Norwegian wood

Norwegian wood Haruki Murakami




Resenhas - Norwegian Wood


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Renata CCS 29/03/2014

“I once had a girl, or should I say, she once had me?” (Norwegian Wood – The Beatles)

"- O suicídio tanto pode ser afirmação da morte como negação da vida. Tanto faz.
- É mentira. E vou explicar: o suicida é aquele que perdeu tudo, menos a vida." (Fernando Sabino)


Ao pousar no aeroporto de Hamburgo, Toru Watanabe começou a ouvir dos auto-falantes do avião uma versão orquestrada de Norwegian Wood dos Beatles. Imediatamente suas recordações o levam de volta ao passado, há vinte anos, quando passeava por Tóquio na companhia de Naoko, e se lembra de uma antiga promessa: nunca se esquecer dela. É este o gatilho que faz desenrolar a história de NORWEGIAN WOOD, com Toru narrando em primeira pessoa diversas passagens de sua vida.

Com o movimento nos anos 60 contra a Guerra do Vietnã como pano de fundo, a história se desenvolve capturando a juventude de Toru, dos 18 aos 20 anos, quando morava em um alojamento nos primeiros anos da faculdade em Tóquio. Ele leva uma vida sem grandes acontecimentos, dividindo seu tempo entre os estudos e o emprego monótono em uma loja de discos, até que o dia em que cruza com Naoko, a namorada de seu melhor amigo, Kizuki, que havia se suicidado um ano antes. Primeiro surge uma amizade silenciosa apoiada na lembrança de Kizuki, depois, um amor romântico, porém cheio de receios. É neste momento que surge Midori, colega de Toru nas aulas de História da Arte, o oposto perfeito de Naoko. Enquanto esta última exala tristeza, insegurança e até uma certa morbidez, Midori é eloqüente, extrovertida, completamente explosiva de sentimentos, liberada e liberal.

Em resumo, NORWEGIAN WOOD trata dos rumos do coração, mas não se trata, porém, de uma abordagem simplória. Há toda uma atmosfera de instabilidade emocional e o suicídio é uma constante no livro. Murakami nos apresenta uma sociedade japonesa suscetível a isso e trata do assunto com uma franqueza espantosa, mas não usando de questionamentos quanto às motivações do ato em si, mas entrando nos sentimentos e nas reações de quem toma uma atitude como esta. Sim, o tema é pesado e pouquíssimos livros me deixaram com um vazio tão grande ao terminar a leitura como aconteceu com esta obra. Fiquei com uma profunda sensação de perda e de impotência diante dos acontecimentos narrados, e por serem tão reais, não conseguia largar o livro.

Para finalizar, penso que não seja um livro que exatamente todos venham a apreciar. Tem um ritmo próprio e uma temática forte, só dele, mas que é recompensador. Valeu a leitura.


Resenha originalmente publicada em 29/11/2013.
Paty 04/12/2013minha estante
Algumas coisas neste livro me assustaram, não no sentido de medo mas coisas que me tocaram emocionalmente de uma maneira que eu não esperava.


Renata CCS 06/12/2013minha estante
Paty, minhas impressões são bem parecidas com as suas. Emocionalmente, é um livro inquietante.


Arsenio Meira 10/12/2013minha estante
Um romance que já começa acertando no título (não liguem, sou beatlemaníaco!) tem tudo pra dar certo. Estou com Paty e Renata: é um romance que aborda com especial densidade a vida dos personagens numa época extremamente rica, sob todos os aspectos. Os anos 60 parecem e são míticos. E a volúpia da personagem Midori é bem sintomática desse período; ela não estava nem um pouco preocupada com o olhar reprovador do vizinho, para usarmos uma metáfora ampla e jocosa. Um livraço.


Renata CCS 11/12/2013minha estante
Arsenio, em relação ao título concordo com você. Durante a leitura não conseguia tirar esta música da cabeça.
Também achei Midori fascinante, foi a personalidade que mais me cativou durante a leitura!
E o grande mérito de Murakami é o de representar as inquietações de todos os jovens neste processo de transição, dos medos e da aquisição de responsabilidades. Porém, Norwegian Wood foi de uma experiência de leitura triste, melancólica. Murakami ao seu nível: excelente.


Joy 11/12/2013minha estante
Fiquei encantada com a escrita do Murakami, requintada e delicada. É um livro sobre a vida e a morte, sendo que a morte não é encarada como o fim da vida, mas sim como parte dela. Tenho a certeza que me vou recordar deste livro em vários momentos da minha vida!


Jayme 11/12/2013minha estante
Mas, Renata... três estrelas? Mesmo? rs


Renata CCS 12/12/2013minha estante
Olá amigo Jayme,
O talento de Murakami é indiscutível, mas não vou avaliar um livro apenas pelo brilhantismo do autor, mas também pela minha sensação ao término da leitura. São, no mínimo, três estrelas. Incoerente? Talvez... mas não vou desmerecer esta bela obra pelas minhas impressões e expectativas.
Grande abraço!


Jayme 12/12/2013minha estante
Entendi... o impacto da primeira leitura!


Daniel 09/03/2018minha estante
Se eu tivesse lido este livro aos 20 anos provavelmente seria o livro da minha vida.
Hoje não...




