spoiler visualizarThaissagd 21/04/2023
A estética naturalista e a personificação animalesca:
Publicada em 1895 por Adolfo Caminha, a obra revoluciona ao abordar, como centro do enredo, um relacionamento homossexual inter-racial. Sendo, considerado por muitos, o primeiro romance com uma temática sobre a homossexualidade em toda a literatura ocidental.
A redução dos personagens ao nível animal cai por terra os códigos românticos de personalização. Segundo Bosi (2015) à consciência do naturalista aparece como um fado fisiológico, pois, acaba, fatalmente, estendendo sua reflexão à própria fonte de todas as suas leis: a natureza humana e a selvageria. De fato, em ?O bom-crioulo", a crítica à sociedade está sempre ancorada em uma questão instintiva de sobrevivência.
Na obra em questão, o próprio protagonista é caracterizado pelo narrador onisciente como um animal. A descrição fisiológica do seu corpo, da sua força, da sua oponência, evidencia o seu poder sobre o menino Aleixo, magro e franzino. Esse aspecto elucida o enredo trágico como um fato inevitável, transformando Amaro em uma pessoa perigosa de se encrencar. Fato evidenciado no trecho:
?Com efeito, Bom-Crioulo não era somente um homem robusto, uma dessas organizações privilegiadas que trazem no corpo a sobranceria resistência do bronze e que esmagam com peso dos músculos. (...) A força nervosa era nele uma qualidade intrínseca sobrepujando todas as outras qualidades fisiológicas, emprestando-lhe movimentos extraordinários, invencíveis mesmo, de um acrobatismo imprevisto e raro?. (CAMINHA, 2014, p. 13)
Obra importantíssima para a historiografia da literatura brasileira que, sem dúvidas, vale muito a pena a leitura!