Luana 13/11/2022
Necessário
Quando você ouve a palavra psicopatia, qual a primeira coisa que muito rapidamente vem à cabeça? Alguém com cara de mau, meio esquisito, com desvios comportamentais muito facilmente perceptíveis e com “jeito” de assassino, como se tivesse escrito na testa: “sou um psicopata". Se esse é o retrato que você faz, tome muito cuidado porque você pode estar redondamente enganado(a). Ao contrário do que se possa imaginar, reconhecer uma pessoa desequilibrada nesse nível, com toda a sua insanidade, não é uma tarefa muito fácil.
O psicopata pode ter várias caras. Ele pode estar ao nosso lado no trabalho, na escola, na faculdade, entre os vizinhos e inclusive na própria família. Ou seja, ele pode estar em qualquer lugar e ser qualquer pessoa. Geralmente, o psicopata é aquele que está acima de qualquer suspeita porque parece ser do bem, é educado, inteligente e cativa a todos que estão ao seu redor. Mas ele engana e representa sempre muito bem. Porque a verdade é que tudo isso é um grande disfarce para esconder como ele realmente é.
No livro “Mentes perigosas”, a dra. Ana Beatriz Barbosa Silva revela esse sombrio transtorno de personalidade que acomete cerca de 4% da população mundial. A autora se preocupa em mostrar ao leitor como pode se previnir contra as perversidades de uma mente psicopata. A dra. usa como exemplo, o estudo sobre um dos casos mais conhecidos de psicopatia do mundo: o do serial killer norte-americano Ted Bundy, que inspirou o livro e também filme “O silêncio dos inocentes”. Ela inclui ainda análises sobre outros eventos que aconteceram no Brasil, que tiveram grande repercussão. Como os casos da pequena Isabella Nardoni e de Eloá Cristina Pimentel que, segundo a autora, foram vítimas do mal que habita entre nós.
O livro fala sobre pessoas frias, manipuladoras, super transgressoras nas redes socais, desprovidas de emoções, sentimentos de compaixão ou culpa, que estão soltas por aí, misturadas com a população, inseridas em todos os lugares. Independente de gênero, credo, raça ou classe social, eles estudam, trabalham, fazem carreira e seguem a vida fingindo e jurando que são pessoas do bem. Infelizmente, pode levar muito tempo até serem descobertas ou diagnosticadas, justamente por sustentarem um comportamento acima de qualquer suspeita. A autora explica que existem alguns casos extremos e isolados de psicopatas que matam. Mas a grande parte prefere viver uma vida mais pacata, sem chamar muita atenção, seduzindo, mentindo, fazendo as coisas para seu benefício próprio, sempre.
A médica conversa com seus leitores de igual para igual, com o firme propósito de que possamos entender as condutas dos psicopatas. É também uma forma de reflexão sobre a sociedade que nós estamos ajudando a construir. Em poucas páginas de leitura, a escrita é bastante clara e objetiva, acessível e muito dinâmica. A autora revela aos leitores, através de casos da vida real, tudo o que muitas vezes sentimos na convivência diária com as pessoas que nos cercam, mas que aceitamos pela nossa formação moral e cultural. Quando a leitura termina, deixa um gostinho de quero mais. É super recomendada para todos aqueles que têm interesse em conhecer um pouco mais da mente humana.