Rebeca Anastácia 20/10/2016

Triste, muito triste
Se você está no rivotril, não leia esse livro... ou melhor evite haruki murakami.
Ou se você tiver no rivotril, leia, às vezes, o que um depressivo precisa é de alguém que o entenda.
No mais, saiba, esse livro, especificamente, é muito, muito, triste (?), depressivo (?), tenso (!).
Não é estranho, mas é pesado, é turvo e nublado, tem fumaça e é muitas vezes sufocante.
E como uma amiga falou sobre literatura oriental (ou foi japonesa em si, não lembro) se não tiver um final triste (não é spoiler), ou a história em si não for triste para eles, parece que não está terminada.
Mas leia, ou não, não sei. É questão de aceitar ou não umas certas experiências.
Murakami é uma experiência.
Ariane 20/10/2016minha estante
Oi Beca! A sua cópia do livro é nova? Está em bom estado? Queria solicita-la pelo plus :)


Rebeca Anastácia 21/10/2016minha estante
Oi está sim, mas vou ser sincera, vou dar uma limpada, tá com um pouco de poeira e aquelas bolinha que você sabe o que é de muriçoca ¬D¬ . Mas está sim, depois que li não peguei.
Mas uma coisa, nunca troquei nada, não sei como é. Então: você pede e eu tenho que ver na sua lista de troca se tem algum que eu queira, é?
...
Ah, olhei agora, se for assim, eu estou interessada no Livro do O Mundo do Exterminador. Tem como a gente fazer essa troca?


Ariane 24/10/2016minha estante
Oi Beca. Tem sim! Vou te mandar msg com meus dados.
Bjos!


Rebeca Anastácia 25/10/2016minha estante
Oi Ariane, seguinte, eu tinha separado o livro pra dar, mas acho que meu pai pegou sem saber que eu ia dar outro destino e levou ele para doar sem eu saber. Então não tenho mais :/ Mil desculpas! Mas obrigada por procurar.


Ariane 25/10/2016minha estante
Oi Beca. Tudo bem, essas coisas acontecem mesmo rsrs
Obrigada mesmo assim!


Rebeca Anastácia 29/10/2016minha estante
Ariana, rsrs, se te disser, eu achei o livro, estava no quarto do meu irmão. Se ainda quiser... Mas uma coisa, ele é daquela capa amarela e preta rajada.


Ariane 29/10/2016minha estante
Quero sim!!! Vc pode me mandar fotos dele por email? arianemattos@gmail.com




Camila 07/07/2020

Boa experiência
Sou apaixonada pela prosa de Murakami, mas não recomendo começar por este caso queira conhecer os livros do autor. Das obras que já li, esta foi a que menos me agradou. Ainda que vários dos elementos que adoro em Murakami estejam presentes em ?Norwegian Wood?, não me cativou como os outros. Não consegui me conectar com os sentimentos de Toru ou Naoko. Imagino que parte dessa dificuldade venha do fato de o livro ser cheio de referências de uma década que só conheço de ouvir falar. O apelo para quem a vivenciou com certeza deve falar mais alto. Ainda assim, a forma como ele explora questionamentos existenciais e sentimentos é muito sensível. A maneira como seus personagens os expressam também é muito única e particular de cada um e isso traz uma verossimilhança e solidez a eles de uma forma que só Murakami poderia construir. São sentimentos e formatos de relacionamentos pouco abordados e só por isso o livro já tem seu grande mérito.
Sayuri 07/07/2020minha estante
Qual você recomenda para iniciantes? Ótima resenha ??


Camila 07/07/2020minha estante
Obrigada, Sayuri! Eu recomendo começar por Minha Querida Sputnik. Tem muitas das coisas que adoro nos livros dele, é mais curto e menos intenso. Eu mesma comecei pela trilogia 1Q84 e ela continua minha favorita até agora, então também é uma boa opção, mas mais intensa (:


Sayuri 07/07/2020minha estante
Entendi, entendi. Muito obrigada! Realmente tive dúvidas sobre como começar e 1Q84 me pareceu um pouco mais "ameaçadora" kkk. Grata


Camila 08/07/2020minha estante
Imagina! 3 livros grandes assim dá um receio, né? Mas é muito boa! Volte nela quando achar que deve heheh


alcardoso 02/10/2020minha estante
Eu comecei pelo 1Q84 e terminei os três livros em uma semana. É aquela história que parece que acaba se lendo sozinha, de tão envolvente que é. Não se sinta ameaçada por começar uma grande obra. Deixe se levar e, caso não flua, para pra outra e volte a ela depois ;-). Outro livro que pode ser uma porta de entrada é o "Homens sem mulheres", por ser uma coletânea de contos.




Max 07/09/2023

Nowergian wood...
O livro trata do amadurecimento e recuperação de dois jovens após o suicídio do amigo de um e namorado da outra. Nesse apoio mútuo seus sentimentos se afloram e daí nasce um amor. O acontecimento mexe de tal forma com suas vidas que ainda que tendo de enfrentar as mudanças próprias da idade ainda buscam se recuperar da perda.
Em se tratando de um livro japonês, vemos aqui o suicídio, que culturalmente é uma solução para o oriental e uma covardia para nós ocidentais, perpassando toda a leitura. O inusitado é ver o autor discorrer sem pudor sobre a sexualidade das personagens.
Nesta viagem, feita numa linguagem espontânea e direta, vemos a leitura nos abraçar e encantar à medida em que nos reconhecemos neles, quando nessa idade, cheios de sonhos e incertezas, descobrimos que não é sobre o mundo que nos cerca que queremos compreender o funcionamento, mas sim sobre nós mesmos.
Amei!
Super recomendo!
Débora 07/09/2023minha estante
Vou ser repetitiva, mas vou dizer novamente: adoro suas resenhas!


