June 31/08/2021
Tenho doze anos. Mas faz tempo que estou com essa idade.
Primeiro eu assisti o filme sueco em 2009, e me apaixonei. Depois eu li o livro, assim que lançou pela Editora Globo, em 2012, e definitivamente essa obra entrou na minha lista de favoritos. Após reler em 2021, continuo considerando esse livro um dos melhores do gênero de terror e vampiros. E por isso ele não sai da minha estante.
Esse livro deu origem a dois filmes, um sueco e outro americano, este segundo feito para aproveitar o sucesso do primeiro, no que falha terrivelmente, já que o primeiro é bastante superior e, inclusive, faz frente ao livro. Sim, esse é um caso em que o filme (o sueco) honra o livro.
Eu gosto de como o título do livro foi traduzido, pois remete à lenda vampiresca e à formação da amizade entre Eli e Oskar, mito e tema centrais da obra, respectivamente. Some a isso temas atemporais como bullying e descoberta da sexualidade mais investigação policial, diálogos orgânicos e realistas, e pronto, temos os ingredientes básicos para horas de leitura envolvente.
Destaco os vampiros suecos, que não são nada parecidos com galãs e divas, mas humanos em toda sua complexidade. Eles não são máquinas de matar, nem seres bonzinhos, mas seres humanos em toda sua complexidade com habilidades de um moderno Nosferatu. E embora tudo queira nos sugerir que Eli, nossa vampira de 12 anos, embora ela diga que não, seja nosso personagem central, ela não o é. Este papel cabe a Oskar, a quem o convite do título é feito.
Livro e filme possuem tons sombrios, com forte pegada gótica, e especialmente pesados ao inserirem crianças de 12 anos em um universo de vampiros, assassinato, pedofilia, violência, bullying, abuso infantil e um certo descaso social. Lembrando que os suecos tendem a deixar as coisas cruas. O livro é mais profundo na construção dos personagens, mas meio anticlimático no final, e em alguns outros momentos. A emblemática cena da piscina ficou melhor desenvolvida no filme, onde a sensibilidade das telas e cortes estratégicos, dá um ritmo mais moderno e envolvente, mas também mais superficial.
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