Diego Cardoso 05/06/2015Goonies Never Say DieOs Goonies nunca morrem! Impossível esquecer essa célebre frase de Mickey, dita à Andy, no clássico oitentista, dirigido por Steven Spielberg. Das telas para as páginas, chega pela editora Darkside, das mãos do escritor James Kahn, a adptação de Os Goonies, um filme que marcou toda uma geração, carente de uma aventura que falasse sua língua.
Adquiri esse livro na edição carioca de 2012 do YouPix. A editora havia montado um sombrio e belo stand no evento, uma recriação da Sala Vermelha, de Twin Peaks, clássica série de suspense dos anos 90.
Haviam duas edições disponíveis, a edição comum e uma limitada, de capa dura, ambas acompanhadas de um atrativo kit, contendo 4 bottons e uma camiseta, tudo dentro de uma estilosa bolsa feita de estopa. O preço foi salgado, mas garanto: valeu a pena. Sou fã de Os Goonies!
Você deve estar agora questionando: por que devo comprar um livro que é nada mais e nada menos que uma transcrição de um filme que eu conheço de cabo a rabo? Bom, isso é o que eu vou tentar demonstrar para você, nos próximos parágrafos
Para inicio de conversa, o design gráfico, realizado pela Retina 78, aplicado na capa da minha edição, já é de encher os olhos! A capa é feita em um papel especial, de alta gramatura, com a caveira e o nome impressos com detalhes brilhantes. Logo ao abrir o livro, você encontra impresso em todo o verso da capa o mapa do tesouro de Willy Caolho. Sensacional!
Hey, acalme-se, não precisa esbravejar. A Darkside não está oferecendo apenas um livro bonitinho e bem acabado (alias, que fique claro, minha edição é a comum e não a mega cabulosa edição em capa dura, com tiragem de apenas 1.000 exemplares numerados, já esgotada no mercado. Infelizmente meu bolso não comportava uma extravagância maior do que a que eu já tinha cometido!)
Louvável é a revisão textual do livro. Normalmente, o que esperamos de obras lançadas por editoras pequenas e pouco conhecidas é um trabalho apenas aceitável, com alguns problemas textuais, especialmente de concordância, uma troca de letras aqui e ali, um errinho de diagramação do texto na página… coisinhas do tipo. Mas, para minha surpresa, o trabalho apresentado pela Darkside é digno de uma grande editora. Eu, pessoalmente, não identifiquei nenhum desses erros clássicos. Parabéns para Retina Conteúdo, responsável por esta revisão!
Vou parar de babar pela arte e passar para o que interessa: o conteúdo!
Para os que não conhecem, Os Goonies conta a história de um grupo de amigos, da pequena cidade costeira de Astoria. Poderosos corretores de imóveis ameaçam ocupar o bairro de Goon Docks para transformá-lo num grande loteamento. É quando Mikey encontra um velho mapa de piratas e, junto com seus amigos, saem à procura do tesouro que poderá salvar suas casas. Só que não esperavam encontrar esqueletos armados de espada, uma passagem subterrânea cheia de armailhas e uma perigosa quadrilha de falsários, ansiosos por eliminar os Goonies. Mas o grupo fez um juramento de continuar unido, houvesse o que houvesse… E foi a sorte deles, porque ia começar o periodo mais incrível de suas vidas!
O livro, diferentemente do filme, é narrado na primeira pessoa, tendo como interlocutor o personagem Mikey Walsh. Por conta disso, o autor usou um artifício que funcionou muito bem para a trama: narrá-la no passado
“Portanto, esta é a história do que aconteceu naquele último longo dia do outono passado, o dia antes do nosso despejo. E eu sei que uma boa parte dessa história vai parecer difícil de engolir, mas juro por Deus que cada palavra é verdadeira” – Os Goonies, pág. 17.
Nessa passagem descobrimos que a trama se passa no passado. Com esse artifício, o autor garantiu a presença no livro das cenas mais importantes do filme em que Mikey não estava presente, como por exemplo a clássica cena em que Gordo é interrogado pela família Fratelli. “Mais tarde soube” e “Depois ele me contou” são as portas de entrada para esses memoráveis momentos!
Por ser uma adaptação, houveram acréscimos à história original de Spielberg. Algumas situações novas foram criadas, garantindo mais ação para determinados momentos da trama, que funcionam de forma genial, pois enquanto você está viajando na nostalgia e se depara com um elemento novo, um grande interesse é despertado, nos levando a querer saber saber qual o objetivo deste acréscimo, tornando a leitura mais emocionante. E são excelentes acréscimos, garanto!
Se você já viu o filme, certamente viajará nas 237 página do livro, relembrando as cenas enquanto lê. Se nunca viu o filme, certamente irá querer assisti-lo assim que que chegar à última página.
Para os saudosistas, o grande mérito deste livro é garantir a sensação da primeira vez em que você viu o filme. A nostalgia toma conta do leitor de uma forma arrebatadora. Precisei rever o filme imediatamente após a leitura e, bem, preciso encerrar essa resenha agora, pois só pelo fato de escrever sobre esse incrível livro, sinto que preciso assistir novamente Os Goonies!
Embarque nessa aventura também, mas não esqueça de fazer seu juramento:
“Eu jamais trairei meus amigos das Docas Goon,
Juntos ficaremos até o mundo inteiro acabar,
No céu e no inferno e na guerra nuclear
Grudados feito piche, como bons amigos iremos ficar,
No campo ou na cidade, na floresta, onde for,
Eu me declaro um companheiro Goony
Pra sempre, sem temor.”
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