Max 07/09/2023minha estante
Obrigado, querida Débora! ??


Fabio.Nunes 07/09/2023minha estante
Estou com Kafka à beira-mar aqui na fila. Já leu?


Max 07/09/2023minha estante
Não li, Fábio! Mas depois dessa experiência vou ler muito mais do Murakami!?




Andre.28 08/12/2019

Abra seu coração pra uma história doce, triste, sensível e verdadeira.
[Peço desculpas antecipadamente, pois essa é uma resenha grande e sei que nem todos estão dispostos a lê-la.]

“Somos seres imperfeitos vivendo num mundo imperfeito”

Para mim é muito difícil falar sobre esse livro, pois mexeu emocionalmente muito comigo. Eu sou extremamente suspeito pra falar desse livro que amo tanto. O que dizer de um livro em que eu li 4 vezes nesse ano de 2019? Fantástico! Sublime! Uma linguagem simples para uma história emocional e triste.

Toru Watanabe, um jovem estudante japonês de 19 anos de idade, narra a sua própria historia de transição da adolescência para a vida adulta. A perda da inocência, a ausência e a perda das pessoas que amamos. A solidão e o amor. A verdade, o desejo, os medos e anseios da juventude no final dos anos 60. É uma história narrada sobre a ótica de um Haruki Murakami diferente do seu estilo habitual de realismo mágico. Aqui ele trata da realidade pura, simples, comum.

Toru é um personagem apático, mas com senso de espaço e uma sensibilidade aguçada. É o tipo de personagem que te prende pelo comum, coisa rara de se ver. Não há magia na vida de Toru, apenas solidão, confusão e uma busca para entender a si mesmo, o amor que sentia por Naoko e os dilemas despertados com a perda de seu amigo Kizuki, que cometendo o suicídio deixou um vazio na vida dele e na de Naoko. O livro fala sobre perdas, como lhe damos com a perda e a ausência da vida. Como o ser humano é um ser imperfeito, que vive no mundo imperfeito. E que a morte é parte constituinte dessa vida complexa, e ao mesmo tempo simples também.

Sobre os outros personagens, tenho muitas considerações a explanar. Eu preciso falar da Midori Kobayashi, uma das personagens mais doidas e apaixonantes dessa história. Louquinha de pedra, Midori entra na narrativa aos poucos e te conquista como as falas malucas, umas filosofias engraçadas, mas que no fundo fazem muito sentido. Além de se apaixonar por Toru, Midori mostra uma faceta distinta a ele de como encarar as perdas das pessoas queridas, de estar no mundo e saber que a vida é para ser vivida a seu próprio modo. Midori representa para Toru a vontade de viver, a relação que se agarra ao fio de esperança e crê no otimismo de estar nessa loucura que chamamos existência. É o amor a pleno vapor, e no mesmo tempo que sem estardalhaço ou romantismo idealizado. Amor que dialoga com as coisas reais da vida. Um amor que não expressa impossibilidades esdrúxulas ou volatilidades que vemos comumente em narrativas românticas em que jovens são as personagens principais.

Naoko é a personagem sensível e doce, atrelada a uma parte triste da história. O amor de Toru por Naoko é uma coisa complicada, mas narrada de forma simples. Também não é uma história de romance clássico idealizado, é um romance real, é intenso, é triste. A morte de Kizuki, a áurea nostálgica que une os dois é fio condutor dessa relação afetiva. Naoko é uma garota com o coração quebrado, uma alma cansada e abatida pelos golpes e perdas da vida. Eu sinceramente fiquei tocado com a história dela.

Atento também aos personagens secundários, Nagasawa e Hatsumi. Nagasawa, amigo de alojamento de Toru, é um típico cafajeste que trai Hatsumi e tem uma moral extremamente duvidosa. Mas, embora não seja o cara mais exemplar, Nagasawa tem uma das frases mais reflexivas, num dos momentos mais complicados vividos por Toru na história: “Não sinta pena de si mesmo (...)”. Eu fiquei triste com a Hatsumi, ela aceitava as traições do Nagasawa por amá-lo. Honestamente, credito que isso é uma espécie de masoquismo. A história de Hatsumi me lembra muito a frase do professor Bill em “As Vantagens de Ser Invisível”: “Aceitamos o amor que achamos merecer”. E o final dela é triste demais.

Outra personagem que pode soar estranha, mas que tem valor na narrativa é a Reiko Ishida. Reiko, mulher de 39 anos, experiente, tem síndrome do pânico e uma história muito, muito estranha. Embora ela pareça ser um “empata foda” de Toru e Naoko, e tenha uma história absurda (que seja um ponto baixo do enredo), as frases mais filosóficas na narrativa são as dela. É preciso ler mais apuradamente o que ela representa, ler nas entrelinhas da história para entendê-la. O valor de Reiko, aconselhando Toru e Naoko e sendo uma espécie de protetora atenta às situações não é uma coisa fácil de entender num primeiro momento, e faz mais sentido l quando lemos e refletimos com calma.

Ler esse livro várias vezes só me fez ter a certeza de que ele é um dos meus favoritos de sempre. Uma história doce, sensível, triste, verdadeira. A identificação e envolvimento emocional da narrativa são coisas difíceis de expressar com palavras. Tocou-me emocionalmente. Se pudesse dar mais de 5 estrelas, com certeza daria.
Uma história que une filosofias, formas e concepções diferentes, o amor sem idealizações, uma forma de enxergar o mundo como ele é. É abrindo o coração que poderemos aceitar essas transformações, as mudanças que a vida nos oferece. O mundo é vasto, e as coisas são como são, tristes, felizes, indiferentes, importantes, diversas em emoção.

