Flavio Assunção 06/07/2010Billy Wiles é um homem de poucas palavras. Pacato e trabalhador, leva uma vida tranquila e comum como barman na pequena cidade de Napa. Mas a tranquilidade de sua vida é posta em cheque a partir do momento em que encontra um bilhete no para-brisas de seu carro, que dizia: "Se você não levar este bilhete a polícia nem envolvê-la, vou matar uma linda professora loura em algum lugar no condado de Napa. Se levar este bilhete à polícia, matarei uma idosa que faz obras de caridade. Você tem seis horas para decidir. A escolha é sua".
Billy não dá muita atenção ao bilhete e no dia seguinte vê a notícia de uma loura assassinada da forma como havia sido descrito no bilhete. Mal sabia Billy que o jogo apenas havia começado. Antes de resolver a questão do primeiro bilhete, um outro lhe é enviado, com mais vidas em suas mãos. Billy Barman então corre contra o tempo para descobrir o assassino antes que mais pessoas se machuquem. Obrigado a deixar de lado sua vida pacata, adentra em um jogo de gato e rato que poderá render sua própria vida.
Em "Velocidade", Dean Koontz contrói mais uma obra instigante e de tirar o fôlego. Como o próprio nome já diz, é velocidade pura. Ao final de cada capítulo existe uma surpresa e a cada surpresa uma vontade de engolir as páginas seguintes para descobrir o que vai acontecer.
Um fator interessante é que "Velocidade" talvez seja um dos livros mais curtos do autor, sem quaisquer descrições desnecessárias, sem enchimento de palha ou mesmo informações inúteis. É um livro direto, enxuto, onde o foco é a trama, a ação e a tensão por qual passa o personagem central. E, claro, isso contribui para a sensação de velocidade.
Este livro em absoluto, deixa claro ainda mais a relação que Koontz tem com Dickens, traduzindo cenários e emoções como ninguém, onde até mesmo a descrição de um assassinato pode ser belo, até mesmo a violência pode ser poética. É difícil explicar, mas quem é acostumado a ler coisas do autor sabe que até mesmo a morte tem seu glamour.
E esse é Koontz. Um autor que consegue aliar poesia e amor com horror, o que pode ser percebido em clássicos como "Intrusos", "Lágrimas do Dragão" e muitos outros. Isso apenas o coloca como um dos mestres da literatura contemporânea do suspense e terror e que, infelizmente, não possui o devido reconhecimento por aqui. Então, não tenha dúvidas em ler "Velocidade", que deve agradar a todos que gostam de um bom thriller, com pitadas de poesia e, claro, muito suspense.