2020minha estante
Fico muito feliz de saber isso Bryan!! ?????


Bryan.Caratti 20/09/2020minha estante
??????




teteu's bookshelf 21/01/2023

Não pensei que choraria com esse livro
Juro que eu estava pronto para detonar esse livro aqui na resenha mas, eu não consigo. Ele prometeu muito, mas mesmo não entregando tudo, a construção do mundo me ganhou, eu consegui sentir medo, aflição, dor e tristeza! Aqui o romance me conquistou, acho que pelo fato da amizade e cumplicidade ser o fator principal. Do capítulo 30 até o último, 34, senti um faca entrando bem devagarinho no meu coração. Foi no capítulo 33 que meus olhos encheram de lágrimas e eu não queria aceitar o que estava acontecendo e só quando chego na última página, do último capítulo, no último parágrafo e por fim a última frase, eu desabo! Queria ter alguém pra chorar aqui comigo, ainda não consigo parar de pensar nessa bendita frase e o que ela simboliza! ????????
teteu's bookshelf 21/01/2023minha estante
Faz uma hora que terminei o livro e ainda não parei de chorar VTNC ?




Nedina 24/07/2014

isso não é uma resenha, é só um longo comentário provando que eu li o livro para validar minha participação no Desafio Literário Skoob 2014 mês de Julho.

O livro foi indicado e emprestado pela foufa Flávia (cuidado com ela, você não quer boiar no rio).

Sabe as distopias que falam que algo horroroso aconteceu e agora tem algo acontecendo, geralmente uma luta contra o governo? (ex: Jogos Vorazes, Feios, Divergente, etc). Então, A Idade dos Milagres é o que acontece DURANTE esse algo horroroso. E o que está acontecendo é que a Terra (o PLANETA) está parando de girar em torno de si mesmo. O movimento de rotação está diminuindo. E daí? Daí que os dias estão ficando mais longos e as noites também. Nada de dias de 24hrs. E daí? Daí que TODA a vida no planeta depende que essa rotação SEJA de 24hrs.

Assim, lemos o relato de Julia quando ela tinha 12 anos, a idade do 'milagre' para as crianças. Que é quando elas se desenvolvem, crescem 10 cm em uma noite e etc.

O livro é bom, angustiante, mas muito bom. Eu diria que me deu muito medo, mas conversando com a dona do livro eu vi que o certo é angustia. Eu sou engenheira eletrônica. Eu estaria no time 'vamos descobrir como sobreviver', mas ainda assim fiquei apavorada com a possibilidade. Em uma guerra você luta por um ideal, tenta vencer. Mas como lutar contra um planeta que se recusa a continuar girando?! =O

Leitura recomendada.
Flávia 28/07/2014minha estante
Que bom que gostou!!!!! Exatamente, eu me senti angustiada, sufocada por ter de presenciar de forma lenta, gradual, uma catástrofe e não poder fazer nada. Apenas tentar se adaptar, o que também estaria com os dias contados




Yasmin 18/08/2012

Marcante, belo, tocante e inquietante

Desde que vi o nome desse livro na lista de lançamentos da Companhia das Letras no começo do ano fiquei curiosa e procurei a sinopse no Goodreads. Estava ansiosa para o lançamento e quando o vi no meio dos lançamentos da Paralela na Bienal fiquei muito feliz. É distópico sem ser, é o tipo de romance desastre que se bem construído renderia uma história fascinante. 216 páginas depois posso dizer que Karen Thompson Walker foi genial. Ela construiu uma história única, desconstruindo tudo o que é caro para nós e narrado de uma forma tão magistral que é difícil acreditar que esse é seu livro de estreia.

Julia tem 12 anos e era uma garota como outra qualquer. Tinha uma melhor amiga e jogava futebol. Foi em uma tarde de jogo que a notícia começou a se espalhar pelos canais de televisão, internet e jornais. A rotação do planeta terra estava diminuindo de velocidade. O planeta estava desacelerando e ninguém sabia por quê. O dia ganhava minutos. Os cientistas estavam como loucos atrás de respostas. O que causou e se ia continuar. Nos dias que se seguiram a notícia todo o mundo estava em pânico, os mercados eram drenados, religiosos falavam em fim dos tempos. A primeira mudança foi a gravidade que estava ficando mais forte, pássaros eram puxados para o chão, as marés estavam mudando. Muitos estavam fugindo e a pergunta que Julia se fazia era para onde. Afinal não adiantava mudar de estado. A mãe de Julia mudou. Estava com o medo estampado na cara. Seu pai parecia calmo e seguiu trabalhando. Os dias iam passando e os minutos logo se tornaram horas. Os relógios estavam obsoletos. O dia passou há ter 25 horas, depois 28 horas, em pouco mais de um mês já eram 48 horas, e só ia aumentando. Vieram às noites brancas para aqueles que ainda seguiam às 24 horas independentes do céu claro ou escuro. O nascer e o pôr do sol estavam cada vez mais distantes. Semanas no claro, semanas no escuro. E Julia ia vivendo.