“O Amor é um risco, o amor é uma escolha. O amor está ao seu alcance.”

Abra o seu coração e fique atento, porque essa narrativa é maravilhosa.
Linharesmaia 09/12/2019minha estante
Li - pela segunda vez - há umas duas semanas e amo cada página dessa obra sensacional...


Andre.28 10/12/2019minha estante
É até difícil pra mim falar, por ser uma obra que atribui um valor emocional. Mas é uma coisa fantástica. Lembro da Primeira vez que li, e eu fiquei muito impressionado pela simplicidade, sinceridade, tristeza.


Marta.Souza 04/08/2021minha estante
Acabei agora , nossa que lindeza de livro. Sem dúvidas o melhor livro de 2021 até agora.


Joane 05/11/2021minha estante
Me interessei muito pela sua resenha, e acho que agora preciso ler esse livro urgente haha parabénsss pela resenha, tá incrível




Nara 23/11/2014

Decepcionante
Procurava uma história de amor por Murakami e encontro ninfomaníacos, lesbianismo, suicidas e até pedofilia??? Amor mesmo nem sei se teve... Se eu quisesse ler 50 tons eu leria 50 tons... Não gostei mesmo dos diálogos sobre sexo que nem mesmo uma pessoa mais liberal teria... Murakami sofreu alguma frustração sexual e, com esse livro, isso ficou mais claro para mim! Por que ele nunca cita experiências sexuais entre dois homens? Além de tudo é preconceituoso!
Jessé 24/02/2017minha estante
Mais uma feminista falando bosta. E ainda pra piorar, compara Murakami com 50 tons de lixo. Tem horas que é melhor ficar calado, do que falar merda.


Jessé 24/02/2017minha estante
Procure saber mais sobre a cultura Japonesa, e vc vai entender muito bem a história do autor, ao invés de chamar ele de preconceituoso. Eu como filho de uma Japonesa, tenho que dizer que esse seu comentário, foi ridículo, sem embasamento nenhum no contexto da cultura do pais, ainda mais na época que ele foi escrito, e na época que se passa o livro.


Nara 01/09/2019minha estante
Mais um machistinha pra atacar feminista. Entra na fila e pega a senha, querido. E o certo é "dizer", afinal não falei nada e vc não escutou o som da minha voz.




Pappa 20/02/2010

Romance melancólico e arrebatador
Caramba, não consigo nem expressar o que sinto logo após ler este livro. É de tirar o folego.

Vamos lá: o livro conta a história de Toru Watanabe, um homem que ao ouvir a música Norwegian Wood ao desembarcar de um avião relembra uma promessa feita na época em que ainda era um adolescente: a de que nunca se esqueceria de Naoko, uma garota com quem havia se envolvido nos tempos de faculdade (anos 60). Naoko fora namorada de seu melhor (e único) amigo dos tempos de escola, porém após este ter se suicidado, um encontra no outro o único elo que os liga ao resto do mundo. Naoko, por não se recuperar da perda de seu antigo namorado, acaba passando por sérios problemas, e nesse ínterim Toru conhece Midori, uma colega de faculdade. Os dois passam a se afeiçoar, e então chega o principal ponto do livro, que é a escolha que Toru deve fazer: se apegar a seu passado, ou partir para um novo futuro.

É uma história de romance, mas sempre permeado por uma melancolia que chega a ser em alguns pontos assoladora. É uma história sobre a passagem para a vida adulta, sobre responsabilidades, enfim é um catado de tudo isso.

O que torna a trama angustiante é o vai e vem entre Naoko-Toru-Midori, quando parece que as coisas se encaminham para uma solução, vem uma reviravolta. A loucura parece tomar conta dos três personagens em ondas, quando um está bem, o outro está mal, depois tudo muda.

Por sinal, o ponto forte desse livro são os personagens. Nos livros de Murakami os personagens sempre são elementos fortes na trama, marcantes, mas neste livro os personagens atigem um nível especial. Eu os tomei, todos eles, como amigos íntimos. Toru, Naoko, Midori, Reiko, o pai de Midori (que aparece num dos melhores trechos do livro), Hatsumi e até Nagasawa e o Nazista, são personagens extremamente verossímeis e cativantes. Cada um tem suas qualidades e defeitos, mas eu acabei torcendo por cada um deles.

O estilo Murakami de contar histórias me parece semelhante a seus outros livros, porém a temática deste é totalmente diferente dos livros que li. Mas de certa forma chega a ser até melhor.

Um ponto deve ser levado em conta: se você se sente incomodado com trechos quase que pornográficos, evite este livro. Estes trechos são bem comuns, mas no meu entendimento não são nem um pouco forçados ou apelativos. São tratados como parte da vida de um adolescente.

Em suma, Murakami definitivamente é meu autor favorito, não há como negar. É a conclusão que chego após ter lido 5 dos seus livros, gostado de todos, e ainda tendo 3 como livros favoritos (incluindo este aqui). Este é um daqueles livros que se sente tristeza quando acaba, porque você acha que poderia continuar lendo até não poder mais.
Marina 24/02/2010minha estante
Tbm adoro o estilo do Murakami. Este, junto com Kafka à beira mar, foram os que mais gostei dele até agora.


