Psychobooks 03/07/2013
Classificado com 4,5 estrelas
Esse é o terceiro livro da autora que leio, os dois primeiros foram A Guardiã da minha irmã e Menina de vidro, ambos me deixaram encantada com a escrita da autora. Quando a Verus anunciou que lançaria mais um livro da Jodi Picoult, mal pude conter minha alegria.
- Enredo
Quando você abre o livro e a primeira frase que lê é:
Quando você ler isto, espero que eu já tenha morrido.
Você sabe que o livro será forte e emocionante.
A cidadezinha de Sterling sempre foi pacata, um ótimo lugar para se morar, com baixa taxa de violência, todos os moradores se conhecem, até que um ato de violência na escola abala as estruturas de toda cidade.
Ao saber da confusão na escola, o detetive Patrick, corre para o local na tentativa de minimizar os danos, ao seguir a trilha de sangue e desespero deixado pelo atirador, ele o encontra no chão do vestiário, com a arma na mão, mas acaba se entregando sem resistência.
Josie Cormier, foi encontrada em uma poça de sangue, ao lado do seu namorado Matt Royston, aparentemente morta até soltar um suspiro e Peter a carregar para fora daquele cenário caótico e a deixar aos cuidados dos paramédicos. Aparentemente, ela é a única que viu o atirador e sobreviveu, porém, não se lembra de nada desde o momento que acordou naquele dia. Peter Houghton é o responsável pelo massacre, um garoto que sofria bulling e foi o melhor amigo de Josie quando eram crianças.
- Narrativa
A escrita da Jodi Picoult é impactante e fluida. A forma como ela cria seu enredo, com uma variedade de temas polêmicos e desenvolve seus personagens, ambientação e amarra todas as pontas e assuntos levantados, faz com que o leitor fique preso ao livro e só queira deixá-lo após chegar ao fim.
Outro ponto positivo é o ponto de vista de diversos personagens ao longo do livro, feito com maestria, permite que o leitor entre na cabeça de cada personagem envolvido na história, sinta sua dor e frustração. Além da narrativa dividida por dias, do presente e do passado, também tem trechos de uma carta, que só descobriremos o autor dela no final do livro.
Eu já li outros dois livros (A Lista Negra e Precisamos Falar sobre o Kevin), onde o assunto principal - massacre na escola -, foi abordado. Um era sob o ponto de vista da namorada do atirador e o outro da mãe do atirador. Em dezenove minutos, os pontos de vista são tão variados - atirador, mãe e pai do atirador, vítimas, detetive, professor, advogado, entre outros -, que é impossível o leitor pensar em ficar 'do lado' de qualquer um.
- Personagens
Todos os personagens são tridimensionais, poderiam sair do papel e serem seus vizinhos, amigos, professores. A construção é completa, tanto física quanto psicologicamente.
Peter sempre foi um garoto sensível, cresceu à sombra do irmão mais velho e começou a sofrer bulling no primeiro dia de escola, ao ir para o maternal. Por ser pequeno e tímido, nunca conseguiu revidar, sempre que tentava pedir ajuda, a situação só piorava e sua única amiga era a Josie. Inteligente, ele passa os dias no computador, cria seus próprios jogos (violentos) e se afasta da família cada vez mais.
Quando criança, Josie era amiga de Peter, a única que o defendia e não ligava para o que as pessoas pensassem dos dois. Mas, conforme o tempo foi passando, alguma coisa aconteceu e hoje os dois não são mais amigos. Josie faz parte do grupo dos 'populares' e namora Matt, o garoto que mais pratica bulling na escola.
Alex - mãe da Josie -, lutou muito para chegar ao cargo de juíza e sua vida não foi nada fácil, ser mãe solteira e uma defensora pública exigiu alguns sacrifícios na sua vida familiar. Lacy, é a melhor parteira da região, conheceu Alex quando ela estava grávida, fez seu parto e se tornaram amigas. Depois de um episódio na casa da Lacy, elas deixaram de se encontrar com frequência, bem como seus filhos.
- Concluindo
A leitura não foi tão triste quanto eu esperava, mas foi muito mais impactante do que eu pensei que seria. Depois da leitura, passei dias e dias pensando se eu compreendia o que Peter fez ou não. Algumas passagens são realmente tristes, pensar que uma criança sofreu aquele tipo de 'brincadeira' idiota e que isso pode realmente estar acontecendo com alguém em algum lugar. Veja bem, eu não disse que concordo, apenas que posso entender a razão dessa atitude e isso não a torna justificável. Algumas escolas criaram uma política de tolerância zero para o bulling, mas a maioria fecham os olhos, olham para o outro lado e fingem que tudo não passa de uma 'brincadeira' entre crianças/adolescentes. E quando algum episódio é reportado para os responsáveis, qual a melhor atitude a se tomar para não 'agravar' a situação?
O final não foi muito surpreendente, eu já desconfiava de que alguma coisa do tipo aconteceria (por isso perdeu meia estrela), mas foi um final digno, uma evolução natural por tudo o que já tinha sido escrito.
Mais uma vez, a Jodi Picoult arrasou e a leitura é mais do que recomendada para os amantes de uma boa história contemporânea.
(...) Talvez a dor fosse o preço que todo mundo pagava pelo amor. (...)
Página 273
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