de Paula 17/10/2020
Tiny Dancer
Essa é a minha segunda experiência com o livro e quero dizer o quanto aprecio Tiny Cooper. Não sei se não prestei tanta atenção na primeira vez, ou se não tinha a mesma cabeça de hoje para apreciar essa obra tão magnífica, que não se trata de um romance romântico, mas sobre amor, na sua forma mais pura e verdadeira.
Confesso que a leitura se deu por motivos de João Verde, afinal, já li todas suas obras publicadas no Brasil. No entanto, o que mais me encantou é a profundidade dada pelo David Levithan ao seu Will Grayson. Como é de se esperar, se trata de adolescentes enfrentando as mudanças da vida e como lidar com elas. De modo geral, acho que eles acertaram em cheio muitas coisas. Existem alguns problemas, que em 2014 não eram tão latentes quanto hoje, o que é muito bom, pois desperta a criticidade do leitor. Não gostei do reforço dado o tempo todo a aparência do Tiny, nem da leviandade com a pseudo assexualidade do Will (existem jovens que não se entendem completamente e podem achar que assexualidade é vergonha de contar a alguém que está apaixonado), e também não acho que a depressão do Will tem a importância necessária dentro da responsabilidade social que se tem ao publicar uma obra. Exceto esses pontos, adoro o livro e se tiver um filme, POR FAVOR UTILIZEM A TRILHA SONORA DO LIVROOOOO!!!
O personagem principal é o Tiny, e isso acontece porque ele é absolutamente fabuloso, abnegado, um amigo incrível, um namorado dedicado, uma pessoa inspiradora. Ele é muito humano, e por consequência, cheio de falhas. A grande beleza de sua história é que mesmo sendo coadjuvante das vidas dos Wills, ele consegue, por ser ele mesmo, todos os holofotes. Fora que fazer tudo dentro de um musical é coisa de gênio!
Gosto sobre como o amor é retratado. A verdade pode não ser fácil, mas é melhor lidar com ela de frente. As pessoas devem ficar com as quais não tenham problema de dividir a vida, que não tenham vergonha por nenhum aspecto físico, emocional ou psicológico. Que entendam que o seu papel na vida de alguém não pode ser um peso, ou que você não é um super-herói para salvar alguém do que quer que seja. A gente pode escolher o que é melhor para si mesmo, sem que isso signifique que há algo de errado com outra pessoa. Que podemos não colocar o dedo no nariz do amigo, mas estar disposto a fazer se necessário. Que os pais poderão te amar, mesmo que seus planos sejam frustrados. Amar é entender que os seus problemas, por mais complexos que sejam, não podem ofuscar a dor do outro, mesmo que a Olimpíada de problemas seja sedutora. Amar é tudo isso e estar pronto para levantar, sempre que cair.
Tudo isso se aplica a todos os momentos? As dores simplesmente não existem? Claro que não! Mas, deve ser um alívio saber que em meio ao ciclo: tentativa-erro, é possível encontrar A Coisa, e ela pode muito bem ser você mesmo.