Arthourius 11/08/2010minha estante
Incrível a resenha! Me estimulou a ler o livro. Murakami parece ter o estilo que eu curto em literatura.


princessmiwi 01/08/2011minha estante
ótima descrição. Como você, amei esse livro, especialmente pelos personagens, incomuns, tão profundamente humanos e cativantes.

estou atrás de outros livros de Murakami também, espero me tornar uma fã :)


Katsumi 13/02/2013minha estante
Adorei a resenha, estou quase terminando este livro e estou achando fantástico.




Gláucia 25/04/2020

Norwegian Wood - Haruki Murakami
Finalmente conheci a escrita de Murakami! Escolhi esse por saber não conter elementos fantásticos e por alguém ter comentado se tratar de um livro bastante melancólico.
Toru já está com seus 37 anos e durante um vôo passa a relembrar sua vida no final dos anos 60 de seus 18 a 20 anos, suas poucas amizades e seus dois amores, Naoko e Midori.
O livro tem um desenrolar um pouco lento, mostrando o cotidiano de sua vida na universidade e mesmo assim manteve minha atenção e até um certo suspense de como terminariam seus relacionamentos e o destino de cada um. O autor soube encerrar muito bem seu romance.
Destaque para as inúmeras citações musicais (sem falar das literárias), Murakami certamente deve ser um grande apreciador de música. Vou procurar no Deezer alguma playlist com o nome dele, imagino que alguém deva ter criado.
Silvana (@delivroemlivro) 25/04/2020minha estante
Também não aprecio muito os tais "elementos fantásticos".


Gláucia 25/04/2020minha estante
Pois é.. Eu fico sempre boiando e tentando encontrar a conexão desses elementos com a história e nunca consigo


Patsy Z 25/04/2020minha estante
Gostei da dica, quero conhecer mas fico com o pé atrás desses elementos fantásticos também. Rs




majutopia 06/12/2023

Nunca esquecerei você, como poderia?
Foi um primeiro contato primoroso com a escrita do Murakami. demorei um tempo pra terminar esse livro, não por ele ser ruim, mas devido ao fato de retratar temas que tocaram, de certa forma, algo escondido no meus pensamentos mais íntimos. é uma leitura lenta, apesar de tratar de temas pesados de forma leve.

as personagens são muito características em seus aspectos admiráveis e pontos negativos. todas lidam com perdas durante a narrativa, cada uma com sua forma de lidar com a morbidez da morte. tiveram algumas, como a Reiko, que me irritaram profundamente... não dá pra comprar a história dela de como foi parar naquele lugar. me deu a impressão de que até as coisas que ela disse pro Toru eram mentira. não posso dizer que gostei do final, mas é a vida. gostei da Midori.

enfim, curti o livro. está longe de ser perfeito e algumas passagens me deram até nojo da visão do Satoru sobre mulheres. pretendo ler mais do Murakami futuramente.

?Vistos em retrospecto, sem dúvidas aqueles foram dias estranhos. Em plena vida, tudo girava em torno da morte.?
Ricardo 06/12/2023minha estante
Esse é o mais fraco dele que li até agora, mas talvez seja por que fui com expectativas muito grandes, já que é o mais popular kkkkkkk


majutopia 06/12/2023minha estante
quero ler Kafka à beira-mar!!! falam muito bem desse livro


Ricardo 06/12/2023minha estante
Kafka é meu preferido dele!! Mas é bem pessoal, foi uma experiência muito intensa, a gente viaja nele




Jow 05/10/2012

Sobre amor e decisão.
"But i, i'll never forget you
I'll never forget you
You make things so easy
I'll never forget you"

I'll Never Forget You - Birdy

Amar não é apenas um sentimento, amar também é uma decisão! Decidir o que ou quem amar na vida é um passo fundamental para caminhar em rumo a felicidade. O grande contraponto que está implicado no amor é que ele não se sustenta sozinho, não aprende a se moldar para a solidão, não consegue viver escondido e trancafiado.

Todos temos nossas próprias concepções de amor, elas podem (ou não!) mudar com o tempo e com as várias experiências que vamos vivenciando ao longo da vida, mas sempre surgirá algo que nos fará repensar algumas verdades que pensamos ser imutáveis. Haruki Murakami consegue isso, e “Norwegian Wood” é um livro sobre a juventude, o relacionar-se, a depressão e a morte. É sobre amor, mas também sobre desamparo e perda.

Murakami é um mestre em criar enredos apaixonantes e suas tramas sempre estão carregadas de conceitos traduzidos em sentimentos. Toru, Naoko e Midori são personagens com feridas profundas, desestabilizadas, desamparadas. São pessoas levadas, por situações extremas, a lidarem consigo mesmas, algumas terão sucesso, outras não. A dor é praticamente palpável em toda a narrativa, até os momentos felizes carregam uma dor nostálgica. Murakami nos faz entender que não pode existir uma realidade perfeita, imaculada e de eterna felicidade. Estamos interagindo sempre com duas forças distintas, mas ao mesmo tempo intrínsecas, que se abraçam nos momentos mais sublimes da nossa vida para nos mostrar um grande clichê dessa vida: Que não pode existir o amor sem a dor!

Quando nos afundamos na rotina de Toru temos contato com a nossa própria vida, nossos relacionamentos e visão nossa de mundo. A narrativa flerta com a dura realidade que é a dor de crescer, de ter de deixar a adolescência para trás, e de conviver com quem desistiu pelo caminho. E se percebe isso de forma muito presente com as histórias de Reiko, Hatsumi e do ótimo Nagasawa, um experimentador e crítico de uma vida que abre caminho para vitória e para derrota.

