:: Sofia 01/07/2020Pensamentos em turbilhãoMayombe faz parte da lista de livros do vestibular que não prestei. Mayombe faz parte da lista de leituras que posterguei. Mayombe faz parte da lista de leituras mais gostosas da minha vida!
O livro, narrado em 3ª pessoa, tem a premissa de contar o dia a dia da revolução socialista da Angola, na década de 1960, de guerrilheiros do MPLA numa região sem muito apoio popular. Porém, o foco do livro não se teimou no conflito entre angolanos e portugueses colonizadores. Ele se susteve em narrar conflitos internos, por meio de debates e diálogos muito cativantes, que me propiciaram insights muito interessantes.
Falam sobre desejo, poder, métodos de se fazer revolução, socialismo, capitalismo, amor e sexo. A gente se impressiona com os discursos de Sem Medo, o personagem principal, de Teoria, do Comissário, de Ondina, do Das Operações, do Mundo Novo... Só personagens incríveis. O cenário do livro, o Mayombe, é um fundo vivo, gostoso e perigoso para a narração.
O único problema que eu poderia apontar na trama seria em relação às mulheres. Elas são pintadas apenas em cenários amorosos e como as responsáveis por conflitos entre homens, de forma machista. Entretanto, não me ofendi. Fica claro que o ponto de vista indicado é das personagens, que viviam sem ter contato com mulheres por meses e que são nascidos na Angola rural. O autor demonstra também uma evolução do pensamento daqueles personagens que estudaram na Europa, em países em que o movimento feminista já ganhava força.
Pepetela põe em evidência perspectivas que ignoramos nas aulas de História. Por mais que não seja um romance-reportagem, como Os Sertões, vale como experiência de aproximação da História de um país africano.
Marquei as páginas: 18; 19; 44; 74; 75; 83; 91; 113; 117; 154; 156; 191 e 213.