É essa a premissa genial que dá início a uma narrativa reflexiva e uma trama linear que desenvolve um cenário desolador. Um cenário que mexe com o leitor. Terminei o livro sentindo um amor que jamais imaginei que ia sentir pelo nosso planeta. Só de pensar naquele cenário se tornando realidade meu estômago gela. Instinto de sobrevivência? Pensar que tudo pode simplesmente começar a parar e ir morrendo. O fim de um planeta. Seria possível? O pior é que sim. Já é fato que a rotação do nosso planeta está diminuindo. Claro que em um ritmo muito lento, 2,3 milissegundos por século, mas ainda assim é preocupante. E se essa diminuição for aumentando? Daqui, sei lá, 200 anos o cenário do livro pode se tornar realidade.

É apavorante e ao mesmo tempo emocionante pensar nisso. Contraditório, mas é verdade. Imagina viver em um planeta assim? Plantações ficando impossíveis, frutas, animais e tudo isso virando passado. É fascinante e muito, muito triste. A humanidade pode não ser grandes coisas, cheia de erros e defeitos, mas somos criaturas estranhas, inteligentes, que lutam mesmo quando o fim é certo. Imagine isso tudo apagado? Um simples planeta, vazio, morto, uma mera pegada na areia, um eco. É assustador. Existem teorias que aconteceu algo assim com marte e olha o que tem lá hoje em dia. Será esse o destino da terra?

A narrativa da autora assume um tom poético, melancólico, sem a intenção de parecer científico e muito menos um alerta. É um relato humano do fim de um planeta. A sensação ao ler é como se fosse um diário encontrado abandonado depois de muitos anos. Julia é uma garota que presenciou o mundo mudar, mas ainda tem sentimentos adolescentes. Através do seu olhar, simples, ágil e triste uma história surpreendente se revela. É uma mistura única de sentimentos que muda quem lê. Um livro que vai ficar na minha cabeça por muito tempo. Em cada nascer e pôr do sol. Mas do que uma forma de acordar o ser humano é uma história que mostra como a vida é efêmera. Podemos prever furacões, podemos ver as geleiras derreterem e a camada de ozônio se deteriorando, mas ainda assim existem muitas coisas que nem os mais brilhantes físicos podem prever. Somos uma pulga no universo. Prontos para sermos expelidos tão rápido como surgimos.

Leitura rápida, mas que exerce um ritmo próprio sobre quem lê. Podia ter lido de uma vez só, mas a história de Karen Thompson Walker é para ser degustada aos poucos. Ela fica com o leitor, impressa no pensamento para ser apreciada a longo prazo. A edição da Paralela está (...)

Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/08/resenha-idade-dos-milagres.html

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Ralf 18/08/2012

A maioria dos livros que retratam como o nosso mundo é destruído foca nas catástrofes e não no cotidiano dos personagens. Aqui a autora foca em Julia, uma adolescente, e como sua vida pessoal vai sendo destruída por causa dessa desaceleração. É interessante ver o fim do mundo nos olhos de uma adolescente, você se identifica com ela. Você torce que tudo dê certo para ela, e que ela resolva seus problemas familiares.

É incrível perceber como uma vida pode passar de calma, tranquila e alegre, para solitária, desesperadora e esperançosa. A autora criou uma ótima história de fim do mundo sem tornar clichê e em um mundo que pode ser o nosso.

Antes de dormir sempre termino o capítulo aí fecho o livro. A autora sacaneava comigo nessas horas soltando pequenas bombas no final dos capítulos que eram explicados nos outros. O que é bom, pois você não se cansa da leitura.

Fiquei com pena dos muitos conflitos enfrentados pela personagem. E também pelas catástrofes que estavam ocorrendo no mundo. Uma delas, me fez ficar com muita pena. Mas não são apenas catástrofes de proporções grandes, revoltas também fazem parte deste livro.