Murakami muda constantemente a energia da narrativa dependendo do personagem que está com Toru, e um dos momentos mais evidentes dessa experiência é no momento em que ele viaja para encontrar com Naoko. É interessante a quebra de clima da história nesse momento: é como se o mundo se convertesse também naquele cenário bucólico, como se ele limitasse o mundo. Pensei em mim mesmo, em como às vezes tenho vontade de fugir para algum lugar tão tranquilo, sossegado e harmônico – e como o próprio livro mostra isso como uma fuga fácil, uma alienação, que poderá cobrar seu preço, nada barato. Essas escolhas ficam mais evidentes no contraste entre Naoko e Midori. Cada uma, ao seu modo, sofreu perdas severas e teve de lidar com isso, mas enquanto Naoko escolheu desistir, Midori decidiu viver, ainda que de forma excêntrica e contestadora.

E assim chegamos ao “MacGuffin” da história: Toru que ama e espera por Naoko não consegue entender o porquê de Midori fazer o mesmo por ele. A complexidade dos sentimentos envolvidos é enorme, e Toru se vê cada vez mais atraído tanto por Midori quanto por Naoko. E quando todas as cartas se encontram estendidas na mesa, os amores em jogo se tornam mais que um simples sentimento torna-se uma escolha.

E essa é a lição: Em qualquer lugar do mundo, pessoas se ferem. Pessoas não suportam. Pessoas buscam maneiras de seguir adiante, pessoas escolhem – e se são melhores ou piores escolhas, quem poderá dizer?
Alan Ventura 06/10/2012minha estante
O tipo de resenha que eu gostaria de ter escrito sobre um livro que eu gostaria de ter escrito! Parabéns!


Carol Minardi 09/04/2013minha estante
Eu simplesmente AMEI este livro! Volta e meia, me pego pensando nele e nas imagens que eu criei, ao lê-lo. Um dos melhores.

A resenha está perfeita também!

PS- Vc já viu o filme?


Alana Homrich 17/02/2015minha estante
Bela resenha, parabéns. E torna-se melhor ainda ao lê-la escutando a música citada.
Fiquei com vontade de ler este livro. =)




Diego Lima 29/08/2021

rei delas
O japonês Haruki Murakami nessa obra com título de uma música dos Beatles tenta abordar temas como solidão, mudança da fase adolescente para adulta, amizade, doenças psicológicas, depressão e suicídio - no Japão os números de suicídios são sempre acima da média.

O Toru Watanabe irá contar da época na qual saiu de sua cidade natal para começar os estudos universitários em Tóquio, tendo em vista que a principal motivação da mudança era fugir dos acontecimentos passados de sua vida. O personagem principal não tem grandes características a qual possam o destacar ou o tornar admirável ao longo do enredo, não possui um plano para seu futuro, apenas tenta ocupar sua vida vazia com atividades para não se perder nele mesmo.

O escritor desenvolve a história de Watanabe com sua amiga de infância Naoko. Uma relação diferente, onde no começo existe pouco diálogo entre eles e muitas dúvidas do que estão sentindo, principalmente por que Naoko é ex-namorada do falecido melhor amigo de Toru. Na faculdade o protagonista conhece Midori, uma jovem muito a frente de seu tempo, que fala o que realmente está sentido sem se preocupar com julgamentos. Por fim, depois de alguns episódios ocorridos com Naoko nos quais a levam a um determinado local afastado da sociedade nos é apresentado a Reiko, que por ter já seus quase quarenta anos, tenta ajudar como a voz da experiência para tentar desvendar o que todos os personagens estão sentindo, mas não conseguem expressar.

Basicamente o livro resumisse na interação de amizade de Watanabe com essas mulheres. O desenvolvimento dos sentimentos que vão nutrindo uns pelos outros. A partilha das dores e sofrimentos. As paixões homem e mulher que surgem entre eles. Demonstra, também, como somos egoístas aos sentimentos dos outros, como não sabemos lidar com a dor do próximo e, o que mais ficou marcado, como não sabemos interagir e ter o tato de entender nossos amigos.

O ponto negativo entendo que seja a grande quantidade de cenas de sexo, é sabido que nessa idade a descoberta e a liberdade para colocar os desejos carnais sejam realmente presentes, mas creio que foi um pouco desnecessário em alguns momentos, mas colocando isso de lado, foi uma história que realmente me fez refletir. Talvez possa não ser a melhor obra do escritor, todavia, é bem proveitosa a leitura, fluida, com ligação parágrafo a parágrafo.
jesusa02 14/10/2021minha estante
Todo mundo fala tão bem desse livro, que é um dos melhores do Murakami, sua avaliação só me deixou mais curiosa :)


B.norte 20/10/2021minha estante
Vou começar a ler esse livro agora! ?


Diego Lima 21/10/2021minha estante
Vale a pena, viu. Só vai ^^




Milena Karla - Mika 12/11/2017

Uma resenha sincera e levemente revoltada
Tenho 19 anos, amei os trechos em que eles expunham o medo de fazer 20 anos, pois eu mesma tenho esse medo. Pela primeira vez vi pessoas sentindo esse medo além de mim, destaquei todas essas passagens no livro, me identifiquei com alguns pensamentos dos personagens. Mas por quê a nota tão ruim? E por quê pulei tantas partes do livro e li o final às pressas só para me livrar dele?

