Rafaela 04/09/2016Assisti primeiro o filme sueco que apesar de ser ótimo e perturbador, o livro consegue ser muito mais.
Oskar é um garoto de doze anos, vive num subúrbio com a mãe e sobre um bullying violento na escola. A vida do garoto solitário muda quando conhece Eli no parquinho do seu prédio, Eli é uma criança franzina, que não sente frio, muito inteligente, mora com um senhor e é tao solitária quanto Oskar. Vários assassinatos estranhos começam acontecer e com um toque de sobrenatural, e Oskar começa a desconfiar que a estranha Eli pode estar envolvida.
A trama envolve vampiros mas de uma maneira bem diferente, menos fantasia e mais realista. O vampiro aqui não é sedutor, superpoderoso e sedutor. Ele é uma criança com uma aparência frágil, andrógina, precisa de ajuda para sobreviver e que vê sua condição como uma doença.
O mito do vampiro é usado por Lindqvist para mostrar como a infância pode ser assustadora. O bullying que Oskar sofre é perturbador, vai além de ser humilhado ou ignorado, seus agressores massacram qualquer atitude do garoto que dê a entender que ele existe, que não é invisível. Então responder uma pergunta do professor requer muita coragem e a certeza de que será castigado e com crueldade. O pior é que nenhum adulto percebe a angustia que ele vive, sua mãe trabalha fora e tenta ser presente mas Oskar consegue esconder tudo dela, é meio assustador pensar que seu filho pode passar por isso sozinho.
O livro é muito bem escrito, os personagens muito bem construídos ate os secundários receberam um cuidado especial, não estão ali como enfeites. Lindqvist fala sobre bullying, pedofilia, vicio, abandono de forma crua sem enfeites, então a leitura pode ser um pouco chocante mas vale muito a pena.