Veneella 12/09/2013Como pode um livro tão simples ser tão avassaladoramente apaixonante? De maneira leve, realista e extremamente tocante, Laurie nos faz pensar sobre o amor e a morte, a dor e a superação, as alegrias e as consequências de amar alguém.
Tenho de dizer que às vezes eu me apaixono pelo livro antes de ler, mesmo sabendo as consequências terríveis que isso pode gerar - afinal, quem nunca teve expectativas altas demais e se decepcionou por causa disso? Mas com Adeus, por Enquanto não teve jeito. Tudo no livro gritava me ame até eu me render, comprá-lo e, de fato, me apaixonar por cada página dele.
Sam cria um programa para que sua namorada, Meredith, não sinta tanta saudade da avó. Para isso, o programa usa como base todos os emails e conversas em vídeo que as duas tiveram e recria a avó de Merde -apelidinho carinhoso inventado por Sam- a partir desses dados. A ideia funciona tão bem que os dois, mais o primo de Merde, Dash, resolvem abrir uma empresa para atender as pessoas que não conseguem superar suas perdas e, assim, dar à elas mais algum tempo com seus entes queridos.
"Não acredito que você nunca a conheceu. Não acredito que você nunca vai conhecê-la."
"Vou conhecê-la mesmo assim."
"Como?"
"Vivendo na casa dela", disse Sam. "Amando a neta dela."
pág. 42
Os personagens de Laurie conseguem fugir dos padroes sem soar forçado, sendo tão reais, carismáticos e excêntricos, que tudo o que você quer é entrar no livro e ser amigo deles. Sam é uma fofura, bem humorado sem perder aquela característica nerdizinha que eu nós tanto amamos, e Meredith foi uma das personagens femininas mais realistas que tive a oportunidade de encontrar, divertida, sem frescuras e, ainda assim, com aquele toque de compreensão e cuidado que toda mulher tem. Mas definitivamente, o personagem mais excêntrico do livro é Dash - e também o mais divertido. A forma descontraída e única do personagem consegue manter o clima leve do livro, mesmo lidando com tanto luto.
O livro é lindo, mas também trouxe alguns pontos muito inteligentes que me chamaram atenção durante a leitura. A quantidade de interações virtuais entre o usuário do programa de Sam e o falecido era muito importante, já que o programa inteiro vai se basear nelas -quantos mais interações, mais real parece. Porém, em determinado momento do livro, somos questionados quanto a toda essa interação virtual, se estamos mesmo nos socializando e integrando, ou apenas nos afastando mais.
"(...) Todo mundo passa mais tempo no Facebook do que com pessoas, mais tempo clicando em perfis do que saindo, mais tempo jogando tênis no videogame do que tênis de verdade, e tocando guitarra no videogame do que guitarra de verdade. As redes sociais não são tão sociais assim. Na verdade, é isolamento. Na verdade, é ficar sozinho. (...)"
pág. 281
Toda essa reflexão, mais a escrita leve e fácil de Frankel, me deixaram grudada no livro até o fim. Até me debulhar em lágrimas por todo o realismo e beleza com que a autora construiu essa história maravilhosa. Até eu estar tão cheia de compaixão que tive de, realmente, sair e abraçar alguém.
Adeus, por Enquanto é um livro que vai tratar de superação de uma maneira que você nunca viu igual. Porque amar alguém tem seus riscos, mas também é capaz de proporcionar os melhores momentos da vida. E, enquanto não tivermos o programa de Sam, esses momentos são tudo que temos, depois não tem volta.
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