O livro começa bem, um pouco parecido com O apanhador no campo de centeio, mas a medida que livro vai progredindo, se torna quase um livro pornográfico. O protagonista tem relações "íntimas" com todas as personagens que aparecem, achei que isso empobreceu o personagem e o relacionamento dele com os outros. Isso é tão clichê e previsível e esse livro acabou sendo clichê, com um final triste, sem graça e sem sentido, com algumas cenas sexuais pelo meio pra dar um pouco de "animação" (pra mim só fez me deixar decepcionada e triste) na leitura, porque fora isso, é uma leitura repetitiva, previsível e sem graça. Uma perda de tempo.

Fico feliz de ter percebido a falta de conteúdo tanto da história quanto da narrativa e pulado várias páginas, aliás; pulei páginas e não perdi absolutamente nada da história, a maior parte do livro é encheção de linguiça. Não recomendo, totalmente irreal e estúpido, personagens com problemas que não existem de verdade e absolutamente ninguém sensato na história; senti-me num universo distorcido onde todos são deprimidos, estúpidos e viciados em "momentos íntimos" se é que me entende. Os personagens pensam muito parecido uns com os outros; creio que o escritor estava afinal de contas escrevendo mais sobre ele mesmo do que criando personagens únicos. Talvez as cenas de fornicação fossem pura taradice do escritor, que queria imaginar-se fazendo tais coisas com as personagens que criou.

Se minha resenha não condiz com a realidade, não sei, mas foi o que senti enquanto lia o livro, e olha que tentei entender, por conta de tantas pessoas falando bem dele. Acho que aqui se repete o que já se sabe: se você está do lado mais cheio da multidão, provavelmente também está errado junto com eles. E eu me arrependo do tempo que perdi tentando entender esse livro idiota.

Se você é uma pessoa que anda de mãos dadas com sua criança interior, não iria querer que ela lesse nada disso.
kevyn.campos.73 30/12/2017minha estante
Não posso discordar de você.


kevyn.campos.73 30/12/2017minha estante
O livro é até legal nas 100 primeiras páginas.


pardons 24/06/2018minha estante
Você é muito nova. Releia daqui 10, 15 anos e perceberás que sexo é mais ou menos aquilo ali mesmo, que no fundo, não temos problemas reais, que depressão é coisa séria que nos abate sem mais nem menos... e que a vida como ela é não tem nenhum glamour.




Antoniolee 15/11/2010

Não compreendo tanta exaltação com essa obra do Murakami. A leitura é interessante, sem dúvidas, mas fica um gosto de decepção na boca ao final.

Achei os personagens um pouco inverossímeis e os momentos de sexualidade totalmente fora de propósito. Não por moralismo, mas por estarem deslocados mesmo. E a forma como ele as descrevia não ajudou a criar uma atmosfera fidedigna para esses momentos.

Não vou dizer que me arrependi de ler, mas a crítica positiva criou uma expectativa tão forte, que me frustrei.
Antoniolee 23/01/2012minha estante
Gostaria de fazer uma ressalva no meu próprio comentário.
Quando li Norwegian Wood, anos atrás, não tinha tanto conhecimento da realidade cultural da nação japonesa do pós-bolha econômica.
Após estudar bastante a realidade existencial do país, finalmente compreendi a exploração da sexualidade. Ainda que eu mantenha minha opinião sobre o estilo de escrita do Murakami, retiro minha outra colocação.

A sexualidade não está nada fora de propósito. Ela é escancarada como está sendo praticada no Japão de hoje. Um mecanismo para conseguir mais uma noite de sono tranquilo. A juventude japonesa que cresceu no país dominado pela recessão econômica, isto é, que viu o projeto do país erodir sem trazer felicidade para o povo japonês, e que estão cada vez mais desconectacdos dos valores e da moral de outrora, se resignaram.

Esse espírito niilista, de encontro com um país cinzento e depressivo, sem perspectivas de melhoras no médio-longo prazo, encontrou no sexo e no consumo um remédio para estancar a insuportável solidão. A descrição do sexo é absurda porque o sexo está a serviço do absurdo no Japão atual.

Julgar uma obra de uma cultura tão distinta da nossa é problemático. Norwegian Wood ganhou pontos comigo, vou mudar minha avaliação anterior.

Escrevi um artigo sobre Murakami no meu blog. Se alguém se interessar, procure por "Haruki Murakami e o niilismo pós-industrial japonês" no Google.


Nara 14/11/2014minha estante
Eu sempre achei q Murakami fosse meio frustrado quando o assunto é sexo... em todos os livros dele fica óbvio que aquelas cenas e/ou diálogos sobre sexo na verdade é o que passa mesmo na cabeça dele...por exemplo, toda mulher, na opinião dele, teve uma experiência homossexual pelo menos uma vez na vida, mas os homens, não, esses nunca! Mas dessa vez ele extrapolou ao ponto de se tornar intragável! Eu estava gostando muito do livro até chegar ao capítulo 6, gigante e desnecessário por sinal! Não gostei mesmo da personagem Reiko, não pelo fato do homossexualismo, mas pela pedofilia... essa personagem definitivamente não deveria sequer existir nesse livro! Murakami se perde nesse livro entre uma história realmente muito boa e a vontade dele de escrever "Sexta Sexy", pornochanchada, ou sei lá o que era aquilo... eu vou terminar de ler o livro, mesmo triste por perceber que o autor está forçando a barra! E insisto, ninguém conversa sobre sexo da maneira que ele faz com os personagens, ninguém!! A ponto até de contar detalhes mais que íntimos... completamente infame este livro!




