Luiza 24/10/2012
"Feministas de plantão, não me condenem"
Acabo de ler o livro 'Apaixonada por Palavras', da Paula Pimenta. O livro reúne crônicas que ela escreveu entre dezembro de 2000 e dezembro de 2008 sobre assuntos diversos (mas boa parte delas fala do mundo feminino).
Bom, as crônicas são bem voltadas para o público jovem (acho que de uns 13 a uns 17 anos está bom), apesar de muitas vezes eu ter tido a impressão de que a autora não tinha consciência ao escrever. Todas são muito pessoais, falando de namoro, viagem, luto, mensagens subliminares e até mesmo Big Brother. Li de ontem para hoje, numa fluidez que só - que deve-se principalmente à sensação de que a própria Paula Pimenta estava do meu lado, me contando as histórias (talvez pelo uso excessivo do gerúndio?). Devo confessar que ela tem um estilo muito dela, mas a narração oral também foi muito superficial (acredito que mesmo para um público mais jovem, ela poderia ter tido uma abordagem mais profunda. Espero que isso se deve a uma tentativa de deixar as crônicas mais leves, e não a uma 'imaturidade', por falta de palavras melhor).
De modo geral, um livro tranquilo. Entrementes, tem um grave problema. Paula Pimenta se mostra muito insegura e assume-se tímida até o limite, o que não é um problema, de fato. O problema é que, além disso, ela tem uma visão muito conservadora da mulher. Ela dá regras a serem seguidas para se conquistar uma mulher e vários exemplos de o que uma mulher faz e como é. Não é uma visão exposta, mas mostrada ao longo do livro, pedaço por pedaço. A mulher deve ser frágil, delicada, insegura, submissa ao homem. Deveria aceitar o corpo como é, mas na verdade faz dietas e se acha feia, se arruma para sair e vai especificamente ao bar do paquera, olhar ele (mas não muito, interesse demais assusta) e fazer as caras que ensaiou no espelho. Tudo bem, ela tem o direito de pensar isso, ou achar que as mulheres são realmente assim. Mas ela tem um público alvo muito influenciável, em sua maioria! Não gosto de pensar que tem meninas formando sua opinião e se identificando ao ler esse livro.
Num dado momento, ela cita um casal. O rapaz foi transferido para o Acre, mas a mulher disse que não ia, ia ficar com seu trabalho no Rio. A Paula diz que ela teria ido com ele, afinal amor é maior que qualquer trabalho, e essa moça não deveria amar o rapaz de verdade. Em nenhum momento ela cogita que o próprio homem poderia ter recusado o trabalho e encontrado outro no Rio, para ficar com a amada. Ou, simplesmente, que o relacionamento entrou em conflito e eles decidiram que era melhor assim. Afinal, ela tinha não só o trabalho dela no Rio, mas a vida, as amizades, possivelmente a família...não são decisões fáceis, e muitas vezes, infelizmente, algumas coisas se mostram maiores que o relacionamento. Trsitemente, para Paula, as coisas não eram assim. A mulher simplesmente não amava o homem o suficiente, senão teria largado tudo para ir com ele.
O livro distrai, é o que eu já várias vezes fiz referência como Literatura de Entretenimento. Mas tem esse grande problema. Meu lado feminista te condena, Paula, perdão.