Com lançamento previsto para dia 10 deste mês, A Idade dos Milagres retrata a história de uma jovem adolescente em um mundo transtornado pela diminuição da rotação da Terra e também um mundo virado de ponta cabeça sem amigos ou alguém com quem ela possa contar.
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Paulo V. 20/08/2012

Mini-crítica
Num cenário caótico em que a Terra passou a diminuir a velocidade de rotação (assim aumentando os dias e as noites) e o meio ambiente entra em colapso, conhecemos Julia, uma menina de apenas 11 anos que além de ter que se adaptar ao novo mundo, passa pelos dramas comuns da adolescência.

Quando eu peguei o livro eu nem ao menos sabia o que eu ia ter. Eu já tinha lido a sinopse, é claro, mas eu não sabia como a autora iria levar a história e gostei muito do resultado. Ele tem todos os elementos que eu gosto em um livro: uma escrita ótima, personagens cativantes e reais, um cenário bacana e eu desfecho diferente e bonito. Super recomendo, entrou até para os meus favoritos.

Essa é a minha mini-crítica, clique aqui para ler a resenha completa: http://conversacult.blogspot.com.br/2012/08/resenha-idade-dos-milagres-de-karen.html#more
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gleicepcouto 17/09/2012

Quando a sensibilidade faz toda a diferença
http://murmuriospessoais.com/?p=4294

***

A Idade dos Milagres (Paralela) é o primeiro livro da norte-americana Karen Thompson Walker. A autora, que também é jornalista, recebeu nessa sua estreia literária elogios dos mais diversos meios de comunicação, desde Marie Claire a The New York Times.

Nesse livro, conhecemos Julia, uma menina tímida, de uma típica família americana. Um dia, num futuro não muito longe, vê no noticiário especial e urgente que a velocidade de rotação da Terra, gradativamente, diminui. Como consequência dessa mudança, os dias ficam mais longos, ou seja, duram mais que 24 horas. Isso reflete na vida da família de Julia, mas também em sua escola, em sua comunidade, até alcançar uma esfera global, com resultados segregacionistas. Há aqueles que preferem ignorar os fatos e as mudanças, até mesmo continuam a utilizar a noção de tempo que conhecemos, de 24horas/dia; e os que tentam se adaptar à mudança da melhor forma possível, aceitando o fato de que um dia possa ter 48 horas e até mais.

Não somente tendo que encarar essas mudanças físicas no mundo, Julia tem os próprios dramas para enfrentar, como o afastamento da melhor amiga, a passividade do pai, a neurose da mãe, o avô esquisito e o primeiro amor. Tentando manter sua vida normal em meio a um mundo caótico, Julia, aos poucos, aprende o quanto o ambiente externo pode dizer sobre ela e as pessoas ao seu redor.

Karen é uma contadora de história como poucas. A narrativa em primeira pessoa é fluída e surpreendentemente bem arquitetada. A impressão que tive ao ler o livro é que tinha em mãos um trabalho feito com esmero e responsabilidade, onde cada palavra foi escolhida cuidadosamente, cada sentença e expressão em seus devidos lugares.

Grande parte do êxito de Karen se deve à personagem principal. Julia é uma menina inteligente. Mais esperta que muitos adultos, mas sem perder seu lado garotinha. Sua sensibilidade é destaque e o modo como vê o mundo, único e inocente - mas sem ser alienado.

Outro ponto forte do livro é Karen ter tratado o assunto distopia de modo objetivo e próximo do que poderia ser real. É um mundo que, definitivamente, podemos nos ver nele de tão autêntico que é apresentado. Não há espaço para firulas, poderes especiais e nada do tipo. É uma ficção sim, mas que trata da natureza humana e sua capacidade (ou ausência dela) de se adaptar ao meio ambiente.

Os aspectos sociais e psicológicos abordados em A Idade dos Milagres são interessantíssimos. Percebemos como uma coisa "comum" como a contagem do dia em 24 horas, se modificada, pode originar uma mudança que nem todos estariam aptos a se adaptar. Questões sobre o efeito da luz e da escuridão nas pessoas chegam a ser inquietantes.

A aparente simplicidade da narrativa e trama pode passar uma impressão de "lugar-comum" para o leitor menos atento. Mas a verdade é que no texto de Karen está implícito uma sensibilidade e uma emoção que chegam a ser desconcertantes de tão belas.

