Lê Golz 29/11/2015Perturbador!No escuro é uma publicação da Editora Intrínseca, e estava há algum tempo na minha lista de desejados. Foi uma leitura completamente diferente do que eu imaginava, pois a primeira sinopse que li, não é a mesma do Skoob, então achei que o livro me daria medo, o que não foi o caso. Elizabeth Haynes, acertou em cheio em sua primeira obra, perturbando todos os sentidos do leitor.
Eu diria que essa sinopse revela muita coisa, portanto não há nada a esconder - a nossa protagonista sofre abusos de seu namorado Lee. Mas a descrição não revela a intensidade que seria a escrita da autora. A cada capítulo, que se intercala entre o passado e o presente de Cathy, foi praticamente impossível eu me livrar da agonia que sentia com o comportamento dela, e sua obsessão pelas trancas das portas de seu apartamento.
Bem lentamente vamos conhecendo a personalidade de Cathy, da mulher que ela era no passado, como conheceu Lee e sua mudança de comportamento, com isso a narrativa em primeira pessoa foi essencial para entendermos o porquê ela tinha TOC, e como ela se sentia extremamente ferida. Ao mesmo tempo, vamos acompanhar Lee, como ele passou de um homem lindo e atencioso para um psicopata inteligente, que brincava com a maior facilidade com a mente e corpo de Cathy.
Ao mesmo tempo que era tão torturante ler os abusos que a personagem sofria, eu não queria mais largar o livro. As coisas vão tomando um rumo tão poderoso, que devorei as páginas. Me peguei refletindo, assim como Cathy fez em sua narrativa, em casos de mulheres que vemos na televisão, que sofrem abusos. Sempre me pergunto, o porquê elas simplesmente não largam seus companheiros e os denunciam. Mas não, não é tão simples assim. Nunca mais verei esse assunto com os mesmos olhos depois da leitura de No escuro.
Aos que podem estar com medo de uma narrativa pesada, de algo aterrorizador, não tenho como negar que o livro é extremamente perturbador, e mexeu com meu psicológico (enquanto eu estava lendo, toda noite quando eu fechava minha casa para dormir, eu pensava em Cathy. Sério!). Porém, não acho que tenha motivos para ter medo desse livro, pois ele é simplesmente uma história que, apesar de fictícia, é algo totalmente convincente e que realmente acontece todos os dias. Além disso, o relato de como a personagem tenta se recuperar, vale muito a pena.
Quanto a parte física, é super confortável com uma diagramação simples, folhas amareladas, e letras um pouco pequenas, mas não atrapalhou a leitura. Notei dois ou três erros de revisão, mas não me incomodou. A capa está em perfeita sintonia com a obra.
"Eu sabia que estava trancada, mas precisava verificar mesmo assim. Enquanto conferia, uma-duas-três-quatro-cindo-seis vezes, eu dizia a mim mesmo que estava trancada. Eu tranquei ontem à noite. Lembro-me de ter trancado. E depois verificado. Por horas e horas. Ainda assim, podia não estar trancada, talvez eu tivesse me enganado. E se eu a tivesse aberto sem me dar conta? E se eu não tivesse feito as verificações direito, se tivesse distraída?" (p. 156)
Super indico esse livro. Tenho certeza que vai mudar a visão de muitas pessoas em relação a violência doméstica, e abrir os olhos para muitas outras coisas como, por exemplo, a total confiança que não se deve ter com um homem que você acabou de conhecer.
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http://livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br/2015/10/resenha-no-escuro.html