Livros da Julie
31/01/2021Quando a Vida vem ao seu encontro-----
"Você nunca se esquece das coisas que fez e que sabe que não deveria ter feito."
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"Você é responsável pela sua vida e o que acontece nela, tal como o são as outras pessoas."
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"Sentir, essa palavra estranha de que você não gosta."
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"Como você acha que a vida acontece? Uma série de coincidências e ocorrências tem que acontecer de alguma forma. (...) Há resultado, repercussões e ocorrências para todos que conhece e tudo o que você diz."
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"(...) você não deveria levar sua vida consigo. Deveria deixá-la em casa, no banheiro desordenado ao lado do spray de cabelo, do autobronzeador e de todos os outros cosméticos que colaboraram para fazê-la se sentir alguém diferente."
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"A vida tem um jeito de conseguir o que quer quando realmente sabe o que quer."
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A vez da minha vida é o terceiro livro do Projeto Lendo Cecelia Ahern (#LendoCeceliaAhern), promovido pelas @batidasliterarias e @resenhasdealgodao, e o nono livro da autora.
Lucy Silchester tinha uma vida animada e um namorado perfeito. Mas seu namorado a deixou e, após o baque sofrido, ela jogou sua vida para escanteio: evitava o convívio com sua família e seus amigos, fugia de trabalho na empresa, andava com o carro caindo aos pedaços, deixava tudo para depois (ou nunca) e virou mestre em inventar desculpas e mentiras para esconder seus problemas.
Até que ela recebe uma carta da Vida, da sua Vida, convidando-a para um encontro do qual ela não conseguirá escapar. Sua Vida é insistente e não quer mais ser ignorada. Ela vai cobrar comprometimento e colaboração integral de Lucy e vai exigir a verdade até as últimas consequências.
A história tem uma das premissas mais insólitas que já vi, para retratar um problema comum para muitos de nós: por causa de uma decepção, Lucy passou a levar uma vida ordinária, entediante, desesperançada e difícil de suportar. Ela se sente a ovelha negra da família, a que não se encaixa, a que não seguiu os padrões definidos. Ela fracassou em vários aspectos da sua existência e não consegue admitir.
Em poucos capítulos, eu já estava completamente envolvida com o livro. Com trocadilhos e metáforas geniais do início ao fim e um estilo irônico-triste, a autora conta a história de alguém que, por mil motivos, vai se deixando levar pela vida, sem vivê-la realmente. Toda frustação e mágoa é motivo para mais mentiras, mais fugas e mais isolamento. Lucy inventa tantas realidades alternativas para si própria e também para nós, como narradora, que nos sentimos dentro de sua própria confusão mental. É angustiante perceber como alguém pode se enredar cada vez mais nessa teia de inverdades, da qual dificilmente se sai incólume.
Como em um julgamento no purgatório, seguimos acompanhando a análise cuidadosa de cada um dos erros e pecados de Lucy e suas cômicas e desastradas tentativas de redenção, regadas a muitas confusões, risos e lágrimas. Dona de uma sensibilidade ímpar, Cecelia Ahern vira o mundo de Lucy (e o nosso) de pernas para o ar, até que ele possa entrar nos eixos novamente.
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