Os personagens secundários do livro são tão humanos que me imaginei batendo na porta deles e pedindo uma xícara de açúcar emprestada. São presentes, bem caracterizados, imperfeitos, palpáveis. Eles passam por dramas genuínos, sem cair na armadilha da pieguice.

Sinceramente, não consigo pensar em nenhum ponto negativo na obra. Sério. Estou aqui pensando e pensando e pensando, mas nada vem em mente. Está tudo ali, gente: premissa extraordinária, narrativa harmônica, personagens encantadores e sensibilidade à flor da pele. A Idade dos Milagres chegou de fininho, sem fazer estardalhaço, e fez aquilo que os livros geniais devem fazer: emocionar.

Avaliação:
Autor(a): Karen Thompson Walker
Editora: Paralela
Ano: 2012
Páginas: 208
Valor: $25 a $35
Extra: Simplicidade emocionante.
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Francine 29/08/2012

Grata surpresa
A Idade dos Milagres (Editora Paralela/Cia das Letras, 208 p.) me ganhou pelo título e pela capa que, somente quando o livro estava sobre a minha cama e apaguei a luz, vi que ele brilhava no escuro. Achei divertido, mas isso também me causou insegurança de ter em mãos um livro para adolescente. Faz tempo que não sou uma, até acho legal alguns livros desse público, porém, não era o que eu imaginava. Mas não havia nada a fazer, a não ser ler e descobrir o que o livro de estréia da americana Karen Thompson Walker tinha a dizer. Foi uma grata surpresa.

Leia Mais: http://livroecafe.com/2012/08/29/a-idade-dos-milagres-karen-thompson-walker/
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Júlia.books 17/03/2024

...
Vamos lá.... é um livro que conta a história de uma garota que está crescendo na puberdade e descobrindo coisas normais, porém o mundo começa a aumentar as horas do dia e tudo vira uma bagunça, e uma angústia para saber como/ oque você precisa fazer para sobreviver.
É um livro legal, porém achei ele bem paradinho, mas a sua história em si é um assunto legal de comentar e viver.
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Paulo 29/08/2012

Resenha
A Editora Paralela é um novo selo da Companhia das Letras. Achei um tanto heterogêneo seu catálogo, mesmo ainda com poucos títulos. Só comprei "A idade dos milagres" — título fraco e, aliás, inadequado — porque sua proposta me pareceu instigante e, de fato, dá vontade de ler rapidamente até o fim.

Romance de estreia de Karen Thompson Walker, logo na primeira página nos revela a situação: os cientistas descobriram que a rotação da Terra começou a desacelerar. Isso significa que, aos poucos, os dias começarão a durar cada vez mais. Não se sabe aonde isso vai chegar. Imagine a hipótese de um dia de 60 horas: 30 com sol, 30 na escuridão da noite...

Nesse sentido, é uma história que intriga a imaginação — como ocorre com os "filmes-desastre". Curiosamente, recordei-me da sensação de quando, lá pelos 12 anos de idade, li o livro "A chave do tamanho", de Monteiro Lobato, em que Emília e todas as pessoas se veem diminuídas a poucos centímetros de altura.

Para fazer render um romance, a autora cria a história de uma menina, quase adolescente, que é a narradora em primeira pessoa. De certo modo, a trajetória pessoal dessa protagonista poderia ter sido construída em um romance que não tivesse esse pano de fundo tão especial. Um autor que pretendesse valorizar o fenômeno natural que é o pressuposto da história acabaria por focá-lo num cientista, por exemplo. A abordagem se deslocaria, num "espectro de gêneros", para o campo da ficção científica.

Embora essa seja uma consideração hipotética — o romance já está escrito —, não dá para negar que as partes mais interessantes sejam as que falam das consequências políticas e sociais mais amplas do fenômeno. Por exemplo, o conflito entre as pessoas que defendem o uso do "Horário do relógio", que se torna oficial, e o "Horário natural", que é dos rebeldes. Essa tensão geraria um delicioso debate, mas somos obrigados a ver a questão de uma longa distância.

Em minha leitura, portanto, há um descompasso entre a história e o contexto. Temos, no final, um romance somente agradável e interessante, que eu indico para quase qualquer tipo de leitor que esteja buscando um título curioso e relativamente curto. Um livro seguro para dar de presente a alguém.