Wellington Ferreira 24/06/2012

Um romance de mestre sobre a transição da adolescência para a fase adulta.
"Eu tinha 37 anos e estava a bordo de um Boieng 747. A imensa aeronave descia atravessando densas nuvens carregadas de chuva, preparando-se para aterrissar no aeroporto de Hamburgo. Sob a chuva fina e fria de novembro, tingindo a terra de um tom escuro, tudo se revestia do ar melancólico das paisagens retratadas nas pinturas da escola de Flandres...
Uma vez o avião pousado, os sinais de proibido fumar se apagaram e uma música de fundo começou a tocar suavemente pelos alto-falantes do teto. Era 'Norwegian Wood', do Beatles."
Ao ouvir esta música, Toru Watanabe, o protagonista e narrador da história, é envolvido por um turbilhão de lembranças do seu tempo de adolescente e principalmente do seu efêmero, mas, inesquecível e confuso relacionamento com Naoko, ex-namorada do seu melhor amigo Kizuki, que se suicida, aparentemente sem um motivo justificável. A morte do melhor (e único) amigo faz Watanabe ficar meio sem rumo na vida, até que um telefonema de Naoko muda tudo. Eles passam a se encontrar semanalmente para, a princípio, desabafarem um com o outro, no entanto, as conversas avançam e seguem um outro rumo, fazendo com que eles iniciem uma relação. Naoko, no entanto, é internada em uma espécie de clínica psiquiátrica, a partir daí os dois se distanciam e passam a se comunicar por cartas.
A essa altura, Watanabe já tem se tornado "amigo" de um cara chamado Nagasawa, que ele conhece na faculdade. Nagasawa, apesar de ser muito inteligente, é um cara desprovido de escrúpulos, tira onda de todo mundo, ninguém pra ele presta ou está à sua altura, sua diversão é sair a noite para beber e transar com o maior número de mulheres possível. Watanabe, talvez por carência e falta de experiência com mulheres, entra neste ritmo durante um tempo, mas logo cansa-se, percebe que este estilo de vida não combina com a sua forma de pensar e viver.
É então que um destes passeios, que não deu certo, ele conhece Midori, uma colega das aulas de História da Arte Dramática, mesmo estudando na mesma sala, os dois, até aquele momento, nunca tinham conversado. Midori é uma menina bem ativa, independente, faladeira, sonhadora, explosiva e muito provocante... totalmente o oposto de Naoko, estas características cativam Watanabe, fazendo com que logo de cara tornem-se grandes amigos e passem a sair de vez em quando para comerem, beberem e jogar conversa fora.
Em uma das cartas que Watanabe recebe de Naoko, ela pede para que ele vá visitá-la no local onde está "internada". Ele topa na hora, vai e passa 3 dias junto dela e de sua amiga Reiko, que também é uma paciente, só que num outro nível, pois pelo fato de estar lá há 8 anos, torna-se uma voluntária do local. Reiko e Watanabe criam uma empatia muito forte, que permanece até o final do livro.
Após esta visita, às esperanças de Watanabe na plena recuperação de Naoko se renovam, ele promete esperar pela sua reabilitação para que, ao sair, possam viver juntos.
Murakami é um amante inveterado de boas músicas e livros e por já ter sido dono de uma pequena loja de discos, a história é permeada com várias referências à obras literárias e cantores de jazz, música clássica e bossa-nova, inclusive Tom Jobim é lembrado, com a sua "Garota de Ipanema". O próprio nome do livro, Norwegian Wood, é em homenagem a uma canção dos Beatles, e que após lerem o livro, vocês vão entender o porquê da escolha deste nome. Além destas alusões literárias e musicais, o livro contém muitas cenas de sexo, alguns acham que houve um excesso, eu particularmente não concordo. Não há vulgaridade e todas fazem parte do contexto.
O livro contém poucos personagens, mas todos com uma personalidade e identidade muito bem definidas e marcantes, o único ponto em comum que eu enxerguei entre eles é uma certa desilusão e angústia com a vida, talvez pela transição que estão prestes a sofrer da adolescência para a fase adulta.
Se eu pudesse resumir este belo romance em uma frase, diria: "É uma história de adolescentes que buscam, diante das dificuldades da vida e de um futuro incerto, viverem e sobreviverem num mundo de gente grande, confusa e ingrata."
Já leu este ou alguma outra obra de Harumi Murakami, deixe seu comentário e compartilhe suas impressões conosco.

Um abraço e boas leituras!!!
Alan Ventura 14/07/2012minha estante
Eu conclui a leitura horas atrás, também já li "Após o Anoitecer" e por essas duas obras considero Murakami um gênio.


Renata CCS 13/01/2013minha estante
Gostei do que li. Vou colocar em minha lista.




Talia.Moniz 27/06/2021

Midori é o amor da minha vida
Livro incrível. Não só tem uma narrativa interessante, que aborda vários temas relevantes, como também é uma narrativa linda. Primeiro livro do Murakami que li e estou perdidamente apaixonada com a sua escrita.

A única coisa que me incomodou foi a sua forma de escrever as mulheres, mas não isso não destrói a leitura.
Sirius 04/05/2022minha estante
Midori ?


Talia.Moniz 04/05/2022minha estante
amor da minha vida




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