Aline T.K.M. | @aline_tkm 01/08/2014Quase como assistir a um filme...De Arthur C. Clarke (autor de 2001: Uma Odisseia no Espaço), Encontro com Rama, clássico da ficção científica concebido na década de 70, ainda hoje é capaz de deixar qualquer leitor boquiaberto.
Em 2130, cinquenta anos após a colisão de um meteorito que devastou a Europa, um objeto é detectado dentro do Sistema Solar. Com velocidade surpreendente, ele se aproxima cada vez mais do Sol. O comandante Norton é, então, enviado numa ousada missão a bordo da Endeavor, cujo objetivo é adentrar e explorar o misterioso objeto, que eles nomearam Rama.
Sem saber ao certo sua natureza – seria Rama uma espaçonave? Um mundo? –, acredita-se que o objeto apenas contornará a órbita do Sol e abandonará nosso Sistema Solar. Diversas possibilidades são analisadas pelo Comitê de Rama, criado temporariamente pela Organização Científica dos Planetas Unidos; a verdade é que estão todos mergulhados em incertezas, apesar da genialidade e dos cálculos dos estudiosos que o integram o Comitê. Para piorar, o tempo não é um aliado: Norton e sua equipe deverão deixar Rama antes que este esteja demasiado próximo do Sol...
Com enredo fascinante e detalhes que deixam a curiosidade em ponto de ebulição, Clarke tira o leitor de sua zona de conforto ao inseri-lo em um cenário extremamente desafiador para os sentidos. Um objeto cilíndrico com uma faixa de mar que se assemelha a um enorme anel, unindo-se no solo e no firmamento – embora mesmo a noção de céu e terra seja relativa ali. Escadarias sem fim e torres altíssimas e completamente herméticas encontram-se neste lugar metálico, aparentemente morto e talvez bem antigo, embora tudo tenha um aspecto novo ali dentro. E ainda, teria havido vida naquele lugar? Ou melhor, será que ainda há?
A parte mais eletrizante da leitura é, sem dúvida, descobrir Rama através das descrições do autor, concisas mas bastante ricas e visuais. Quase como assistir a um filme, Encontro com Rama nos oferece um universo diferente de tudo o que já vimos; esse objeto estranho que é Rama intriga e, ao mesmo tempo, convence em todas e cada uma de suas particularidades.
A título de curiosidade, o livro gerou uma trilogia de continuações, escrita por Clarke em parceria com Gentry Lee. No entanto, Encontro com Rama pode muito bem (e deve, na opinião de muitos) ser lido sozinho, independentemente de suas sequências.
Decidir se ficamos “apenas” com esta obra incrível, ou se deixamos o lado curioso falar mais alto e buscamos pelas continuações é tarefa difícil. O livro é genial em demasia e nos deixa, sim, sedentos por mais. Por outro lado, uma coisa é certa: o mistério de Rama já é perfeito assim mesmo, enquanto incógnita; preservá-la poderia significar manter intacto o encanto desse universo. #pensenisso
Leitura digna, Encontro com Rama é um livro para ser deliciosamente descoberto, curtido e saboreado em cada enigma, mesmo os mais indecifráveis.
LEIA PORQUE...
É impossível não avançar os capítulos com um apetite cada vez mais voraz. Recomendadíssimo!
DA EXPERIÊNCIA...
Ficção científica é um gênero com o qual tive pouquíssimo contato em minha vida de leitora. E aí me cai algo assim incrível em mãos. Quer saber? Minha incursão no gênero não poderia ter começado melhor!
FEZ PENSAR EM...
2001: Uma Odisseia no Espaço (o filme). Embora não seja fã de filmes com tema espacial, gostei deste (e gosto do Kubrick). Não nego que é consideravelmente cansativo – levei 3 dias para vê-lo inteiro –, mas devo admitir que é incrível.
site:
http://livrolab.blogspot.com