Moonlight Books 15/06/2013
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Histórias de príncipes e princesas sempre me atraem, gosto muito de livros que tragam isso em seu enredo, afinal sou fã de carteirinha de contos de fadas. É tão gostoso encontrar este tema em um romance maduro, sendo de época ou não, é algo que me fascina.
Ana foi criada pela mãe, sempre acreditou que o pai fugiu da responsabilidade da paternidade e as abandonou, porém houve um dia, que ao acessar seu perfil no Facebook, ela encontrou a mensagem de um desconhecido dizendo achar ser seu pai, Ana ficou extremamente surpresa. A moça não relutou em marcar um encontro, descobrindo então que a mãe mentiu e o pai nem sabia de seu nascimento, para completar, Ana fica sabendo que o pai, Andrej, é um rei, e disposto a recuperar o tempo perdido deseja que Ana vá com ele para seu país conhecer suas raízes e também desenvolver um relacionamento pai e filha. Ana no início teme esta mudança, mas com apoio da família e amigos, resolve arriscar, ela deixa o Brasil rumo à Krósvia, disposta não só a aproximar-se do pai, mas também saber se um dia irá querer assumir o trono. Chegando lá tudo teria sido perfeito, mas o enteado do pai, Alex, não parece querer facilitar a vida de Ana, ele demonstra odiá -la, ao passo que Ana sente por ele uma forte atração.
A premissa é esta, a garota simples, que descobriu ser uma princesa e parte rumo à uma vida que conhecia somente nos contos de fada, mas que agora é sua realidade. Não é um tema inovador, existem livros e filmes que já trouxeram história semelhante, mas aqui temos a diferença de que Ana é brasileira, então fica mais fácil entender o choque cultural quando ela compara sua nova vida com a anterior, já que é semelhante a nossa. Ela estranha a comida, os comportamentos e tradições e dá para se colocar no lugar dela, isso é interessante, pois nos aproxima bastante da história.
Marina Carvalho criou um belo cenário para sua trama, mágico e encantador, o melhor ponto do livro, eu conseguia ver claramente a Krósvia, as paisagens deslumbrantes, as construções antigas e luxuosas. As lendas locais são muito atrativas, tal como a da Caverna do Pirata e da Ilha de Catarina.
A narrativa é em primeira pessoa, e eu particularmente não curto, pois como sempre digo, não gosto de ficar presa em devaneios de um personagem, no entanto, existem casos em que ou a narrativa é alternada, ou o narrador não evidencia tanto a si mesmo, porém Ana não é assim, ela ressalta demais suas qualidades, afirma todo o tempo que é muito madura, viaja em seus pensamentos e nos prende muito nas situações. Ana quer que as pessoas acreditem que ela é legal, por isso concorda muito facilmente com os outros e nunca impõe sua vontade, senti falta de uma protagonista de atitude, com pensamentos mais densos. Ana é superficial e suas tentativas de ser engraçada não convencem.
Ana sente uma forte atração pelo enteado do pai, e mesmo ele mostrando não gostar dela, a garota não consegue controlar os sentimentos. Tudo bem até aí, mas a cada aparição de Alex ficar descrevendo seus músculos, seus olhos, seu corpo no geral não dá gente, eu entendi da primeira vez que ele era lindo de morrer, então não precisava falar tanto, achei isso tão exagerado que não acreditei que Ana o amasse, parecia mais uma garota com os hormônios descontrolados. O relacionamento dos dois demora para engrenar, até porque ele tinha uma namorada, e durante todo o tempo achei as reações dele em relação à Ana mais uma fantasia dela, do que o que Alex sentia. Quando algo ocorre, é num piscar de olhos, e me fez acreditar mesmo que era só atração.
Se teve uma personagem que foi verdadeira, foi a namorada de Alex, Laika, a moça era bem arrogante, mas não tentava ser o que não era; Ana quer nos fazer odiar Laika todo o tempo, faz umas brincadeiras bem infantis como o nome da rival e tudo mais, no entanto eu acho que ela não devia doçura nenhuma à Ana, pois estava na cara que a outra queria seu namorado, e quem em sã consciência vai entregar o homem que ama?
Em relação aos demais personagens nós vemos o que Ana conta, no geral são pessoas legais, mas senti falta de conhecer melhor Andrej, que depois que leva a filha para Krósvia, aparece muito pouco e a relação pai e filha que poderia ser mais aprofundada foi deixada de lado.
Nas últimas 50 páginas Ana muda um pouco seu jeito, e realmente desejei que ela tivesse sido assim durante toda a história, não digo nem pela questão de amadurecer, mas no quesito humildade e objetividade.
Mesmo tendo tido esta falta de conexão com a protagonista, a história é simpática e leve, dá para ler em um dia e distrair o leitor que não procure algo mais denso, algumas partes poderiam ter sido menos descritivas, como exemplo o preparo da feijoada, que nos passa a receita completa do prato, ou menos clichês, como o foco na imagem das brasileiras e do Carnaval serem escandalosos, mesmo que seja uma imagem que estrangeiros tenham do Brasil, achei desnecessário ressaltar isso.
O final é conclusivo, com uma construção interessante, que engana o leitor, traz uma surpresinha de presente. Enfim, o livro não foi o que esperei, mas dou o devido mérito ao cenário criado e a premissa princesa-verde-amarelo, isso foi legal. Desejo ler outros livros da autora, ela tem potencial e quero encontrar em seus livros uma protagonista mais ousada e forte. Simplesmente Ana pode agradar você, vi que muitas pessoas curtiram muito e por isso recomendo que leia e tire suas próprias conclusões.