Delírios e Livros 07/12/2015
No Escuro narra a estória de Catherine (Cathy), uma mulher que tenta se recuperar após sofrer nas mãos de um namorado violento. O livro intercala dois tempos distintos na estória, um no passado e outro no presente, ambos narrado pela protagonista. Esses diferentes tempos nos permitem notar a diferença na personalidade da personagem. Os fragmentos do passado nos mostram uma garota inglesa com vinte e poucos anos que gosta de festas e boates, que ama sair com suas amigas e ter relacionamentos de uma noite só. A Cathy do presente é completamente diferente, é uma pessoa um pouco mais velha que apresenta transtornos psicológicos, como por exemplo TOC. Por sinal o TOC é o grande destaque da nova personalidade de Cathy, ela está sempre verificando. Verificando se as portas estão fechadas corretamente, se as cortinas estão na posição certa, se os talheres estão nos seus devidos lugares na gaveta, etc. Toda essa obsessão dela com esses detalhes está relacionada ao seu passado, ao abuso que sofreu. O interessante desse livro é que ao manter essa narrativa ela envolve a estória em mistério. Você fica se perguntando o que terá acontecido ao mesmo tempo que deseja saber o que vai acontecer agora.
Meus finais de semana são uma curiosa combinação de relaxamento e estresse. Alguns são bons; outros, nem tanto. Algumas datas são boas. Só posso sair para comprar comida em dias pares. Se o dia 13 cair num fim de semana, não posso fazer nada. Nos dias ímpares posso fazer ginástica, mas só se estiver nublado ou chovendo, não quando fizer sol. Em dias ímpares não posso cozinhar nada, como apenas alimentos frios ou requentados.
Voltando ao passado, a vida de Cathy começa a mudar quando ela conhece um homem lindo e sedutor, Lee. Pouco tempo depois ela começa a namorá-lo e tudo parece perfeito, todas as suas amigas não cansam de dizer a sorte que ela teve ao conhecer o Lee e como elas estão morrendo de inveja dela. No princípio ela pensa o mesmo que suas amigas, que Lee é o homem perfeito. Porém aos poucos essa realidade começa a mudar. Lee possui muitos mistérios que não revela para ela e as vezes se parece com uma pessoa completamente diferente daquela que todas as suas amigas conhecem. E isso também é um problema, como dizer para as suas amigas que nem tudo é perfeito se Lee é o perfeito cavalheiro na frente de todas?
Já no presente, Cathy tem outras preocupações. Ela precisa de alguma forma manter uma vida funcional em meio a suas verificações. Mas a chegada de um novo vizinho, Stuart, pode trazer mais emoções para sua vida tão cheia de verificações e regras. Mas será que ela se permitirá entrar em contato com esse novo vizinho? Afinal ela não gosta de estranhos e tem coisas mais importantes com que se preocupar. Ele precisa verificar, pois as verificações são a única coisa que a mantém segura, mas…. segura de que ou de quem?
Eu gostei do livro, dei 4 estrelas. Na minha opinião o livro poderia ter um ritmo um pouco mais rápido. Mas a autora optou por contar a estória corretamente, todo o processo que levou Cathy até aquele ponto. De certa forma isso foi bom porque deu destaque a mudança na personalidade de Cathy, você consegue sentir essa mudança, como se fossem duas pessoas completamente diferentes. Eu sofri de alguns ataques de ódio lendo o livro, pois não consigo compreender as amigas da Cathy, de forma alguma, francamente! E por incrível que parece, foi mais fácil compreender as reações da Cathy, talvez devido a própria autora e a forma que ela conduz a estória.
O livro aparentemente desencadeou uma crise de TOC em algumas amigas minhas (não é, Dani?), mas não sofri do mesmo problema porque já confiro se a porta está fechada várias vezes.
No Escuro é um bom thriller, porém nessa estória o que importa não é descobrir quem é o assassino, o que você vai passar o livro tentando descobrir é se a Cathy está certa ou não em verificar.
O livro foi publicado no Brasil pela editora Intrínseca, que mais uma vez arrasou. O que mais gosto nos livros que ela publica é que eles simplesmente não cansam os olhos, são perfeitos para qualquer um que mergulhe nos livros e esquece das horas. O papel, o tamanho da fonte, o espaçamento, é tudo perfeito! A capa é super maneira porque passa a sensação de alguém surpreendido, de alguém com medo. Isso sem falar no detalhe das chaves e da cama atrás do livro.
Sempre achei que mulheres que continuavam levando adiante um relacionamento violento e abusivo só podiam ser umas idiotas. Afinal, em algum momento elas deveriam ter percebido que as coisas tinham saído errado e que, de repente, haviam passado a sentir medo do parceiro – e, sem dúvida, era este o momento de terminar a relação. Deixá-lo sem pensar duas vezes, foi o que sempre pensei. Que motivo elas teriam para continuar? E eu já vira mulheres na te;evisão ou em revistas dizendo coisas como “Não é tão simples assim”, e eu sempre pensava, claro que é, é simples, sim – apenas vá embora, afaste-se dele.
Resenha de Patrícia Paiva
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