[Resenha também publicada no blog benefício_da_dúvida: http://beneficio-da-duvida.blogspot.com.br/2012/08/sobre-o-livro-idade-dos-milagres.html]
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Lygia 07/11/2012

Romance de estreia que surpreende
A infância: como toda fase de nossas vidas, um dia ela passa e tudo o que fica pra trás são boas memórias, risadas e o lembrete de que nada era mais preocupante do que sua mãe te chamar para entrar em casa, porque o horário de brincar acabou. Aos poucos a adolescência vem chegando, e junto à ela, inquietações, transformações corporais, e grandes preocupações escolares. Se encaixar socialmente e fazer parte de um grupo é essencial.

Júlia está saindo de uma fase e entrando em outra. O que já é complicado por natureza, agrava-se com a chocante notícia na televisão de que os dias, a partir de então, ficarão mais longos. Que os minutos se arrastarão em horas, e o que se tem como medição de tempo não irá servir de mais nada: a rotação da Terra está em processo de desaceleração. As pessoas se assustam, não sabem o que esperar. Cientistas e estudiosos nada podem fazer e o "fenômeno" é inevitável. Resta às pessoas tentarem se adpatar da melhor forma possível e observar a natureza definhar-se gradativamente.

O diferencial desse livro, ao meu ver, foi como a autora Karen conseguiu unir dois assuntos no livro, que são focais. O livro é narrado pelo ponto de vista de Júlia, e como ela percebe que o fenômeno afeta sua vida, de sua família, dos seus amigos, colegas de escola...isso tudo através de um relato simples de criança/adolescente. A perda de sua amiga Hana, que foi embora com a família assim que o "colapso" foi anunciado, foi apenas a primeira de muitas outras situações que Júlia teve que aprender a encarar.

Outra coisa que destaco foi que, após o evento, as pessoas puderam "escolher" continuar com o horário do relógio, por mais que o sol não estivesse mais acompahando o horário que custumava ser de 24 horas. O dia, desde então, pode ter 30 horas, 32, e por aí vai. E outros, começam a adaptar a sua rotina de acordo com o novo tempo proposto. De uma maneira curiosa, as pessoas meio que entram em rixa por isso.

O livro é singelo, a narrativa é simples, mas como romance de estreia da autora, foi um grande acerto. Esse entrou na lista dos super recomendados e não é a toa que 'A idade dos milagres', entrou em votação no Goodreads, na categoria de melhor Romance de 2012. Inclusive, votei nele, que concorre com obra de grandes autores como Emily Giffin.
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Psychobooks 15/10/2012

Dois marcos na vida de uma única pré-adolescente: o primeiro é comum, a difícil passagem da infância para a adolescência e toda a dificuldade em se tornar uma nova pessoa, de acordo com os novos desafios propostos; a segunda é inusitada: A Terra está com a rotação em progressa desaceleração. O mundo continuará o mesmo? Como isso começou? Quais os efeitos dessa nova realidade?

Júlia tem uma melhor amiga, Hanna, e está com ela em sua casa, pronta para ir ao treino de futebol, quando a notícia da desaceleração da Terra, cai sobre sua família. A princípio o desespero toma conta de todos, a família de Hanna, por ser religiosa, resolve se afastar para um retiro. A família de Júlia segue sua vida, controlando o fato, mas convivendo com ele; cada membro encarando a tragédia do seu próprio jeito.

O núcleo familiar de Júlia é composto por ela, sua Mãe e seu Pai. Sua mãe é uma ex-atriz, que agora leciona teatro, seu pai é obstetra, especializado em gravidez de alto-risco. Seus empregos denotam bem suas características: a Mãe de Júlia é dada ao drama, superexagerada em suas reações, está sempre levando tudo aos extremos; seu pai é um homem calado, acostumado a lidar com problemas e resolvê-los de forma serena. Júlia demonstra durante todo o enredo uma mistura das duas personalidades.

É um livro intimista, uma tragédia vista sob o ponto de vista de uma adolescente, que conta, a partir de um futuro em que vive e que nunca comenta, como tudo começou. São lembranças de um tempo passado, recheadas de saudosismo, com uma clareza de ideia características de uma pessoa adulta, incorporadas nos acontecimentos da vida de uma pré-adolescente.

A nova realidade vai se desnudando aos poucos durante a leitura. Os acontecimentos vão se desencadeando, o mundo vai se desintegrando, relações vão deixando de existir e novas se firmam.

A narrativa é em primeira pessoa, sob o ponto de vista da Júlia, então todas as informações que temos sobre os desastres e sobre os desdobramentos da desaceleração são as impressões dela e tudo o que ouviu falar. Algumas perguntas ficam propositalmente sem resposta, nós sabemos o que ela sabe. O que não atiça sua curiosidade, não nos é revelado.

Gostei bastante da crítica à sociedade embutida no livro. Durante a desaceleração, há duas linhas seguidas pelas pessoas: umas acompanham o novo tempo da terra, com dias e noites mais longos, e outra, a mais rígida, que continua seguindo o relógio de 24 horas, independentemente da posição do sol. Há um preconceito pelas chamados “Seguidores da hora real” que beira o fanatismo religioso. Considerados páreas, são excluídos e rechaçados de forma velada pelos “Seguidores do relógio”.

O paralelo feito entre crescimento pessoal em meio a uma catástrofe foi um toque de gênio. Por muitas vezes me senti mais enlevada pelo drama pessoal de Júlia do que pela desaceleração em si. A história de Júlia é simples, seus dramas são comuns, sua vida é comum, mas a escrita de Karen nos envolve completamente. A forma como Júlia (sob oo ponto de vista de protagonista que já viveu aquilo) às vezes nos avisa de algo que ainda está por vir é sútil, mas eloquente quanto ao dano – ou benefício – que aquilo levou.

Faço um aparte para falar do avô de Júlia. Já com 86 anos, ele rouba todas as cenas em que aparece. Seu desenvolvimento foi o mais curto e o mais emocionante.

Leiam!

"Talvez tivesse começado antes da desaceleração, mas só depois fui me dar conta: minhas amizades estavam se desintegrando. Tudo estava desmoronando. Foi uma travessia difícil aquela, da infância para uma próxima vida. E, como qualquer outra dura jornada, nem tudo sobreviveu."
Página 74
http://www.psychobooks.com.br/2012/08/resenha-sorteio-a-idade-dos-milagres.html
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Gabriela 07/12/2012

Publicado em www.maisumcapitulo.com
Júlia é uma menina de 11 anos que joga futebol e mora na Califórnia. Também faz aulas de piano e tem uma melhor amiga chamada Hanna. Essa poderia ser uma estória comum, não fosse pelo acontecimento que surge já na primeira página do livro: a tal da desaceleração.

É assim que cientistas de todo o mundo chamam o fenômeno onde, sem explicação aparente, o planeta Terra começa a girar mais devagar, tornando assim os dias e as noites gradativamente mais longos. Primeiro um dia passa a ter 25 horas, depois 30, 36, 48...

Entretanto, a desaceleração pode até ser considerada como um segundo plano na estória. Se você espera encontrar no livro a explicação para o fenômeno, por exemplo, se decepcionará. A Idade dos Milagres é um livro sutil e delicado, que aborda os dramas adolescentes que todos um dia já passaram (ou passarão) inseridos em um cenário inesperado. Júlia precisa lidar com o primeiro amor, a amizade com a melhor amiga se desintegrando e problemas familiares em meio ao caos em que o planeta se encontra.

Uma coisa legal de observar é como a população se adapta a desaceleração. A população se divide entre aqueles que continuam seguindo o horário do relógio mesmo que o dia não tenha mais apenas 24 horas (eles vão dormir quando está na hora de dormir, mesmo que isso signifique que o sol ainda brilha lá fora) e entre aqueles que resolvem adaptar-se aos dias mais longos (seguindo assim o “tempo real”). Eles precisam adaptar-se a todas as situações, desde dias tão longos que o calor é insuportável até noites tão compridas e frias que passa a nevar na Califórnia em pleno verão.

Apesar de simplista, foi impossível para mim ler o livro sem sentir uma certa agonia. “E se fosse comigo? E se isso realmente acontecesse?”. Vamos acompanhando o “fim do mundo” junto com os personagens, nos perguntando “e agora? O que vai acontecer? Como eles vão sobreviver a isso?” a cada página virada. É o romance de estreia da autora Karen Thompson Walker e não poderia ter sido feito de maneira mais brilhante. É, acima de tudo, um livro que faz refletir e emociona, e meu favorito de 2012. Leitura mais que recomendada.

"Mais tarde, eu pensaria naqueles primeiros dias como o momento em que, como espécie, nos demos conta de que temíamos as coisas erradas: o buraco na camada de ozônio, o derretimento das calotas polares, o vírus do oeste do Nilo, a gripe suína e as abelhas assassinas. Mas acho que aquilo que preocupa mais nunca é o que acontece, no final das contas. As catástrofes reais são sempre diferentes - inimagináveis, desconhecidas, impossíveis de prever"
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